O analfabetismo no Espírito Santo teve leve queda entre 2019 e 2022. A taxa geral de pessoas de 15 anos ou mais que não sabem ler ou escrever foi de 4,8% da população para 4,7%, continuando em uma tendência de redução que vem desde 2016. Contudo, quando observado o recorte por raça/cor é possível perceber que a redação entre brancos foi maior, de 3,9% para 3,5%. Já entre pretos e pardos, houve alta, de 5,2% para 5,4%.
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua: Educação 2022, divulgada em 7 de junho pelo IBGE. Essa é a primeira divulgação de dados educacionais após a pandemia. Por conta da mudança na forma de coleta implementada emergencialmente durante o período de distanciamento social, a divulgação dessas informações foi suspensa em 2020 e 2021, retornando agora com os resultados para 2022.
Segundo o presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação do Espírito Santo e secretário de Educação de Jerônimo Monteiro, Vilmar Lugão de Britto, o racismo estrutural da sociedade se reflete também na educação, e ainda é reproduzido dentro da escola.
"A escola reproduz o que está no contexto social, é um equipamento que faz parte da sociedade. Mas mesmo que reproduza certas situações, também será ela que terá essa responsabilidade e o compromisso de trabalhar no seu fazer pedagógico essas questões pra que a gente consiga minimizar essa diferença a cada dia", aponta.
Ele esclareceu, contudo, que o Estado tem mais de 90% de pessoas alfabetizadas, o que já é considerado como universalização. Ainda assim, ele afirma que, como a obrigações de estudo é só até os 14 anos, é preciso que haja um esforço conjunto para identificar e alfabetizar essa parcela da população que ou não estudou, ou largou a escola cedo demais.
"É um trabalho de conscientização que pode ser feito de forma intersetorial, Os profissionais da Saúde, por exemplo, conseguem adentrar a casa das pessoas e podem auxiliar nesse convencimento; a assistência social também está bem próximo das famílias e pode incentivar as pessoas a buscarem a escola, enfatizando que, por meio de educação, poderão ter uma melhora na sua vida", pontua.
Assim como Vilmar, a subsecretária de Educação Básica e Profissional da Secretaria de Estado do Espírito Santo, Andrea Guzzo, aponta que há vagas de educação de jovens e adultos (EJA) disponíveis.
"A gente, desde 2019, instituiu a educação de jovens e adultos com projeto prioritário. A gente vem retomando as matriculas da EJA, o que caiu muito foi o acesso, a adesão das pessoas para a EJA. Mas no Estado a gente aumentou a oferta", esclarece a secretária.
Segundo ela, hoje o programa é oferecido em diversas modalidades diferentes. Há o EJA regular, mas também aquele integrado à educação profissional, em que a pessoa completa o ensino fundamental ou médio e ainda sai com uma formação técnica.
Há ainda um "EJA jovem", que tem aulas pela manhã, e que tem com público-alvo estudantes com 15 anos ainda no ensino fundamental, ou com 18 que estão ainda no ensino médio. O objetivo é fazer mais pessoas concluírem os estudos na idade correta.
Assim como no restante do Brasil, o nível de analfabetismo no Espírito Santo é maior entre pessoas mais velhas. Dos capixabas com mais de 60 anos, 15,7% é analfabeta.
Isso indica, segundo o IBGE, que as gerações mais novas estão tendo maior acesso à educação e sendo alfabetizadas ainda crianças, enquanto permanece um contingente de analfabetos, formado principalmente, por pessoas idosas que não acessaram à alfabetização na infância/juventude e permanecem analfabetas na vida adulta.
A taxa geral de analfabetismo entre pessoas com mais de 15 anos no Espírito Santo em 2022 é a segunda pior do Sudeste, só ficando atrás de Minas Gerais, que tem taxa de 4,8%. Já a situação de Rio e São Paulo é melhor, com resultados de 2,1% e 2,2%, respectivamente.
No Brasil, a taxa de analfabetismo recuou de 6,1% em 2019 para 5,6% em 2022. O Nordeste tinha a taxa mais alta (11,7%) e o Sudeste, a mais baixa (2,9%).
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