Universidades e institutos federais têm, por premissa, a missão de ensinar, mas também ocupam papel central no desenvolvimento local e regional. Essa transformação se dá, fundamentalmente, por meio da extensão, quando o que é ensinado em sala de aula ultrapassa os limites dos campi.
No Espírito Santo, duas iniciativas destacaram-se nos últimos anos. A primeira, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), levou os recursos tecnológicos de drones de última geração para potencializar lavouras de café na Região Norte do Estado. A outra, do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), consistiu na criação de uma biofábrica, que produz insumos para aumentar a produtividade, sendo reconhecida em um prêmio da Samsung.
O professor doutor em Engenharia Agrícola Edney Leandro da Vitória, da Ufes em São Mateus, aponta que a universidade enxergou uma janela de oportunidades a partir de 2018, quando as primeiras aeronaves remotamente pilotadas (ARPs), conhecidas como drones, mas específicas para a utilização na prevenção de pragas e doenças, chegaram ao Espírito Santo.
Os primeiros testes aconteceram em agosto de 2018, na Fazenda Experimental da Ufes, em São Mateus, com o Laboratório de Mecanização e Defensivos Agrícolas, pioneiro nesse tipo de pesquisa. Os primeiros resultados expressivos foram publicados em 2023, na Revista Agronomy, e o artigo sobre os experimentos se tornou um dos mais lidos sobre o tema.
Ficou constatado que são eficientes na pulverização e aplicação de produtos químicos e biológicos no controle de pragas e doenças do café, inclusive em lavouras de montanha.
Concluiu-se também que os equipamentos podem ser considerados alternativa ssustentáveis no controle de pragas e doenças do cafeeiro, com redução de até 40 vezes na água gasta quando comparado aos métodos tratorizados, além de menor exposição do homem a produtos químicos.
“Aplicação de defensivos agrícolas em lavouras de café por meio de drones no Espírito Santo é uma realidade. A demanda tem aumentado a cada ano. Ao término de cada experimento, fazemos a divulgação dos resultados por meio de dias de campo em conjunto com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper)”, conta o professor. O reconhecimento da iniciativa foi tão grande que Edney foi convidado em 2023 a palestrar sobre o tema na China, vista como a maior referência nas pesquisas que envolvem drones pulverizadores.
Já no Ifes, em Vila Velha, as teorias aprendidas em sala de aula resultaram no projeto “Biofábrica sustentável: produção de bioinsumos agrícolas”, desenvolvido por uma equipe do 3º ano do ensino médio. A iniciativa foi uma das mais votadas pelo júri popular da 10ª edição do Solve For Tomorrow, da Samsung, cuja premiação foi em São Paulo (SP), no fim de 2023.
A biofábrica consiste na utilização de microrganismos vivos e cuidadosamente selecionados para produzir biofertilizantes e biopesticidas. Estes ajudam a melhorar a produtividade agrícola de maneira sustentável e o tratamento de resíduos e biorremediação, utilizando organismos para degradar poluentes e resíduos tóxicos.
Responsável pelo projeto e coordenadora da InovaVila, núcleo incubador do Ifes, a professora Marcela Paes afirma que o objetivo da iniciativa é desenvolver habilidades empreendedoras nos estudantes. “Mostra a importância de apresentar aos estudantes que o que é aprendido em sala de aula tem aplicação prática e que pesquisas avançadas podem contribuir com a melhoria da qualidade de vida da população”, reflete.
A professora explica que os estudantes se formaram em 2023 e, agora, os bioinsumos de fabricação estão em fase final de desenvolvimento e em testes no campo.
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