No horizonte, um vasta plantação chama atenção pelas cores vivas de flores, algumas, para nós, são exóticas. E o motivo de não conhecer essas beldades da natureza é simples: elas são responsáveis pelo nascimento das frutas, essas nada desconhecidas do consumidor.
A beleza, perfume e diversidade dos plantios no Espírito Santo antes das safras das frutas é uma grata surpresa a quem tem a oportunidade de admirá-los. Das mais delicadas até as mais diferentes, as flores formam verdadeiros jardins no agronegócio capixaba.
Você já viu uma flor de pitaya ou de maracujá? Ou uma flor de acerola, morango ou romã? Imagino que, provavelmente, a resposta seja não. Isso porque o que chega na cidade são as frutas, enquanto as flores acabam ficando apenas na memória dos agricultores. Nessa reportagem de A Gazeta você vai conhecer algumas dessas belezas naturais e vai querer visitar esses plantios.
Se uma planta sozinha já é bonita, agora pense em um plantio com dezenas ou até mesmo centenas de fruteiras durante sua floração. Quem vai, por exemplo, à Rota do Carmo, na Pedra Azul, região do município de Domingos Martins, surpreende-se com as flores dos cactos que produzem a pitaya, também chamada de fruta-dragão.
Na propriedade de três hectares da família da Tatiane Uliana fica um plantio de 700 pés de pitaya. O curioso é que a fruta dá nome ao local, Sítio Pitayas. A agricultora conta que a plantação começou há 13 anos quando o seu pai ganhou uma muda da mãe dele e por curiosidade a plantou. Hoje a produção é vendida em casa, para quem vai visitar o local, e também comercializada com alguns supermercados do Sul do Estado.
"Ela dá uma flor linda e branca. Eu tenho algumas variedades da pitaya de poupa vermelha com um perfume muito gostoso. Ele é levemente adocicado e muito diferente, não sei como o descrever. Quando as flores se abrem, ele se mistura na brisa e aquele cheiro é maravilhoso", conta a Tatiane.
Florada da pitaya em Domingos Martins
Todas as frutas iniciam o seu caminho por uma flor. Depois que a planta nasce e chega a idade de produzir ela flora. É durante essa florada ocorre a polinização, que é o processo de fecundação das flores. As que forem fecundadas irão se transformar em frutos, já aquelas que não forem vão cair no chão.
A florada da pitaya acontece de janeiro a abril e a planta é induzida pelo sol e calor para soltar os botões. As flores ficam abertas durante um curto período de tempo. Normalmente, abrem por volta das 19h e, se forem polinizadas logo cedo, já começam a fechar às 9h da manhã. Da fecundação até o amadurecimento da fruta levam cerca de 40 dias.
Tatiane Uliana
Produtora rural
"A maioria das pessoas só conhece as frutas. Elas não compreendem que as plantas precisam da polinização para dar fruto. As variedades de pitaya são autopolinizadas, mas quando fazemos a polinização manual temos uma melhor qualidade de frutas. Este ano fizemos toda a polinização para garantir o vingamento e pitayas maiores"
Os responsáveis naturais por esse processo são pequenos insetos e, principalmente, as abelhas. Mas como dito por Tatiane, ele também pode ser feito manualmente pelo ser humano e com isso garantir uma maior taxa de fecundação das flores.
É importante lembrar ainda que plantios com uso agressivo de agrotóxico não tem abelhas para realizar esse trabalho, já que, ao entrar em contato com o produto, elas morrem.
FLOR EXÓTICA DE UMA TREPADEIRA
Outra flor que chama atenção nasce de uma trepadeira. O maracujá tradicional, que é azedo, tem a flor branca com o miolo roxo e amarelo. Já a flor do maracujá doce é mais surpreendente e exótica. A variedade também é produzida pela família da Tatiane. Ela conta que as abelhas gostam muito.
"Toda a fruta inicia por uma flor. No caso da pitaya, maracujá e morango são as abelhas. Sempre temos muitas delas na propriedade para garantir", comenta.
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a flor exuberante do maracujá-doce, de cor vermelho- arroxeada e com longas fímbrias multibandeadas, tem também um potencial ornamental para paisagismo de grandes áreas como muros e pérgulas. Já os frutos, quando maduros, ganham uma coloração de casca amarela.
Fruteiras na época de floração, em Pedra Azul
ARBUSTO QUE PARECE TER FLOCOS DE NEVE
Na propriedade da família do Wilson Uliana, que também fica na região da Pedra Azul, além da produção de pitaya também há o plantio de framboesa, amora, morango e romã. Essas fruteiras têm flores pequenas e delicadas, com exceção da romã, que possui uma flor maior.
Para ele, todas possuem sua beleza, mas a pitaya é a mais encantadora, pois, apesar de o pé ser rústico, a flor é grande e delicada, de uma beleza fascinante. "A maioria das pessoas fica encantada com as flores desde as menores como a da framboesa, até as maiores e alvo de foto da maioria, que são as da pitaya", comenta.
Por falar em flores delicadas, a da amora merece todo o destaque. Nascida de um arbusto repleto de espinhos, suas pétalas brancas são de beleza única e encantam os turistas que vão ao sítio da família do Wilson.
Wilson Uliana
Produtor rural
"O período de florada da amora também agrada muito aos visitantes, pois a plantação fica tomada de flores brancas, dando a impressão de estar cheia de flocos de neve. Normalmente, a florada começa lá pelo dia 10 de janeiro vai até 10 fevereiro. Da flor até o fruto ficar pronto para a colheita demora em torno de 30 dias"
O ARBUSTO COR DE ROSA
Já no interior de Viana, o pé de uma fruta extremamente conhecida chama a atenção durante sua florada, a aceroleira. As flores delicadas, cor de rosa e de miolo amarelo, parecem pequenos ramos em meio das folhas verdes. Elas chegam até a lembrar pequenas orquídeas.
A aceroleira é um arbusto que pode chegar a medir até 3 metros de altura. A floração ocorre durante todo o ano e após apenas três ou quatro semanas os frutos estão prontos. Ela é uma planta muito rústica e resistente e se espalhou por várias áreas do país.
O agricultor Anizio Gonçalves conta que na propriedade tem duas variedades da fruta, uma híbrida mais resistente e a tradicional. Ele explica que as duas têm flores muito parecidas. "É muito bonito ver tudo florado. Mas sempre fico preocupado se chover durante a floração, porque quando isso acontece as flores caem e não vai ter colheita", comenta.
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