O aprendizado e a dedicação quebraram as barreiras da sala de aula. Em busca de inspirar novos olhares sobre a representatividade negra e as questões raciais, os alunos do ensino médio da Escola Estadual Dr. Francisco Freitas Lima, em Ilha das Flores, Vila Velha estão realizando uma exposição de quadros que mostram como cada um vê o negro na sociedade.
As obras, produzidas pelos alunos do 1° ao 3° ano, estarão em exibição no Boulevard Shopping Vila Velha, na entrada C, até o próximo domingo (12).
Segundo o professor e coordenador do projeto, Marcio Freitas, as telas em acrílico são frutos de um trabalho didático realizado durante o ano.
“Hoje, no Brasil, existe uma lei que estabelece que as escolas precisam ensinar a história e a cultura afro-brasileira. Entendendo a importância dessa lei e deste tema, trabalhamos com os alunos durante todo o ano letivo acerca das questões raciais e de representação negra.”, disse Márcio, que também é coordenador da área de Ciências Humanas do colégio.
O professor ainda contou que a iniciativa da pintura em telas veio por parte dos alunos. “A princípio, faríamos as atividades por meio de desenho em papel mesmo, mas os estudantes realmente se empolgaram e sugeriram para utilizarmos telas. Logo, mobilizamos a escola e os materiais para que eles realizassem as pinturas nos intervalos e no contraturno”.
As obras trazem temas como racismo, desigualdade, escravatura, beleza e cultura negra, liberdade, religião, conhecimento e esperança. Como a pintura Yabás que, segundo a aluna e artista Eduarda da Silva de Oliveira, é uma celebração da rica herança das religiões de matriz africana e afro-brasileira e uma inspiração pessoal para ela.
“Foi extremamente gratificante e um ato revolucionário representar minha visão e minhas ideias através desses quadros. Esse em específico traz um pouco da minha infância e das memórias da minha avó, que era praticante de uma religião africana. Para mim, foi uma oportunidade de conhecer mais sobre essa cultura e religião.”, contou a estudante de 17 anos.
Vinte anos após a formalização do Dia da Consciência Negra no Brasil, para o coordenador esse olhar dos alunos diz muito sobre a sociedade atual, o que mudou e o que ainda precisa mudar.
“A atividade é sobre olhar e representar por meio da arte o como esses alunos enxergam a realidade de pessoas negras no país. Por isso, essas obras que mostram dor, desigualdade, beleza e esperança são muito significativas. Mostram como essa nova geração está vendo o mundo”, afirmou Márcio.
A estudante também ressaltou a importância de todos pesquisarem sobre o tema da questão racial no Brasil e que essa exposição pode ser o primeiro passo para uma mudança de pensamento.
“É importante falar sobre o racismo, sobre a cultura e história negra no país e que essa iniciativa venha de instituições, escolas e até mesmo de você. Às vezes parece difícil mas se informar sobre essa temática para não julgar erroneamente já é o primeiro passo para a mudança. Conhecer e reconhecer temas como os que foram abordados nessa exposição já é um ato antirracista”, afirmou Eduarda.
As obras estarão em exibição gratuita no Boulevard Shopping Vila Velha, em Itaparica, na entrada C, até o dia 12 de novembro. Os alunos também criaram um site em que é possível conferir todas as pinturas com descrição e nome do autor. Confira aqui.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta