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Descoberta de novos insetos no ES acende alerta para a agricultura

Descoberta de novos insetos no ES acende alerta para a agricultura

Seis espécies que ameaçam lavouras foram identificadas na Região Serrana do Espírito Santo, pelo Incaper

Publicado em 4 de setembro de 2024 às 14:34

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Percevejos podem
ser aliados ou ameaças
para o cultivo de plantas
Percevejos podem ser aliados ou ameaças para o cultivo de plantas. (Pixabay)

Pequenos, mas com grande poder de destruição, os insetos estão sempre no radar dos agricultores. Até o fim do primeiro semestre de 2024, pelo menos seis novas espécies foram identificadas nas lavouras do Espírito Santo, na Região Serrana.

Diante das descobertas feitas por pesquisadores do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), produtores de café, cacau, mamão e outras variedades de cultivo intensificaram a vigilância contra pragas.

As espécies, até então desconhecidas pela Ciência, pertencem a um grupo de mirídeos, popularmente conhecidos como percevejos, sendo de três subfamílias Miridae: Bryocorinae, Cylapinae e Deraeocorinae.

Os mirídeos, segundo o Incaper, desempenham papéis cruciais nos ecossistemas de produção. Enquanto alguns percevejos são predadores de insetos, protegendo cultivos, outros alimentam-se de plantas vivas, podendo causar danos às lavouras e até transmitir vírus para plantas.

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A dinâmica de insetos-praga em lavouras agrícolas depende de fatores ambientais e do manejo. As pragas podem ter maior potencial de dano devido à ausência de predadores naturais e condições ambientais favoráveis

Renan Queiroz
Doutor em Entomologia
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Entre as doenças já conhecidas e que representam uma ameaça, significativa, estão a cochonilha-rosada no cacau, as cigarrinhas-verdes e o ácaro-vermelho. No cultivo do café, a broca da haste e as cochonilhas farinhentas também causam preocupação.

As pragas impõem desafios aos produtores que ainda têm métodos limitados de controle, principalmente diante das recentes descobertas. “Para as pragas introduzidas há mais tempo, o principal método de controle ainda é o químico, embora o controle biológico com entomopatógenos, predadores e parasitoides tenha aumentado bastante nos últimos anos”, pontua Queiroz.

Investimento

Apesar das ameaças, a inovação e o monitoramento contínuo das lavouras são grandes aliados dos agricultores capixabas. “A agricultura no Espírito Santo é dinâmica e não conhece limites. A inovação está no DNA dos agricultores e empreendedores”, afirma Inorbert de Melo, doutor em Fitopatologia e pesquisador do Incaper.

Para o enfrentamento às pragas e doenças, a Secretaria de Estado de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag) investiu mais de R$ 1,5 milhão em pesquisas, envolvendo instituições como o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) – campus de Santa Teresa; Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) em Alegre; Universidade Federal de Viçosa (UFV) e o próprio Incaper.

“Pesquisadores dessas instituições estão envolvidos em projetos que visam a dar respostas práticas aos enfrentamentos de doenças que vêm dizimando centenas de hectares por ano”, aponta Inorbert.

Ele menciona o cancro dos ramos do cafeeiro como o principal desafio fitopatológico que a cafeicultura de conilon já enfrentou. A capacidade de matar a planta suscetível em pouco meses e a falta de medidas eficazes de manejo e controle fizeram a cadeia produtiva se mobilizar para soluções urgentes. Iniciativas privadas e públicas estão focadas em encontrar uma solução rápida para esse desafio.

Quando o assunto são os patógenos de solo, o Incaper, com aporte financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) e do Consórcio Café, já realizou o diagnóstico das espécies de nematoides que parasitam os cafeeiros conilon e arábica e a pimenteira-do-reino. Essas informações auxiliarão os programas de melhoramento genético dessas culturas e as decisões de controle e manejo. Como fruto desse trabalho, o Incaper lançou a variedade ES8161 Goytacá, primeiro porta-enxerto de café conilon resistente a nematoides.

Ácaro-vermelho
é um bicho que pode
adoecer as plantações
Ácaro-vermelho é um bicho que pode adoecer as plantações. (Shutterstock)

Para combater cochonilhas ou qualquer outra praga ou patógenos (fungos e nematoides) que prejudicam os campos de café, o Instituto faz o acompanhamento das lavouras, aprimorando as estratégias de manejo que são repassadas aos produtores rurais, que podem acionar o órgão no caso de identificação de pragas nas plantações.

Além disso, há programas de capacitação para atuação no controle de doenças em mamoeiros, abordando viroses conhecidas, como o mosaico e a meleira, assim como o fitoplasma vira-cabeça.

Nos projetos, os produtores são orientados sobre vetores e a disseminação das doenças, aprendendo a identificar os sintomas e danos nas plantas, conhecendo estratégias para controle. As atividades, segundo o Incaper, englobam a prática do roguing, que consiste na eliminação das plantas infectadas no início do surgimento dos sintomas, considerando que quanto mais cedo são removidas, melhor é a redução da propagação das doenças nas lavouras.

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