Cacau produzido com práticas sustentáveis no ES recebe incentivos
Cacau produzido com práticas sustentáveis no ES recebe incentivos. Crédito: Fernando Madeira

Multinacional paga produtores do ES por cultivo sustentável de café e cacau

Produtores são incentivados a adotar boas práticas ambientais, sociais e econômicas no Estado e, em troca, recebem mais pelas vendas

Tempo de leitura: 4min
Vitória
Publicado em 22/01/2023 às 08h00
Atualizado em 22/01/2023 às 08h00

Cuidar do meio ambiente, entregar um produto melhor ao consumidor e ainda ter maior remuneração pela produção. Esse jogo de "ganha-ganha" tem se tornado realidade para produtores rurais do Espírito Santo que, com o incentivo de grandes empresas, estão aderindo o cultivo sustentável e à agenda ESG, ou seja, com cuidados ambientais, sociais e econômicos.

No Estado, a Nestlé, multinacional considerada a maior fabricante de alimentos do mundo, desenvolve dois programas junto a seus fornecedores de café e cacau, sobretudo na região Norte capixaba. Ao todo, são 1.317 produtores beneficiados por adotarem boas práticas no campo, garantindo com esse comprometimento uma renda extra graças à bonificação oferecida pela empresa.

Funciona assim: o produtor se compromete a adotar as práticas agrícolas regenerativas recomendadas pela empresa. E, em troca, ganha incentivos financeiros. Quanto mais boas práticas forem adotadas, maior a remuneração extra.

Como forma de engajar e estimular a continuidade do desenvolvimento de práticas regenerativas nas fazendas, a Nestlé oferece um bônus no pagamento concedido aos produtores de café e cacau que fornecem produtos sustentáveis e de melhor qualidade.

Principal produto da agricultura capixaba, a ação sustentável na cadeia do café já se destaca. São 1.174 produtores que participam do Cultivado com Respeito no Espírito Santo, maior programa do mundo de sustentabilidade na cafeicultura que desde 2011 incentiva os agricultores que fornecem para a marca Nescafé a terem boas práticas no cultivo.

O programa inclui assegurar condições de trabalho e pagamento éticas aos trabalhadores envolvidos e auxílio aos fazendeiros de maneira próxima, com assistência técnica sobre a produção e questões financeiras, além de apoio em temas voltados à sustentabilidade ambiental.

Com a ajuda para traçar prioridades e elaborar um planejamento, fica mais fácil para esses fazendeiros conseguirem financiamento para investir na produção.

De acordo com a Nestlé, o programa visa "acelerar a transição da agricultura para o modelo regenerativo, que não só preserva, como beneficia o meio ambiente e tem como premissa emissões de carbono neutras ou negativas".

Agronegócio 5.0: Fazenda Três Marias, em Linhares, aposta em tecnologia, como uso de sensores, além de integração floresta, lavoura de café, milho coco, frutas e milho e criação de gado. Negócio é administrado por Leticia Lindenberg
Produção de café no Espírito Santo. Crédito: Fernando Madeira

Hoje, todos os fornecedores de café para a marca no Brasil já implementaram ao menos uma prática de agricultura regenerativa em suas fazendas. Como a remuneração aumenta a cada prática nova adotada, eles são incentivados a ampliarem cada vez mais os cuidados com o solo, a água e as condições de trabalho.

"É um trabalho lado a lado com os produtores parceiros para que adotem práticas econômicas, sociais e ambientais sustentáveis", diz a multinacional.

Cacauicultura na onda ESG

Outro programa da multinacional desenvolvido no Espírito Santo é o Cocoa Plan. Focado na cadeia do cacau, ele já foi implementado por 143 propriedades rurais capixabas, sobretudo em cidades como Linhares, São Mateus e Rio Bananal. O foco é ter produção sustentável priorizando os pilares social, ambiental e econômico.

Quem participa do nosso programa recebe treinamentos em boas práticas agrícolas e orientações para adequar as suas propriedades dentro dos parâmetros estabelecidos pelo programa. Além de toda orientação, ao atingir os parâmetros mínimos, o produtor recebe uma bonificação em dinheiro, resultante da quantidade de cacau entregue no canal de compra credenciado.

O cacau sustentável adquirido através do programa é utilizado na produção de chocolates do grupo, como na fábrica da Garoto, em Vila Velha, que tem boa parte da matéria-prima produzida no própria Espírito Santo. Esses chocolates vêm com o selo "Cocoa Plan" de sustentabilidade e rastreabilidade, permitindo o consumidor atestar a produção sustentável.

Fábrica de Chocolates Garoto, em Vila Velha
Produção de bombons na fábrica de Chocolates Garoto, em Vila Velha. Crédito: Amanda Monteiro

São desenvolvidas ações com produtores de cacau tais como treinamentos sobre técnicas de produção, promoção à igualdade de gênero e condições de trabalho justas, além de orientações sobre cumprimento das leis e normas ambientais, trabalhistas e de direitos humanos.

Entre os princípios básicos que o programa incentiva os produtores a adotar estão:

  • Uso da terra regularizado;
  • Não utilizar pesticidas banidos do Brasil;
  • Não ter nenhum tipo de trabalho forçado, análogo à escravidão ou infantil;
  • Não utilizar pesticidas próximo aos cursos d’água;
  • Não plantar em áreas desmatadas.

De acordo com a Neslté, todas as fazendas certificadas recebem ainda assistência técnica. "É desenvolvido um relacionamento de longo prazo com grupos de agricultores e o fomento da cadeia por meio de boas práticas".

Além do Espírito Santo, o programa é desenvolvido também com produtores de cacau na Bahia e no Pará.

Incentivo também na produção sustentável de leite

Além da produção de cacau e café, a Nestlé também lançou um programa de boas práticas ambientais para a cadeia do leite. Neste caso, a iniciativa por enquanto abrange apenas os estados de Minas Gerais, São Paulo e Goiás.

Batizado de Nature por Ninho, o programa apoia e incentiva a adoção de práticas regenerativas na produção de leite visando a diminuição do impacto de emissão de CO2 e a conservação de recursos naturais.

Fazenda leiteira de Goiás que faz parte do programa mantém vacas em ambiente climatizado
Fazenda leiteira de Goiás que faz parte do programa mantém vacas em ambiente climatizado. Crédito: Nestlé/Divulgação

O programa prevê ações de proteção do solo e com a água, além de cuidados com os animais. Um dos exemplos é o acondicionamento das vacas em ambientes climatizados, que proporcionam mais conforto e saúde para os animais. São 30 mil vacas que produzem leite para a marca que vivem nesses ambientais, reduzindo também a emissão de gases de efeito estufa.

Outros cuidados previstos no programa são:

  • Com o solo: por meio de um cultivo mínimo, cobertura do solo e rotação de culturas, com o objetivo de manter o solo vivo e a fixação de CO2.
  • Com a água: com medidas para conservação e economia dos recursos hídricos.
  • Com os animais: com adoção de práticas que garantem o bem-estar das vacas e a maior produção de leite, contribuindo para redução da emissão de gases.

A Gazeta integra o

Saiba mais

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.