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A misteriosa morte do sargento que investigava o caso Araceli

O sargento José Homero Dias foi assassinado com um tiro nas costas durante uma missão para prender traficantes na Vila Rubim, em Vitória. Circunstâncias da morte nunca foram esclarecidas

Tempo de leitura: 2min
Publicado em 20/05/2023 às 08h03

Após o desaparecimento e a confirmação da morte de Araceli Cabrera Crespo, de 8 anos, em maio de 1973,  as investigações ficaram em evidência, com a opinião pública cobrando respostas. O sargento José Homero Dias, do serviço secreto da Polícia Militar, foi um dos homens destacados para fazer o levantamento de informações, na busca de possíveis suspeitos.

Entretanto, ainda em 1973, ele foi retirado do caso e, em novembro daquele ano, acabou assassinado. O Ministério Público considerou a morte suspeita, porque o policial estaria chegando perto da autoria do crime.

Caso Araceli
Sargento José Homero Dias, morto no mesmo ano que Araceli. Crédito: Reprodução/Globo Repórter 1977

Meio século depois, Carlos Magno Dias, o filho mais velho do sargento assassinado, lembra do pai que perdeu quando tinha 9 anos. "Meu pai era um sujeito simples, que veio do interior, trabalhando vendendo verdura. Teve a oportunidade de ingressar na polícia. Um soldado exemplar, recebeu um troféu de honra ao mérito por ser muito disciplinado."

Na época do crime, o sargento trabalhava na P2, o serviço secreto. "Ele não trabalhava fardado nessa ocasião, quando ele entrou para essa equipe de investigação", relembra.

Caso Araceli
Carlos Magno, filho do sargento Homero Dias. Crédito: Fernando Madeira

Para Carlos Magno, o pai foi vítima de uma emboscada por não ter aceitado se corromper. "Preferiram tirar a vida dele porque ele não aceitou o suborno. Se ele tivesse aceitado, talvez estivesse vivo."

O sargento, que já havia sido retirado do caso Araceli, foi designado, em novembro de 1973, para uma missão de prender traficantes na Vila Rubim, em Vitória. Na diligência, o alvo da polícia era o traficante conhecido como Paulinho Boca Negra, que, segundo a versão oficial, teria atirado e matado o sargento Homero. O criminoso, que negava a autoria, acabou morto na prisão.

Carlos Magno lembra que o pai estava muito revoltado com a morte de Araceli. "Ele tinha uma filha da idade dela praticamente, entendeu? Então, quer dizer, não é fácil você se colocar no lugar do outro perdendo filho dessa forma, da forma bruta como essa menina foi morta."

Meio século depois, Carlos Magno faz questão de afirmar o orgulho que tem do pai, até hoje. "Ele é um herói, se ele tivesse aceitado o suborno, talvez eu não falasse dele com tanta satisfação."

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