Ex-alunos ilustres da Ufes: Elisa Lucinda, Fernando Achiamé, Lauro Ferreira Pinto, Paulo Hartung e Vitor Buaiz
Ex-alunos ilustres da Ufes: Elisa Lucinda, Fernando Achiamé, Lauro Ferreira Pinto, Paulo Hartung e Vitor Buaiz. Crédito: Arte: Geraldo Neto

70 anos da Ufes: ex-alunos ilustres relembram história da universidade

A Universidade Federal do Espírito Santo já formou mais de 65 mil pessoas, entre as quais personalidades da cultura, da política e da economia capixabas

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Vitória
Publicado em 07/05/2024 às 12h17

A cada ano, milhares de jovens e adultos ingressam na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) em busca da realização de um sonho: a primeira graduação, projetos de pesquisa, uma nova área profissional. De lá, saem formados para conquistar o mercado, uma posição de destaque, outros sonhos. E, claro, dar sua contribuição à sociedade. Pelas cadeiras da universidade, já passaram ex-governadores, artistas, profissionais da saúde, personalidades das mais diversas áreas que contribuem, cada um a seu modo, para o desenvolvimento e a projeção do Espírito Santo. E que, agora, celebram os 70 anos da instituição.

O médico infectologista Lauro Ferreira Pinto é um que se destaca entre ex-alunos ilustres da Ufes. Ele se formou em 1978, fez residência no Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam) e, depois, mestrado e doutorado em doenças infecciosas. Portanto, toda a sua formação foi na instituição. 

"Acho que a universidade tem um papel muito importante de estar em constante diálogo com a sociedade, em projetos que melhorem a qualidade de vida do cidadão capixaba. Seja em projetos de pesquisa, seja em projetos de extensão, entendo que a universidade tem que estar sempre aberta a dialogar e a proporcionar serviços à sociedade", ressalta o infectologista. 

Ex-governadores

Também médico, ainda atuante aos 80 anos, Vitor Buaiz ingressou na universidade na segunda turma, em 1962. Naquela época, já demonstrava que a política fazia parte da sua essência, ao lutar para conseguir a ampliação do prédio em que funcionavam as salas de aula. Fez parte do grupo que pediu audiência com o governo do Estado para agilizar obras em Cariacica para transferir, ao município, o orfanato Cristo Rei e, então, o imóvel ocupado pela instituição passaria ao curso de Medicina. 

Ingressou na política partidária e se elegeu deputado federal, prefeito de Vitória e governador do Estado. "Quando fui governador, coloquei R$ 500 mil no orçamento para a universidade e fizemos doações de aparelhagens", relembra.  A ligação de Buaiz com a universidade se mantém. Permaneceu como professor até os 70 anos e, mesmo depois, seguiu frequentando as reuniões de departamento e continua associado à entidade dos docentes.

Outro ex-governador das fileiras da Ufes é Paulo Hartung, hoje na presidência do Instituto Brasileiro de Árvores (Ibá). E foi na universidade, onde cursou Economia, que iniciou sua atividade política, no movimento estudantil. Foi deputado estadual, federal, prefeito de Vitória, senador e, por três mandatos, ocupou a principal cadeira do Palácio Anchieta.

"Com essa caminhada, eu quero celebrar esses 70 anos da nossa academia, da universidade pública capixaba. Celebro, torcendo muito para que, neste mundo em transformação acelerada, que está desafiado pela emergência climática, talvez um dos maiores desafios da caminhada humana, esse mundo que tem desafios e oportunidades na digitalização, na evolução da inteligência artificial (IA), quer dizer, neste mundo, a minha torcida é que a nossa Ufes setentona possa ter a capacidade de se renovar cada vez mais e continuar prestando relevantes serviços", pontua. 

