O câncer de mama é a principal causa de morte por câncer em mulheres no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde. Seu diagnóstico vem sempre rodeado de dor e apreensão. Para quem descobre em estágio muito avançado, a notícia se torna ainda mais difícil. E, só no Espírito Santo, duas mulheres são diagnosticadas com a doença por dia, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
Em 2022, até esta segunda-feira (24), 775 mulheres foram diagnosticadas com a doença. Em relação a mortes por câncer de mama, foram 249. Mas, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a estimativa para 2022 é de 790 novos casos de câncer de mama no Espírito Santo. É o menor número dos últimos anos.
Em 2021, 1.321 mulheres foram diagnosticadas com a doença no Estado. O dado é maior que o do ano anterior (2020), com 1.010 novas ocorrências. Já em 2019, houve 1.103 diagnósticos, enquanto 2018 registrou 962 novos casos de câncer de mama.
Em relação a mortes, 2021 teve 336 mortes, enquanto 2020 registrou 356. Já em 2019, foram 361 e, em 2018, 343 óbitos pela doença.
O câncer de mama é um tumor que resulta da multiplicação de células anormais da mama, sendo que há vários tipos de câncer de mama. Alguns evoluem rapidamente; outros não. A maioria dos casos tem boa resposta ao tratamento, principalmente quando diagnosticado no início.
De acordo com o Inca, não há uma única causa para a doença. Fatores hormonais, ambientais, comportamentais e genéticos, por exemplo, aumentam o risco de desenvolver o problema, sendo que o risco é ainda maior a partir dos 50 anos.
“Mulheres acima dos 50 anos têm maior probabilidade de desenvolver o câncer de mama. Porém, como esse tipo de câncer têm diversas causas, pode ocorrer em qualquer fase da vida da mulher. Todas devem ficar alertas a qualquer alteração e procurar imediatamente o médico”, explicou a ginecologista e obstetra Anna Carolina Bimbato.
Um caroço (nódulo) fixo, endurecido e geralmente indolor é a principal manifestação da doença, além de alterações no bico do peito (mamilo), saída espontânea de líquido de um dos mamilos, pequenos nódulos no pescoço ou na região embaixo dos braços (axilas) e pele da mama vermelha ou parecida com casca de laranja.
“É importante saber que o câncer de mama não tem uma causa única e que existem inúmeros fatores que aumentam sua incidência. Fatores hormonais, como primeira menstruação muito cedo, gravidez após 30 anos e uso de hormônios aumentam o risco. Alguns fatores comportamentais como consumo excessivo de álcool, obesidade e exposição a substâncias tóxicas e radioativas também estão associadas a esse câncer”, destacou a médica.
O câncer de mama também pode atingir homens, situação que representa 1% dos casos, segundo o Ministério da Saúde.
A doença é classificada em quatro subtipos principais (tumores luminais A e B, HER2 positivos ou triplo negativos). O câncer de mama HER2 positivo é um dos mais agressivos e corresponde a cerca de 20% dos casos. Quando identificado precocemente, as chances de cura podem chegar a 95%.
“O câncer de mama tem cura e é importante que as mulheres saibam disso. E quanto mais precoce a detecção dessa doença, maior a chance de cura”, disse Anna Carolina.
O Inca recomenda que mulheres de 50 a 69 anos tenham acesso à mamografia de rotina — chamada de rastreamento — a cada dois anos. Para mulheres com menos de 50 anos, o exame não é exigido, pois, antes da menopausa, as mamas são mais densas (consistentes), e a mamografia de rastreamento acaba gerando muitos resultados incorretos.
Para realizar o exame, as mulheres devem procurar o posto de saúde mais perto de casa para serem orientadas e encaminhadas.
“Apesar de ser difícil ouvir esse diagnóstico, é importante destacar que, hoje em dia, há diversas opções de tratamento disponíveis que ajudarão o paciente a ter uma melhor qualidade de vida e aumentar seu tempo de sobrevida global, mesmo quando a presença do câncer é confirmada”, diz Lenio Alvarenga, diretor médico de Innovative Medicines da Novartis Brasil.
Segundo o Inca, mulheres que tenham mãe, irmã ou filha com história de câncer de mama antes dos 50 anos ou de câncer de ovário (em qualquer idade) devem conversar com o médico para avaliar seu risco e decidir a conduta a seguir.
O autoexame de mama é indicado para todas as mulheres a partir dos 20 anos, mas ele não substitui o exame clínico, segundo especialistas. Para isso, é importante que as mulheres conheçam seu corpo para que possam identificar qualquer tipo de mudanças.
Como as mamas podem ficar inchadas antes e durante o período menstrual, a recomendação é fazer o exame 7 dias depois do início do sangramento. No caso das mulheres que estão na menopausa, o ideal é escolher uma data fixa todos os meses.
Um autoexame completo é realizado em três etapas: a observação em frente ao espelho, a apalpação durante o banho e a apalpação deitada. Caso sinta qualquer tipo de nódulo, é importante ir até um médico para exames mais completos.
De acordo com especialistas, é possível reduzir os riscos de desenvolver o câncer de mama mantendo o peso corporal adequado, praticar atividade física e evitar o consumo de bebidas alcoólicas são atitudes que ajudam a reduzir o risco de ter a doença. Amamentar também é um fator de proteção.
“A prevenção do câncer de mama pode ser feita modificando algumas condições que aumentam a sua incidência. Sabemos que a obesidade, alimentação inadequada e consumo excessivo de álcool aumentam a chance de surgimento dessa doença. Porém os fatores hereditários não são modificáveis, então não conseguimos prevenir", explicou a ginecologista e obstetra Anna Carolina Bimbato.
A medicina deu importantes avanços no tratamento do câncer de mama nos últimos anos, principalmente no que diz respeito a cirurgias menos invasivas. O método varia de acordo com o estágio da doença, suas características biológicas, bem como das condições da paciente (idade, status menopausa, comorbidades e preferências).
E é importante ressaltar que todo o tratamento de câncer de mama pode ser feito pelo SUS (Sistema Único de Saúde), até mesmo a cirurgia de mastectomia.
Quando a doença é diagnosticada no início, o método utilizado tem maior potencial de alcançar a cura. Já quando há evidências de metástases, o tratamento tem por objetivos principais prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida.
As modalidades de intervenções contra o câncer de mama podem ser divididas em: tratamento local, com cirurgia e radioterapia (além de reconstrução mamária) e tratamento sistêmico com quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica.
Neste ano, o Ministério da Saúde incorporou no SUS o medicamento Trastuzumabe Entansina, ou TDMI-1, indicado para o tratamento de pacientes com câncer de mama HER2-positivo em esquema de monoterapia, método em que a terapia é realizada utilizando apenas uma droga ou procedimento. A portaria que incorpora o remédio ao SUS foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) no dia 12 de setembro.
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