"Dez... Nota Dez!!!!". Qual agremiação não sonha em ouvir uma "chuva" de notas dez durante a apuração (quase sempre apertada) de um desfile de carnaval? Quanto mais agora, época em que os campeonatos costumam ser decididos por décimos.
Brincadeiras à parte, as escolas de samba que desfilarão no Grupo Especial do Carnaval Capixaba no dia 15 de fevereiro, em busca da tão desejada nota máxima, terão que encarar a "canetada" de 27 jurados. Criteriosamente, eles vão avaliar nove quesitos técnicos: Bateria, Samba Enredo, Evolução, Harmonia, Enredo, Alegorias e Adereços, Fantasias, Comissão de Frente e Mestre-Sala e Porta-Bandeira.
O regulamento deve ser praticamente o mesmo de 2019. Serão três avaliadores para cada item. Eles darão notas que variam de 9 a 10, com possibilidade de fracionamento, tipo 9,1, 9,5, 9,7... Cada jurado precisa justificar suas avaliações abaixo de 10 em uma espécie de caderno de encargos, que deve ser preenchido e entregue a uma comissão no final de cada dia de desfile.
Para 2020, será usado um novo critério na escolha dos membros da comissão julgadora. "Nossa ideia é atender os pedidos de todas as agremiações. Portanto, a comissão será mista. Um terço dos escolhidos virá do Rio de Janeiro. São pessoas com experiência no mundo do samba, já acostumadas com o carnaval", adianta Edvaldo Teixeira da Silveira, presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Grupo Especial (Liesge). O restante da mesa será composta por 18 avaliadores capixabas que participaram do Carnaval 2019.
Lembrando que, de 2010 a 2018, o corpo de jurados foi composto apenas por membros de fora do Estado. "Essa era uma prática defendida pela administração passada da Liesge. Quando assumimos, resolvemos reavaliar esse posicionamento. Muitas agremiações alegavam que uma comissão totalmente capixaba poderia causar problemas, visto que alguns jurados poderiam ter ligações com as escolas", explica Silveira.
"Avaliamos essa questão com uma pergunta: o Espírito Santo possui 4 milhões de habitantes. É praticamente impossível não selecionar pessoas com critérios técnicos e sem qualquer ligação com o samba. Temos muita gente boa no Estado", complementa.
O "Divirta-se" vai transformar você em jurado por um dia. Vamos desvendar os nove quesitos em julgamento, revelando quais critérios devem ser usados na hora de aplicar uma nota. Embarque conosco nesse ziriguidum!
É o "coração" de uma escola de samba. Na hora de dar notas, o julgador precisa avaliar a sustentação dos instrumentos, além de considerar a perfeita conjugação dos sons emitidos, a criatividade e a versatilidade dos instrumentistas. Lembrando que a bateria precisa ter, no mínimo, 100 instrumentistas. Não vale desafinar e "atravessar" o samba na avenida, heim!?
O jurado precisa avaliar a letra e a melodia. A adequação da letra ao enredo, sua riqueza poética, beleza e bom gosto, além do perfeito entrosamento dos versos com os desenhos melódicos, devem ser observados. Um bom samba enredo precisa ter rimas ricas e um refrão de fácil acesso, tanto para o público da arquibancada como para os seus componentes.
Esse é um dos quesitos mais interpretativos do carnaval. É necessário observar se os membros estão (literalmente) cantando o samba. Sim, não cantar durante o desfile tira pontos preciosos na disputa pelo título. O canto dos componentes deve estar em sintonia com a voz do "Puxador", o intérprete que leva a música para a avenida.
Outro quesito polêmico e que costuma decidir muitos carnavais. É uma espécie de harmonia da dança em sintonia com o ritmo do samba. A coesão do desfile é julgado com rigor. Ou seja: é proibido correr ou mesmo deixar "buracos" durante a apresentação. Além disso, as alas precisam respeitar a ordem proposta no início da apresentação.
Há dois quesitos em julgamento: concepção e realização. É importante averiguar se a escola está apresentando o desfile proposto, ou seja: desenvolvendo e explorando a história que deseja contar. A clareza e a coerência na roteirização do desfile, incluindo adequação das fantasias e alegorias, deve ser avaliado com rigor. Um exemplo: não adianta desenvolver uma história sobre a abolição da escravatura usando alienígenas como destaque nas alas.
É o luxo e a beleza dos carros alegóricos e dos elementos cenográficos. A concepção e a realização devem ser julgados. Lembrando que nesse quesito entram também os tripés e seguimentos sem rodas. É preciso observar o acabamento, a harmonia de cores e se os elementos estão seguindo a ordem enviada para os jurados em livro prévio, o chamado Abre-Alas. A adequação ao enredo é primordial. Os destaques, com suas respectivas fantasias, devem ser julgados como partes integrantes das alegorias. No Estado, cada escola precisa apresentar no mínimo três e no máximo quatro elementos alegóricos.
Aqui, a concepção e realização também devem ser julgados. A adequação das fantasias ao enredo é primordial. O mosaico impulsionado pelas formas e cores costuma impressionar os jurados. O acabamento e cuidado na confecção ganham pontos. É preciso apresentar roupas leves, que não atrapalhem a evolução dos componentes. Roupas rasgadas e faltando elementos, como chapéus e sapatos, levam penalização à escola.
É o cartão de visitas de uma escola de samba. Poderá se apresentar a pé ou sobre rodas, trajando fantasias dentro da proposta do enredo. Nos tempos "clássicos" do carnaval (ou seja, até o início da década de 1980), agremiações tradicionais como Portela, Mangueira e Império Serrano tinham como hábito trazer a velha guarda em suas comissões. Hoje, o quesito virou um espetáculo à parte do carnaval, com shows de pirotecnia e movimentos acrobáticos e ilusionistas. Quem "manda" agora são os bailarinos e coreógrafos.
Representam a nobreza do carnaval, pois levam o pavilhão e o manto sagrado de uma escola de samba para a avenida. O julgador deverá considerar a indumentária, verificando sua adequação para a dança, não esquecendo de avaliar a beleza e o bom gosto. A exibição de dança é considerada e a bandeira não pode enrolar ou encostar no mestre-sala. Se um dos componentes cair, a escola perde a chance de ganhar o título. Lembrando que o mestre-sala e a porta-bandeira não sambam e sim executam um bailado de características próprias.
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