Referência na produção mundial de café, inclusive os especiais, o Espírito Santo também tem alcançado espaço no mercado mundial com a cult0ura de especiarias. O setor, aliás, diante das mudanças climáticas, principalmente com as ondas de calor, aposta em pesquisas voltadas a dar melhor conforto térmico às plantas.
O crescimento da produção de especiarias no Espírito Santo é resultado de diversos fatores. Com apoio do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), a produção de pimenta-do-reino, por exemplo, é alvo de estudos, que analisam em quais condições térmicas a planta pode se desenvolver melhor. Uma das ações é a orientação sobre o uso de tutores mortos e vivos.
Como a pimenta-do-reino é uma trepadeira, precisa se agarrar em estacas firmes e duradouras para se desenvolver na posição vertical. São colocados pilares cravados no solo (tutores mortos) e caules de plantas enraizadas (tutores vivos).
“Boa parte da pimenta é plantada em estacas de eucalipto tratadas e mortas por meio químico. Estamos buscando alternativas, como o uso de tutores vivos, plantando árvores específicas, manejando a poda e permitindo que a pimenta cresça aderida a esses tutores”, explica o engenheiro-agrônomo João Henrique Trevizani, agente de extensão no Incaper.
Trevizani afirma que a técnica reduziu em 60% o custo com eucalipto, além de garantir melhor conforto térmico em períodos mais quentes para as plantas e para quem trabalha nas áreas de plantio. Potencializou ainda o rendimento, visto que as flores atingiram um nível menor de abortamento na sombra produzida pelas árvores do que quando eram expostas plenamente ao sol.
Um dos produtores atendidos pelo Incaper e que experimentou o uso de tutores vivos na lavoura foi Erasmo Carlos Negris, de 55 anos, em Córrego do Aguirre, distrito de Nestor Gomes, em São Mateus, Norte do Estado.
Agora, com os resultados positivos obtidos durante a experiência, o produtor rural avalia implementar a prática em toda a sua lavoura.
Em 2023, o Estado liderou a safra nacional de pimenta-do-reino, sendo responsável por 60% da produção brasileira. Se fosse um país, seria o terceiro maior produtor dessa especiaria, atrás apenas do Vietnã e da Indonésia. Atualmente, é o terceiro produto mais importante da pauta de exportações do agronegócio capixaba, depois do café e da celulose. O levantamento prévio realizado pela Seag aponta que, em 2023, a produção atingiu 78.979 toneladas, um aumento de 3,20% em relação ao ano anterior.
O Painel Agro, que apresenta dados da produção agropecuária no Estado, mostra que o valor total da produção de especiarias passou de R$ 1 bilhão em 2022. Esse número representa um crescimento que pode ser considerado surpreendente em dez anos, uma vez que, em 2011, o resultado obtido foi de R$ 140 milhões, quase dez vezes menor.
“Hoje, no Estado, temos basicamente a pimenta-do-reino, que corresponde a mais de 90% da produção de especiarias; a pimenta-rosa, conhecida também como aroeira, mas numa produção menor e bem concentrada aqui na região litorânea, no Norte do Estado; e o gengibre”, explica Trevizani.
Em 2022, a produção de pimenta-do-reino passou de 76 toneladas em 19,4 hectares de área plantada. Quanto ao gengibre, a safra atingiu quase 60 toneladas em 1,1 hectare de área plantada. Apesar de ser um tubérculo, entra na linha de condimentares e pode ser considerado uma especiaria.
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