Pernas longas, patas de quase o mesmo tamanho da mão de um homem adulto, bicos amarelinhos e altura de uma criança de quatro ou cinco anos. Esse bicho exótico trata-se do galo ou galinha Índio Gigante ou Polaco Gigante, espécies de aves brasileiras, que têm se destacado em aproximadamente 10 mil galinheiros do país afora por sua imponência.
Não é só tamanho que chama a atenção, mas o preço também. Uma dúzia de ovos é comercializada por R$ 2 mil no mercado nacional.
Em Vargem Alta, no Espírito Santo, um produtor rural se encantou por essas raças, passando a criá-la no seu sítio. De acordo com Leonardo Rocha Pontini, proprietário de área no município da Região Serrana capixaba, ele já foi dono dos maiores galos do Brasil. Loki e Bicho Louco, que tinham 1,19m e 1,20m consecutivamente. O criador conta que até procurou registros de aves maiores, na época, mas não encontrou.
Infelizmente, o ciclo de vida dessas aves é curto - e logo mais explicaremos o porquê - e não conseguimos conhecer os dois. Mas, calma! O Leonardo continua a criar a raça Índio Gigante. Hoje, a maior ave dele é o Blackout, um galo de 1,18m.
Leonardo, porém, não é o único a ter galos gigantes no Espírito Santo. Existem outros admiradores desse animal. No país, aliás os criadores contam com apoio da Associação Brasileira de Criadores de Aves da Raça Índio Gigante (Abracig), onde é possível saber quais são os critérios de cruzamento para ter um legítimo galo da raça.
De acordo com o site, os associados têm classificação de vendas exclusivos e acesso a até duas aves mensais sem custo, além de uma série de descontos em anilhas, chocadeiras, vacinas, veterinários até exames de DNA.
Melhoramento genético é um processo que tem a ver com seleção e cruzamento. Todo animal criado para um fim comercial passa por esse processo para obter animais com as características desejadas pelo criador. Seja para chegar a uma cor em específica ou ter animais maiores.
O pesquisador Elsio Figueiredo, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), explica como funciona o método. "O melhoramento genético é você definir qual a característica que quer melhorar. Então, se definir que quer melhorar a altura do indivíduo, vai escolher aqueles indivíduos com altura mais alta para serem reprodutores", define.
Ou seja, para conseguir galos mais altos, é feito cruzamento entre animais de tamanho maior. Nesse caso, é mais fácil ver os resultados, já que são características com impacto visual. "Nesses aí, a gente se refere a eles como genes de grande efeito. Esses que são visuais, que você consegue ver, como são os casos também do pescoço pelado e outros genes de cor", explica Figueiredo. O ciclo de vida curto dos frangos também facilita o monitoramento da evolução das linhagens.
Além de tornar possível a existência dos galos gigantes, o melhoramento genético também é responsável por ganhos de produtividade. Até animais doméstico, como muitas raças famosas de cachorro, foram obtidas por meio da técnica. "Todas as raças de animais que existem na exploração comercial têm uma frequência gênica para cada característica que elas apresentam", diz o pesquisador.
Como explicado pelo pesquisador do Embrapa, a altura é uma característica fácil de ser notada na hora de fazer os cruzamentos. No entanto, algo que não fica à vista acaba fazendo com que o ciclo de vida dos galos gigantes seja curto: o tamanho do coração.
"Eles têm o corpo grande, mas o coração pequeno do tamanho de uma ave comum. Aí não consegue bombear o sangue direito", explicou Leonardo ao contar como Loki e Bicho Louco morreram. "Por causa disso, eles não podem se estressar. Eles não aguentam uma emoção muito forte", lamenta o criador.
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