 Rita Camata
Rita Camata . Crédito: Vitor Jubini - 27/09/2019

Luta pela democracia e liberadade de expressão

Com uma longa trajetória também na vida pública, a ex-deputada federal Rita Camata se formou na Ufes em Comunicação Social, na área de Jornalismo, na primeira turma após a ditadura militar. 

"Foi um período muito rico de militância, mas, para mim, muito difícil porque estava em um curso de Jornalismo, com professores vindos do exílio, a maioria deles, e eu, logo em seguida, casei com o Gerson (Camata), que foi o primeiro governador eleito depois da ditadura, no Espírito Santo.  Eu vivi todas as demandas que são vividas em uma universidade pública, num tempo de efervescência pela democracia extremamente grande. Foi uma experiência rica, importante para mim, mas muito difícil também", ressalta.

Para Rita, a Ufes é uma grande instituição, reconhecida pelo ensino de excelência. "Espero que possa retribuir cada vez mais para a população aquilo que é investido, em conhecimento científico e em formação profissional para nossos jovens", destaca a ex-parlamentar, responsável, entre outras pautas importantes, pela relatoria da lei que criou o Estatuto da Criança e do Adolescente.

Elisa Lucinda
Elisa Lucinda. Crédito: Jonathan Estrella

Atriz, escritora, cantora, artista capixaba. Assim se define Elisa Lucinda que, entre tantas facetas, também fez Jornalismo na Ufes. 

"Eu ia vestida para a universidade como se eu fosse uma personagem. Quem é da época lembra: eu ia com sombrinha de brechó, com camisola de cetim, como se fosse um vestido. Era um espetáculo! Eu amava aquela universidade, eu amo a Ufes até hoje, eu amo me apresentar aí", frisa a artista, que atualmente mora no Rio de Janeiro. 

Elisa Lucinda exalta o período pelo qual passou na universidade. "Eu me sinto vitoriosa, vindo de Vitória, mas as bases do meu saber e da minha expertise, eu bebi na minha ilha, e a Ufes é o panteão desse meu conhecimento!"

Passeio por Vila Velha, como nasceu e cresceu a cidade mais antiga do ES - Fernando Achiamé, poeta e historiador
Passeio por Vila Velha, como nasceu e cresceu a cidade mais antiga do ES - Fernando Achiamé, poeta e historiador . Crédito: Fernando Madeira - 20/05/2021

Destaques em diversas áreas

Da academia universitária até a Academia Espírito-Santense de Letras: essa é parte da trajetória do arquivista e historiador Fernando Achiamé, também formado na instituição, durante a ditadura militar, época em que, inclusive, sofreu sanções por participar de manifestações. Anos mais tarde, se tornou professor na instituição. Ele destaca a influência da universidade ao longo dessas sete décadas.

"A Ufes comemora 70 anos de muitos bons serviços prestados à comunidade capixaba, tanto na área da educação, evidentemente, com muitos cursos, quanto na área de pesquisas, avançando em conhecimento, e também na interação com a sociedade. Então, a gente tem que ressaltar o pioneirismo, a influência da Ufes se faz em todo o território do Espírito Santo, proporcionando, inclusive, para a sociedade capixaba, melhores condições de vida". 

Também passaram pelos bancos da Ufes Sebastião Salgado (fotógrafo), Viviane Mosé (poetisa e filósofa), Bernadete Lyra, Reinaldo Santos Neves, Francisco Grijó e Caê Guimarães (escritores); Afonso Abreu (músico), Castiel Vitorino Brasileiro e Kika Carvalho (artistas plásticas); Juliano Enrico (quadrinista, ator e criador da animação "O Irmão do Jorel"); Miriam Leitão (jornalista), Daniel Furlan (humorista); Reinaldo Dietze e Tadeu Marino (médicos), entre milhares de outros nomes que se destacam em suas áreas.  

Esses profissionais fazem um pequeno recorte da universidade, que já formou mais de 65 mil pessoas desde a sua criação e tem um papel fundamental na história capixaba.

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