De volta a Vitória, o apresentador Serginho Groisman comanda o bate-papo “Carreira e Profissões” nesta quarta-feira (9) durante o EducarES, evento que reúne o Encontro de Pais e Mestres e Arena Profissões, promovido pela Rede Gazeta.
Para ele, que lida com jovens diretamente no dia a dia, sucesso profissional é quando o prazer está ligado à vocação e também à competência.O apresentador ainda lembra que o mercado, hoje, pede um perfil multidisciplinar, já que todas as profissões exigem que você tenha conhecimentos abrangentes.
Nesta entrevista, Serginho fala sobre o que considera como carreira bem-sucedida, habilidades que o mundo do trabalho requer atualmente e ainda faz uma reflexão sobre como as escolas precisam se adaptar para formar os cidadãos do futuro.
O que considera sucesso profissional?
Para mim, sucesso profissional tem a ver com a ligação de prazer e competência. As pessoas precisam procurar o prazer junto a vocação. Não adianta um trabalho que você acha que vai ser só bem remunerado sem os pilares como prazer ou competência. A pessoa pode até ir bem no trabalho, mas talvez não seja aquilo que ela tem como desejo. Sucesso é quando você tem essas duas coisas funcionando. É claro que todo mundo pensa numa remuneração justa e isso é importante. Mas isso só vai ser alavancado com o seu prazer e sua competência.
Como identificar o que move a vida de cada um, ou seja, a sua vocação? E como transformá-la em profissão?
Existem pessoas que têm isso muito claro, outras não. Eu mesmo fiz três faculdades. Comecei Direito na PUC de São Paulo e depois de um ano larguei. Fiz um ano e meio de História na USP e larguei. E terminei fazendo Jornalismo na Faap de São Paulo. Eu não tive pressa. As pessoas hoje têm muita pressa. Eu tive a possibilidade de ir e a vontade de voltar atrás quando eu descobri que os cursos não eram aquilo que eu esperava.
Quais habilidades o mundo do trabalho requer hoje de quem vai ingressar no mercado?
O profissional hoje tem que ser multidisciplinar. Todas as profissões exigem que você tenha um conhecimento mais amplo. Você não se especializa em alguma área e pronto. Você sempre vai ter que ler e se conectar com outros fatores que levam para sua área de especialização. Os meios que a gente adquire a informação hoje mudaram muito com a internet e a escola está tendo que se adaptar a isso.
É possível pensar hoje em uma profissão para toda a vida, como anos atrás fazíamos, ou é necessário se preparar para desenvolver várias atividades?
Sim e não. Quer dizer, a pessoa tem que ter um foco principal. O que não é obrigatório é deixar de lado outras possibilidades. Se você tem outra habilidade, nada impossibilita que você tenha também outra atividade, mas o que não pode é diluir o seu foco. Senão você não vai conseguir dar atenção, porque cada profissão exige estudo constante.
Quando saber que está na hora de mudar de carreira e quais são os passos para as pessoas trilharem esse caminho com segurança?
Isso é um pouco individual. Antes, a gente tinha aqueles testes vocacionais, mas isso é um retrato do momento. Eu mesmo, a partir de uma escola onde tinha um teatro, onde tinha mais possibilidade, a minha vida se transformou, sabe? Um ano antes eu tinha um retrato da realidade e um ano depois tinha outro.
É claro que você tem que procurar o que interessa mais, leitura ou questão técnica, por exemplo. Você consegue entender, principalmente quando se está no ensino médio, aquilo que te interessa mais na vida. Se tem uma coisa que você se dedica muito, talvez ali tenha um caminho profissional.
E, às vezes, aquele profissional já tem alguma carreira, mas está infeliz e quer mudar, precisa saber qual é o momento. Uma vez eu estava num debate de pais e filhos. Uma menina falou que era ótima bailarina, mas seu pai tinha um escritório de advocacia e já tinha prometido que ela ia ter uma posição. Era muito claro que perdemos uma ótima bailarina. Se já tenho uma colocação, então eu vou lá porque meu futuro vai ser assim, vou casar, ter filho, preciso ter dinheiro.
Nesse caso, vamos ter uma advogada mediana que seria uma bailarina espetacular e poderia ganhar muito mais dinheiro. Acho que as pessoas sempre precisam pensar na felicidade delas.
Hoje, temos uma escola em transformação e as crianças que estão nela podem ser apresentadas, no futuro, a profissões que ainda nem existem. Como prepará-las para esse momento?
Acho mesmo que a escola precisa repensar essa questão das profissões e de uma atualização em relação aos mecanismos. Não é derrubar tudo e começar do zero. O que precisa é incorporar o professor nesse processo, que tem papel muito grande. O aluno precisa valorizar a escola e ela precisa dar condições ao aluno.
Quando a escola dá condições, o aluno tem muito prazer em ir para aula e começa a ter certeza de que esse é o lugar dele. E passa a cuidar melhor desse espaço. A gente ainda tem uma defasagem muito grande entre a escola particular e a pública, com exceções maravilhosas, mas ainda é um terreno em discussão.
A escola pública ainda é mais desprivilegiada. Temos discussões sobre materiais e internet, mas para muitos, a escola é um lugar onde as pessoas ainda vão comer. É uma desvantagem muito grande.
Em que áreas a rede pública de ensino precisa avançar para oferecer melhores oportunidades a seus alunos e dar a eles condições de competir nesse mercado?
A rede pública tem um problema que é a capacitação e a remuneração ao professor e o investimento na escola e no lazer. Passar pela escola pública é sempre sinal de superação. Outro dia mesmo no Altas Horas a gente estava conversando sobre quem fez escola pública. E quem fez tem muito orgulho de ter vencido. E realmente tem sentido, mas é uma pena, não é? É claro que você pode modificar isso, existem instrumentos a serem modificados. O que precisa é ter vontade política para que isso aconteça.
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