A Associação Médica do Espírito Santo (Ames) divulgou uma nota em que repudia a fala do secretário de Estado de Governo, Tyago Hoffmann, durante uma entrevista à TV Gazeta na última segunda-feira (8), em que disse que os médicos terão a dura missão de escolher quem vai viver e quem vai morrer, em um contexto do limite da expansão de leitos de UTI para tratamento do novo coronavírus no Espírito Santo.
Na nota, divulgada na manhã desta quarta-feira (10), a Associação diz que a responsabilidade pela compra e disponibilização de materiais e insumos adequados para o combate à pandemia do COVID-19 é de responsabilidade do Estado. Logo, a culpa atribuída aos médicos, em decidir quem vai viver ou morrer, por não terem materiais adequados para trabalhar e exercer dignamente sua profissão é leviana e coloca os profissionais numa situação desmoralizante diante de toda sociedade. Confira a nota na íntegra:
A Associação Médica do Espírito Santo (AMES) vem a público repudiar veementemente a fala do secretário de Estado de Governo, Tyago Hoffmann, que afirmou em entrevista veiculada no BOM DIA ES, da TV Gazeta, na última segunda-feira (08/06), que os "médicos terão que escolher quem vai viver e quem vai morrer", devido à falta de leitos e respiradores nas UTIs dos hospitais do Estado. A AMES ressalta que a responsabilidade pela compra e disponibilização de materiais e insumos adequados para o combate à pandemia do COVID-19 é de responsabilidade do Estado. Logo, a culpa atribuída aos médicos, em decidir quem vai viver ou morrer, por não terem materiais adequados para trabalhar e exercer dignamente sua profissão é leviana e coloca os profissionais numa situação desmoralizante diante de toda sociedade.
O presidente da Ames, Leonardo Lessa Arantes, afirmou que a entidade considerou a declaração do secretário inoportuna e uma tentativa de transferir a responsabilidade, que é do Estado, para os médicos.
A associação considera totalmente inoportuna a fala do secretário, né? Uma tentativa de transferir a responsabilidade que é do Estado, que é prover leitos, equipamentos, condições dignas de trabalho e de atendimento para a população, para o médico. Então, a gente vê com bastante preocupação esse tipo de atitude, de afirmação, de uma pessoa que vem da parte do governo. Isso causa até um certo pânico nas pessoas, um tipo de declaração dessa. Neste momento que a gente tá vivendo, esse tipo de coisa não constrói, só atrapalha, disse.
Na última segunda-feira (8), em entrevista à TV Gazeta, o secretário Tyago Hoffmann falava sobre o limite da expansão de leitos para tratamento do novo coronavírus no Espírito Santo. Hoffmann destacava a quantidade de leitos já abertos, a rápida ocupação dos mesmos e os limites físicos e financeiros para abertura de mais unidades do que o previsto, quando deu a declaração de que, neste contexto, os médicos terão a dura missão de escolher quem vai viver e quem vai morrer.
O secretário foi procurado, por meio da Secretaria de Estado de Governo, para comentar a nota de repúdio da Associação. Em entrevista à reportagem de A Gazeta para comentar a nota o secretário Tyago Hoffmann afirmou que a nota de repúdio da Ames está "descontextualizada".
"Repudio essa nota de repúdio. Está descontextualizada. Eu não falei o que está na nota de repúdio. Estamos com 600 leitos de UTI, não podemos passar muito de 800, que é o nosso limite. Todo nosso trabalho é para não chegar nisso, porque se ocuparmos os 800 caberá aos médicos decidir. Foi isso que falei. É o que vimos acontecer no mundo. Se chegarmos no limite de ocupar todos os leitos, caberá ao médico escolher", informou o secretário.
Hoffmann acrescentou ainda que respeita os profissionais de saúde que estão atuando na linha de frente de combate à Covid-19 no Espírito Santo.
"Quero deixar claro o meu absoluto respeito a todos os médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, profissionais de saúde que estão trabalhando incansavelmente nessa pandemia. São heróis. Essa nota tenta me jogar contra os médicos. A responsabilidade por abrir leitos e de comprar equipamentos é nossa, não fugimos a essa responsabilidade. Não temos condições de abrir leitos eternamente. Se ocuparmos todos, os médicos vão ter que escolher quem vive e quem morre. Meu apelo foi para a sociedade, para respeitarem o isolamento social", ponderou o secretário.
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