Siumara Gonçalves
Já imaginou ter uma produção de tomates ou comprar alface colhido na hora no meio da cidade? Essa cena, que já acontece em países da Europa e nos Estados Unidos, por exemplo, vem se tornando uma realidade no Espírito Santo.
Nos últimos anos, por todo o mundo, diversas iniciativas vêm sendo estudadas em laboratórios e levadas a campo ou, melhor dizendo, à cidade, com o objetivo de tornar a agricultura mais rentável e também controlada, ou seja, sem impacto ambiental ou interferência do clima.
Esses métodos estão revolucionando a maneira como pensamos o agro e criando verdadeiras fazendas urbanas.
Tradicionalmente, na hora de produzir alimentos é preciso pensar em alguns fatores essenciais. Entre eles , estão ter uma área grande com terra fértil, muita água, sol moderado e até mesmo um pouco de fé para que as mudanças repentinas do clima não destruam todo o trabalho de um ano.
Com as chuvas irregulares, a falta de água, o aumento das temperaturas, além da escassez da mão de obra no campo, as fazendas urbanas se tornam uma alternativa inovadora e alinhada ao novo momento que a agricultura vive com o uso de mais tecnologia para aumentar a sua produtividade.
Uma forma de cultivo que já ganhou adeptos no campo e está chegando à cidade é a hidroponia. Esse plantio consiste em uma técnica de cultivar plantas sem o uso da terra. Nesse caso, as raízes recebem uma solução nutritiva na água. Por meio dela é possível “plantar” hortaliças como alface e rúcula.
O engenheiro e proprietário da Cooltiva, Luiz Gustavo Leocádio, inaugurou no início deste ano uma dessas “fazendas”. Ele conta que morou durante 15 anos no Rio de Janeiro e lá já tinha esse tipo de iniciativa. Quando ele e a esposa, Hanna, voltaram para o Espírito Santo, além de encontrarem poucas opções de orgânicos frescos, acabaram conhecendo o modelo de fazendas urbanas hidropônicas.
“Esse é o futuro da agricultura, a busca por tecnologias para se produzir mais. Quando descobri que poderíamos montar uma estufa e plantar alimentos de qualidade dentro da cidade, foi meio que um caminho sem volta. Fizemos a estufa e, na frente, um mercadinho. Não usamos nenhum tipo de agrotóxico na produção das hortaliças”, conta.
Ele ainda explica que tanto quem vai até a loja, localizada na Praia do Canto, em Vitória, quanto quem pede pelo delivery, compra as hortaliças colhidas na hora. “A planta chega mais fresca na casa do cliente, tem mais sabor e dura mais”, explica.
Já o policial e biólogo Leonardo Zanetti produz tomatinhos no terraço da sua casa no Morro do Quadro, em Vitória. Ele lembra que começou o cultivo em junho de 2019. Seu primeiro contato com a agricultura foi com seus familiares, que são agricultores. Já na universidade conheceu muitas técnicas de cultivo e até execução de plantios.
Com o passar do tempo, ele aprimorou a técnica de cultivo e manejo de tomates e, com isso, conseguiu uma maior produção. A colheita dura seis meses do ano. Leonardo conta que já chegou a colher 75 quilos em uma semana, mas em média são 50 quilos semanais.
Seu principal mercado é o consumidor final, fazendo a entrega diretamente. “Quem quiser produzir na cidade precisa, inicialmente, estudar o assunto, fazer contato com produtores da cultura em foco, planejar e executar em pequena escala para adquirir experiência”, aconselha.
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