> >
Agro do ES investe em sustentabilidade para ficar em paz com o clima

Agro do ES investe em sustentabilidade para ficar em paz com o clima

Produtores apostam no reflorestamento, na recuperação de nascentes, na diversificação e na energia limpa para contribuir com o meio ambiente

Publicado em 15 de agosto de 2023 às 13:24

Ícone - Tempo de Leitura 5min de leitura
Fertilização sustentável, a partir do hidrogênio verde, pode levar Espírito Santo a novo patamar no agro
Fertilização sustentável, a partir do hidrogênio verde, pode levar Espírito Santo a novo patamar no agro. (Jcompa/Freepik)

Após enfrentarem eventos climáticos extremos nos últimos anos, com períodos de seca intensa ou chuvas torrenciais, os produtores do Espírito Santo estão mais preocupados com as mudanças no clima. Diante desse cenário desafiador, o agronegócio capixaba desponta como um potencial líder nessa competição por um cultivo mais limpo.

Especialistas destacam diversas soluções que têm apresentado resultados significativos, como a diversificação de plantios, o reflorestamento e a recuperação de nascentes. Contudo, é a produção de energia limpa, por meio do hidrogênio verde, que pode ser primordial para alavancar os negócios rurais, ao mesmo tempo em que se preserva a natureza.

A agropecuária é uma das atividades que mais emitem dióxido de carbono na atmosfera. Com o objetivo de buscar a descarbonização, o hidrogênio verde tem sido apontado como uma possível solução para o transporte dos alimentos e a produção de fertilizantes agrícolas. No Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o diretor de Produção Sustentável e Irrigação, Bruno Brasil, explica que a dependência de fertilizantes importados deixa o agro brasileiro vulnerável, como aconteceu durante a pandemia de Covid-19 e com os conflitos entre Rússia e Ucrânia.

Além disso, o transporte da produção agrícola no Brasil é majoritariamente feito por caminhões, que são grandes emissores de carbono. Nesse sentido, o hidrogênio verde também pode ser utilizado como um combustível limpo, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa.

O subsecretário de Desenvolvimento Rural Sustentável, Michel Tesch, da Secretaria de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), destaca o potencial do Brasil na produção de hidrogênio verde, mas ressalta as dificuldades de transporte desse gás em escala.

Ele menciona estudos sobre a produção de hidrogênio a partir do etanol. “Temos conhecimento de estudos sendo conduzidos no país para desenvolver soluções baseadas em etanol. Um desses indica a instalação de um modelo - chamado de reformador - em postos de combustíveis para abastecer os carros no futuro. Uma segunda linha de pesquisa é a possibilidade de colocar esses equipamentos nos carros. Funcionaria basicamente assim: abasteceria com etanol, e o etanol seria usado para fazer o processo de transformação em hidrogênio dentro do carro.”

Com os projetos de energia eólica que estão em curso no Estado, além dos solares já existentes, a expectativa é que futuramente também seja fabricado o hidrogênio verde.
Hidrogênio verde  é essencial para a produção de fertilizantes agrícolas. (Shutterstock)

Tesch acrescenta que o hidrogênio verde é essencial para a produção de fertilizantes agrícolas. “Considerando que boa parte do transporte da produção agropecuária é feita por caminhões, uma solução baseada no hidrogênio verde pode ajudar a descarbonizar a matriz de transporte do agronegócio.”

Outra oportunidade em produção de energia limpa é por meio de placas solares. De acordo com o especialista da VP Solar, Renato Ferrari, esse mercado está aquecido até no setor rural, apresentando-se como um investimento que vale cada vez mais a pena para o produtor que busca reduzir os gastos na fazenda.

A coordenadora de Recursos Naturais do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Fabiana Ruas, cita a existência do Programa Reflorestar no Espírito Santo, que incentiva financeiramente os agricultores a conservarem e recuperarem a cobertura florestal. Além disso, o Estado conta com o Programa Nacional de Regularização Ambiental Produtiva (Pravaler), que oferece remuneração, apoio técnico e tecnologias de baixa emissão de carbono para auxiliar os produtores rurais a recompor os passivos ambientais de suas propriedades.

Um exemplo de iniciativa nesse sentido é o projeto-piloto Rio Mangaraí, coordenado pela extensionista do Incaper Cintia Aparecida Bremenkamp. A finalidade é reduzir a carga de sedimentos nos cursos d’água da sub-bacia desse afluente do Rio Santa Maria da Vitória, responsável pelo abastecimento da Região Metropolitana de Vitória.

Cintia explica que várias intervenções foram realizadas em parceria com agricultores, abrangendo desde a educação ambiental até a recuperação de nascentes e a adequação das estradas vicinais. O resultado é a melhoria na qualidade e quantidade de água. “As atividades atingiram 500 agricultores de Santa Leopoldina e Cariacica. Em 40 propriedades, fizemos o reflorestamento e recuperamos nascentes que hoje abastecem a comunidade. A proposta é contagiar mais agricultores com projetos de recuperação e preservação.”

Também está em andamento a adequação das estradas vicinais para reduzir a carga de sedimentos nos cursos d’água, com previsão de conclusão até o final de 2023, de acordo com Cintia.

“Plantar água” é outra estratégia em desenvolvimento dentro do projeto Barraginhas. Trata-se da escavação de pequenas bacias nas propriedades rurais para capturar a chuva, controlar enxurradas, evitar erosões e promover a infiltração da água no solo, contribuindo para a recarga de nascentes e rios. Uma ação social de baixo custo que traz benefícios ambientais, sociais e econômicos.

Pró-Rural transforma comunidades do interior

A Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) desenvolve o Pró-Rural, um programa que visa a levar saneamento básico (água e esgotamento sanitário) a comunidades de pequeno porte, contando com 50 a 1.500 habitantes. A iniciativa tem como pilar central a parceria entre o governo do Estado, por meio da Cesan, o município e a comunidade, sendo a operação e manutenção dos sistemas pela Gestão Comunitária. Ou seja, as próprias comunidades beneficiadas participam ativamente do processo. A Cesan também oferta tecnologia e capacita as comunidades para operarem os sistemas. A ação vai alcançar mais de 100 comunidades no decorrer de sua implementação.

Com um investimento que ultrapassa a marca dos R$ 33 milhões, o Pró-Rural possibilta a execução de obras e serviços de recuperação e melhorias nos sistemas de abastecimento de água, atendendo às necessidades essenciais dessas áreas rurais. Ao longo do programa, mais de 12 mil pessoas foram beneficiadas em diversas regiões do Estado, proporcionando um salto significativo na qualidade de vida dessas localidades.

Munir Abud de Oliveira, presidente do Bandes
Munir Abud, presidente da Cesan: "Parcerias podem gerar resultados positivos e duradouros" . (Divulgação)

O presidente da Cesan, Munir Abud, ressalta o caráter inclusivo do programa, que busca atender às demandas mais urgentes de saneamento básico, permitindo que os moradores dessas localidades tenham acesso à água limpa e tratada, proporcionando melhores condições de saúde e higiene. Além disso, a participação ativa das comunidades no processo de gestão reforça o sentimento de pertencimento e responsabilidade, contribuindo para a sustentabilidade e manutenção dos sistemas implementados. “O sucesso do Pró-Rural é uma prova concreta de como parcerias podem gerar resultados positivos e duradouros em benefício da população do interior do Estado”, afirma Munir.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

Tags:

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais