Vivemos conectados, trabalhamos e estudamos de forma on-line, somos impactados pelas novas tecnologias, redes sociais e plataformas diversas de entretenimento, desde a maternidade, passando pela jornada escolar e entrando no mundo do trabalho.
Se por um lado temos os benefícios de um mundo digital, temos por outro os cuidados e riscos da atratividade das telas, os recursos dos jogos que exploram determinadas áreas do cérebro que causam dependência, as artimanhas de engajamento das redes sociais. Vivemos em um mundo de pais cada vez mais ocupados, demandas de trabalho cada vez mais urgentes, tempo cada vez mais escasso e a conexão virtual acaba promovendo uma desconexão presencial.
Além da preocupação com o tempo de conexão virtual, um grande fator de preocupação refere-se ao conteúdo acessado. Em pesquisa que realizei durante a pandemia para meu livro “Desconecte-se: como se conectar com seu filho para ele se desconectar das telas”, questionei sobre os conteúdos mais acessados e o grande vencedor foi o YouTube, com 74,17% de preferência.
No YouTube temos vídeos dos mais diversos, desde os que trazem grande aprendizado e cultura até os que são extremamente prejudiciais para uma criança ou adolescente em formação. Não se deixa uma criança sozinha na rua e a internet também é um espaço público com tantos riscos quanto a rua. Portanto, a supervisão dos pais deve ser constante. Sabemos, porém, que quando estão com as telas, as próprias crianças demandam menos essa supervisão.
Mas não é só em casa que essa conexão com o mundo virtual traz impacto nas relações. Na escola, professores sofrem para driblar os celulares e manterem a atenção dos alunos. O papel do professor detentor de toda informação e responsável por transmitir conhecimento já não interessa mais aos alunos e a competição com recursos tecnológicos se torna desleal.
Professores precisam agir colocando a tecnologia como aliada na sala de aula, alunos como protagonistas do processo de aprendizagem e professores como mentores, auxiliando na elaboração crítica sobre informações de qualidade, como buscá-las e proporcionando o desenvolvimento de habilidades socioemocionais.
Não conseguimos desconectar do mundo virtual. E é justamente nesse sentido que as conexões reais e humanas se fazem mais necessárias. Pais, responsáveis e educadores precisam estar presentes e abertos para se relacionar com seus filhos e alunos, saindo do piloto automático para que possam orientar, cuidar e ser referência presencial em ambientes cada vez mais virtuais. Não adianta pedir para as crianças e jovens saírem das telas se os responsáveis só ficam nelas.
Nesse novo mundo tecnológico e conectado em que vivemos, as habilidades socioemocionais, chamadas de soft skills, serão ainda mais necessárias e um verdadeiro diferencial. E elas se desenvolvem através da conexão humana.
Ajudar a conhecer e reconhecer emoções e necessidades, estar presente e orientar para o desenvolvimento da autonomia e da capacidade de tomar decisões, mostrar a importância de cuidar de si e do outro. Agir dessa forma nos leva não só a transformar as relações interpessoais, mas sim toda uma realidade de pessoas mais empáticas e emocionalmente inteligentes.
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