Cafeicultores da Região do Caparaó, que abrange o Espírito Santo e Minas Gerais, estão promovendo uma série de intervenções para recuperar as nascentes localizadas em suas propriedades. A iniciativa traz impactos que vão além da preservação ambiental e tem ajudado a elevar a renda dos produtores por meio de melhorias na qualidade do café.
O trabalho de preservação consiste, principalmente, em limpar e cercar a área das nascentes para evitar que animais causem danos e sujem a água, controlar a erosão e realizar o plantio de espécies nativas. Além disso, muitas vezes é feita a abertura de olhos dágua, que impulsionam a vazão das águas.
Foi o que ocorreu na propriedade do produtor de café José Sebastião de Faria, em Dores do Rio Preto, onde a construção da área de isolamento da nascente garantiu mais água para abastecer o Recanto do Cerro, como é conhecido o local de agroturismo, que recebe visitantes e realiza eventos voltados para agroecologia e manejo orgânico.
Temos aqui uma importante nascente de cabeceira que forma um curso d'água para o córrego Caparaozinho. Fui capacitado para fazer o isolamento da área e agora contribuo para reduzir a degradação ao meio ambiente, frisou.
Faria destacou que, além de ajudar na preservação ambiental, a iniciativa contribuiu para que passasse a produzir cafés especiais, que têm maior valor agregado.
A ação faz parte do Programa de Educação Ambiental da Samarco, junto aos produtores rurais da faixa de servidão dos minerodutos, em parceria com a Caparaó Jr., empresa formada por alunos do Curso Superior de Tecnologia em Cafeicultura do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), em Alegre.
Conforme explicou o orientador da Caparaó Jr. e professor do Ifes (Campus Alegre), João Batista Pavesi, o programa tem como foco a aplicação de boas práticas no uso e conservação do solo e da água.
Além dos benefícios ao ecossistema, as famílias passam a ter acesso a água mais limpa e em maior quantidade, o que não apenas aumenta a qualidade de vida, como possibilita ganhos financeiros.
Os grãos, depois de colhidos, podem ser processados de duas formas: por via seca, ou via úmida. A via úmida utiliza a água para fazer a separação do café maduro, do chamado café boia.
Como o próprio nome já diz, o café boia é aquele que fica na superfície da água. Isso ocorre por má formação dos frutos, grãos atacados por pragas, dentre outros motivos.
As máquinas usam água para fazer essa separação, mas a água tem que ter qualidade, pois interfere no processo. Quanto menor a quantidade de sujidades, melhor a qualidade do grão, destacou Pavesi.
Produtor de café, feijão, milho e amendoim na propriedade Nossa Senhora de Fátima, em Espera Feliz (MG), Juesélito do Amaral comemorou os resultados. A nossa atividade principal é a produção de café, mas até a nossa água foi eleita uma das melhores da região. Isso é fruto do trabalho em conjunto."
Relações Institucionais da Samarco, Denise Peixoto destacou que o programa não apenas promove a assistência técnica às lavouras, como incentiva que os produtores rurais se atentem à sustentabilidade ambiental, social e econômica das propriedades, por meio de capacitações.
Eles estão sendo capacitados, de modo que percebam o valor do que produzem e possam comercializar por preços mais justos."
Até o momento, foram promovidas intervenções em cerca de 12 nascentes, sendo a maioria em Dores do Rio Preto. Propriedades na região de Alegre, Guaçuí, Jerônimo Monteiro e Muniz Freire também têm sido contempladas. Outras 18 intervenções estão previstas até o final deste ano.
De modo geral, são contemplados produtores de regiões próximas ao Parque Nacional do Caparaó, tendo prioridade aqueles mais abertos a lidar com novas tecnologias.
As ações desenvolvidas em cada propriedade dependem das demandas de cada agricultor. A previsão é de que o programa seja ampliado em 2021.
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