Ter um animal de estimação exige, necessariamente, que o tutor tenha tempo e espaço. Durante a rotina, é preciso oferecer alimentação, ter cuidados com a saúde e higiene, além de investir em passeios com o pet, por isso também da importância do espaço de convivência. Quem mora em Vitória, por exemplo, tem à disposição áreas verdes e praças públicas. No entanto, quem tem um cãozinho não tem permissão para entrar com o bichinho em parques da cidade, como a Pedra da Cebola – no caso desse em específico, além da regra, o parque tem uma colônia de gatos, e segundo a ONG local, a entrada de cachorros colocaria os bichanos em risco.
São pelo menos 20 parques espalhados pela cidade, entre os espaços classificados como parques urbanos e outros tidos como parques naturais. Todos os espaços são mantidos pela Prefeitura de Vitória. Um decreto municipal determina que o acesso de pets em parques da cidade é proibido, com exceção de cães guias, cuja entrada é autorizada com a identificação e comprovação de treinamento.
O repórter fotográfico de A Gazeta Ricardo Medeiros esteve no Parque Pedra da Cebola e identificou, em uma das entradas, uma placa que informa a respeito das proibições aos visitantes. Apesar de não estar muito visível a regra, em uma das linhas está escrito o seguinte: "o acesso com animais".
Apesar do decreto estabelecido pela Prefeitura de Vitória, uma indicação feita pelo vereador Chico Hosken (Podemos) pediu a instalação de um 'pracão', espaço destinado aos cães, no parque Pedra da Cebola, na Mata da Praia, em Vitória. A indicação foi feita na última quinta-feira (29) na Câmara de Vereadores da cidade.
Vereador Chico Hosken
Em pedido à PMV
"A indicação se justifica tendo em vista que o parque é muito frequentado por pessoas com seus cachorros, por isso a importância de um local adequado e seguro para se divertirem"
De acordo com a assessoria do vereador, antes de ser enviado ao prefeito, o pedido será incluído na pauta para leitura durante Sessão Plenária na Câmara. Após o trâmite, o prefeito de Vitória tem até 30 dias para enviar uma resposta ao vereador. A regra da prefeitura vale para todos os parques da cidade, enquanto a proposta do vereador é instalar um pracão apenas na Pedra da Cebola. Ou seja, até que a prefeitura decida o contrário, segue proibida a entrada de cachorros no parque.
Caso aprovado, os cães poderão voltar à Pedra da Cebola?
Considerando a indicação do vereador, a reportagem de A Gazeta procurou a Prefeitura de Vitória para saber sobre a possibilidade de a Pedra da Cebola receber o chamado pracão. Em nota, a prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, lembrou o decreto que proíbe a entrada de cachorros em todos os parques da cidade.
Sobre a indicação do vereador, a secretaria informou que ainda não recebeu a solicitação, mas que não é "recomendável" instalar um espaço destinado aos cachorros na Pedra da Cebola, onde há dezenas de gatos.
Secretaria de Meio Ambiente
Trecho de nota oficial
"Considerando as condições específicas do Parque Municipal da Pedra da Cebola, envolvendo a colônia de gatos [...] não se mostra recomendável a instalação atualmente de qualquer equipamento púbico que venha atender a esse tipo de demanda"
Apesar da resposta enviada, a secretaria informou que não descarta uma análise futura e reforçou que está trabalhando para implementar políticas públicas inclusivas para a causa animal.
A Prefeitura de Vitória lembrou que a cidade conta com espaços para convivência, os Pet Parks, também chamados de pracão - em referência à junção das palavras praça + cão. Nestes locais, que são separados por alambrado, há liberdade para retirada da coleira.
A secretaria destacou que os gatos situados na Pedra da Cebola foram castrados e microchipados pelo Programa Vitória da Castração Animal e por Ongs e, que atualmente, monitora a colônia de felinos, que é fechada e sem capacidade de se reproduzir.
ONG cuida de gatos na Pedra da Cebola: o que pensa do projeto?
A Organização Não Governamental (ONG) Gatinhos Pedra da Cebola é o grupo responsável por cuidar e castrar os gatos do parque. A equipe atua em benefício da colônia de gatos formada há cerca de dez anos na Pedra da Cebola. A ONG estima que mais de 200 gatos vivam no local. Na avaliação da empresária Ilka Westermeyer, que integra a ONG há mais de quatro anos, permitir a entrada de cachorros no Parque Pedra da Cebola pode colocar em risco a vida dos gatos.
"É essencial não permitir a entrada de cachorros no parque, porque vai ser uma bagunça, pode desestabilizar a colônia. Cachorro não ficará bem neste parque. Acho que há outros parques mais apropriados para os cachorros", afirma.
Ainda segundo Ilka Westermeyer, a ONG funciona com o auxílio de valores doados por integrantes do grupo e de pessoas que têm intenção de ajudar. "A gente compra ração do nosso bolso ou pede doação. Mas a gente gasta mais dinheiro do que recebe. É uma luta para alimentar os gatos", conta.
O grupo começou a atuar no local em 2018 com o objetivo de castrar os gatos que já estava lá, todos eles abandonados.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.