O número de adolescentes que usam camisinha durante as relações sexuais diminuiu em todo o Brasil nos últimos 10 anos, segundo uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta quarta-feira (13). Em Vitória, em 2019, 46% dos alunos do 9º ano do ensino fundamental afirmaram que se protegiam, enquanto esse percentual era de 65,6% em 2009.
Apesar de preocupante, a situação do Espírito Santo ainda é uma das melhores do país. Entre as 27 capitais analisadas, Maceió́ e Vitória foram as que apresentaram as menores chances de os estudantes apresentarem esse tipo de comportamento. Os municípios que ocupam o topo do ranking são Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC) e Manaus (AM).
O levantamento também aponta que cresceu o número de adolescentes com a vida sexual ativa em Vitória, sobretudo aqueles entre 13 e 15 anos. Em 2009, 22,3% dos alunos escutados já tinham tido relações sexuais. Dez anos depois, esse valor já era de 27,3%, representando um aumento de quase 23% no período.
A ginecologista e obstetra Anna Bimbato explica que a falta do uso da camisinha, aliada à vida sexual cada vez mais precoce, já têm refletido nos consultórios. O principal motivo, de acordo com ela, seria o alto índice de adolescentes com doenças sexualmente transmissíveis (DST).
"As pessoas deixaram de ter medo das infecções sexuais, principalmente os jovens. Hoje, acham que todas as doenças sexualmente transmissíveis têm tratamento, mas não é bem assim. Eles não viram como a AIDS matou nos anos 1980", destaca.
Ela detalha que uma das doenças que mais tem disparado no país é a sífilis, que, se não tratada corretamente, pode levar à morte. Os sintomas variam, mas os mais frequentes costumam ser feridas nos órgãos genitais, irritações na pele, entre outros.
"Existem inclusive algumas doenças que são assintomáticas. Quem tem clamídia, por exemplo, não apresenta sintomas, mas é um quadro que pode levar à infertilidade. A pessoa fica sem saber o que tem e quando decide ter um filho, não consegue", exemplifica e médica.
Outro problema ocasionado pela falta do uso da camisinha é a gravidez na adolescência. A internet contribui para o agravo desse quadro, segundo afirma Bimbato.
Conforme mostra a pesquisa do IBGE a taxa de iniciação sexual das meninas, entre 2009 e 2019, aumentou de 14,1% para 22,7%.
Para minimizar os riscos, a ginecologista orienta um maior diálogo entre as famílias e um esforço redobrado das entidades de saúde e educação para conscientizar os adolescentes sobre a importância do preservativo.
"Esse assunto deveria ser abordado especialmente dentro de casa, porque as crianças sabem das coisas cada vez mais cedo e os pais ficam receosos em conversar. Além disso, a nossa educação sexual nas escolas, nas unidades de saúde, precisa ser reforçada. O jovem não tem consciência das consequências que isso traz para a vida dele. Eles procuram ajuda no Google, nas redes sociais, o que não é bom. A partir do momento que decidir ter uma vida sexual ativa, deve ser acompanhado de perto por profissionais".
Quanto a educação em sala de aula sobre prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, o estudo do IBGE mostra que a quantidade de alunos que recebeu esse tipo de orientação aumentou. Em 2009, o percentual de adolescentes de Vitória que informaram tal aspecto foi de 84,9% e, em 2019, de aproximadamente 90,6%.
Ainda de acordo com a pesquisa, houve um aumento expressivo em relação ao uso de álcool e de outras drogas durante a adolescência. Em 2019, cerca de 60,5% alunos do 9º ano do ensino fundamental da Capital Capixaba já haviam experimentado alguma bebida alcóolica.
Sobre o consumo de drogas ilícitas, o estudo revelou que teve um crescimento de 7,9% para 16,6% ao longo da década. Além disso, 20% desses estudantes capixabas já fumaram cigarro alguma vez na vida.
Em relação à precocidade da exposição, ou seja, aqueles alunos do 9º ano que usaram droga pela primeira vez com 13 anos ou menos, houve crescimento de mais de 110%, sendo de 3,3% em 2009 e de 7,1% em 2019.
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