*Gisele Arantes
Em meio aos borbotões de lives de artistas que têm animado a quarentena dos brasileiros, uma falta muito sentida é a de Chico Buarque. Os pedidos por uma apresentação não chegaram a virar um meme, como acontece com Caetano Veloso, mas também são bastante frequentes. Enquanto o próprio Chico não dá o ar da graça, os fãs podem matar a vontade nesta sexta-feira (19), dia em que o artista completa 76 anos, com uma justa homenagem do cantor Fábio Pinel.
Destaque da nova geração do samba, o mineiro radicado no Espírito Santo reúne sucessos do compositor carioca em show que será transmitido por seu perfil no Instagram, a partir das 20h, direto da sua casa. O repertório promete um passeio pela rica discografia de Chico, ao som do cavaquinho ou do violão. Algumas das canções garantidas são “Quem Te Viu, Quem Te Vê”, “A Rita”, “Olhos nos Olhos”, “João e Maria” e “Fado Tropical”.
O sambas, não poderia ser diferente, formam a maioria das canções pinçadas do baú de clássicos desse que é um dos grandes nomes do cancioneiro nacional. Pinel, que nasceu com o samba e no samba se criou, levado desde criança às rodas pelo pai, um entusiasta das batucadas e da boemia, promete faixas como “Feijoada Completa”, “Samba do Grande Amor”, “Homenagem ao Malandro” e “Deixa a Menina”.
“Vou trabalhar com as músicas do Chico que já toco em shows, deixando espaço aberto para os pedidos do público, como costumo fazer em lives. As pessoas sempre sugerem e eu aceito. As mais pedidas são as mais antigas”, revela Pinel, que lançou neste ano seu primeiro álbum autoral, “O Dom de Cantar”, que inclui parcerias com o pai, Aladim Pinel.
Foi com o pai, aliás, que Pinel desenvolveu a admiração pela obra de Chico Buarque. “Meu pai sempre ouvia em casa e ele se tornou uma das minhas grandes referências. Acho que o Chico é superdotado para composição, me impressiona a facilidade que ele tem para transformar o dia a dia em canção”, conta o músico.
UM POUQUINHO DE BRASIL
E esse poder de traduzir o cotidiano vai ficar explícito na live de Pinel, quando o público poderá notar que, infelizmente, muitas das canções de protesto compostas por Chico Buarque há mais de cinco décadas ainda fazem muito sentido. Nesta época de pandemia e de caos político, algumas letras curiosamente ainda se encaixam como crônica do Brasil.
É o caso de “Samba de Orly” (Pede perdão pela duração dessa temporada/ Mas não diga nada que me viu chorando/ E pros da pesada diz que eu vou levando/ Vê como é que anda aquela vida à toa/ E se puder me manda uma notícia boa). A faixa integra o álbum "Construção" (1971), considerado um marco da música brasileira e produzido parte na Itália, onde Chico autoexilou-se devido ao regime militar, e parte no Brasil.
Outros exemplos de músicas que não perdem a força e que estarão na live desta sexta são “Apesar de Você” (Amanhã vai ser outro dia) e “Vai Levando” (Mesmo com o nada feito/ Com a sala escura/ Com um nó no peito/ Com a cara dura/ Não tem mais jeito/ A gente não tem cura), esta gravada com Maria Bethânia.
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Com mais de 80 álbuns na bagagem, Chico Buarque é digno de toda e qualquer homenagem. A live de Fábio Pinel será não apenas uma reverência à imensa obra do artista carioca, que também é dramaturgo e escritor premiado, como um resgate de parte da história do país.
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