Após o anúncio de que será transformado em local para armazenamento de sacas de café, laboratório e escritórios da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Centro Cultural Carmélia virou alvo de disputa. Mas uma visita ao local mostra o estrago promovido pelos sete anos de abandono.
Na tarde desta segunda-feira (03), a nossa reportagem foi ao imóvel, que vai receber o material que atualmente está abrigado nos Galpões do IBC, em Jardim da Penha, cuja venda foi anunciada pela União.
O cenário do teatro era de completo abandono, como relata o fotógrafo Fernando Madeira. Para realizar as imagens ele precisou usar a lanterna do celular, uma vez que o ambiente não conta com nenhum tipo de iluminação, estando totalmente escuro.
Equipamentos como cadeiras do teatro, refletores, ar-condicionado, tudo abandonado e sendo deteriorado pela ação do tempo. Há infiltrações, muita umidade, cheiro de mofo, poeira, e parte da estrutura lateral desabou.
Pelos corredores, restos de antigas exposições ficaram abandonadas no local. Há ainda muito material sendo armazenado, que acabou sendo transformado em um depósito.
PROTESTO
Produtores e artistas tinham a esperança do Carmélia - que já não recebia espetáculos há sete anos - ser reformado ou transformado na Cidade do Samba, revitalizando a região em que o centro cultural se encontra.
Com a notícia, a classe cultural se reuniu na sexta-feira (31) para debater ações no intuito de tentar barrar o fechamento do complexo como campanhas nas redes sociais, podendo até abrir uma ação cível contra a União e a realização de uma manifestação em frente ao prédio, no bairro Mário Cypreste, programada para terça-feira (4).
PREFEITURA QUER MANTER ESPAÇO
Inaugurado em 1986, o Centro Cultural Carmélia Maria de Souza já sediou grandes espetáculos e festivais de teatro, recebendo artistas locais e de renome nacional. O espaço também contava com uma biblioteca e um cinema de arte.
A área ocupada pelo Centro Cultural pertence à Conab e, no passado, abrigou o Instituto Brasileiro do Café (IBC). A parte do teatro estava cedida à Prefeitura de Vitória, mas há sete anos não é utilizada. A outra parte está em posse do governo estadual, e abriga a TV Educativa (TVE). A emissora terá que deixar as instalações.
Nas redes sociais, o prefeito Luciano Rezende informou que a utilização do espaço para armazenamento de café surpreendeu o município. “O foco do município, a nossa intenção é fortalecer a economia criativa, as atividades humanas, a cultura, o lazer, atividades que possam trazer turismo para a cidade, que gera muito emprego e renda”.
O plano, segundo ele, era utilizar a área para a cidade do samba, onde as comunidades podem fazer suas alegorias mais pesadas. “Fazer com que se tenha o desenvolvimento da infraestrutura de um espetáculo que traz renda para cidade, que promove movimentação turística e desenvolve a cidade”, assinalou.
Acrescentou ainda que estaria identificando os instrumentos legais que possam permitir que a prefeitura utilize o imóvel. “Vamos ainda esgotar o diálogo com a União, para que entenda que esta decisão não atende aos interesses da cidade. Precisamos manter aquele teatro na região”, disse o prefeito.
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