Se o aposentado Antives Magri, de 72 anos, precisasse escolher um filme que definisse a própria vida, poderia ser a comédia "Em busca do ouro perdido", lançada nos Estados Unidos, em 1994. A quilômetros de distância do local das filmagens, o capixaba tenta a sorte para encontrar preciosidades perdidas por banhistas na Praia do Iate, em Vitória. Na Capital, também é possível encontrá-lo nas ilhas do Frade e do Boi.
Em poucas horas de atividade com o detector de metais, ele costuma retirar da areia algumas tampinhas, anéis, colares e até ouro. Em uma das investi pelas areias, Antives conta que já achou até uma arma enferrujada. Apesar da surpresa, ele a deixou no mesmo local em que encontrou, nas proximidades da Ilha do Frade.
Quem encontrou o aposentado foi o fotógrafo Fernando Madeira, de A Gazeta. O "caçador de tesouros" mostrou o que havia conseguido até aquele momento e afirmou que escolheu a Praia do Iate considerando os últimos dias de sol e a já conhecida movimentação na região – que tem ainda a Praia da Guarderia e a Curva da Jurema.
O detector de metais usado por Antives é uma forma de ganhar um dinheiro extra. Ele também usa uma espécie de pá para cavar a parte da areia coberta pela água do mar. Com os pés calçados para se proteger do calor da areia e um boné na cabeça, o aposentado faz um trabalho silencioso e solitário.
Antives Magri
Eletricista aposentado
"Rodo tudo em Vitória, mas principalmente a Ilha do Frade, a Ilha do Boi e a Praia do Iate. É mais perto da minha casa, é um pulo. Mas também observo se é muito frequentada, se tem muitos turistas"
Antives é um antigo frequentador das praias de Vitória e conhece a região há pelo menos 65 anos, influenciado por alguns familiares pescadores que iam ao local antes mesmo da construção da ponte que liga a Praia do Canto à Ilha do Frade. Durante todo esse tempo, ele também procurava preciosidades na areia, mas ainda sem o aparelho que permite rastrear a presença dos metais no solo.
Aliando o desejo de continuar procurando ouro ao cuidado com a saúde, o aposentado investiu e comprou o detector. Segundo ele, o equipamento eletrônico pode variar entre R$ 500 e R$ 3.500. O item dele, por exemplo, é capaz de identificar diferentes tipos de materiais enterrados até 1,5 metro abaixo do solo.
Antives Magri
Eletricista aposentado
"Comprei o equipamento há uns dois meses, mas eu já fazia isso antes, com os olhos. Como eu tinha que andar e precisava fazer exercício, comprei o aparelho. Dá para tomar um sol de manhã, fazer o exercício e ter motivo para sair de casa"
Atualmente, o capixaba costuma caçar tesouros três vezes por semana. A rotina exige que ele chegue bem cedo, antes das 6h. A busca costuma durar cerca de três horas por dia. Segundo ele, é o suficiente para encontrar a sorte no meio do caminho.
"Dá para encontrar cordão, anel de brilhante ou de ouro. Já encontrei bastante aliança. Quando encontro ouro, costumo juntar em casa. Alguma coisa dou para parentes", afirma.
O aposentado ainda chama atenção para a quantidade de poluição nas praias. Segundo ele, os lixos tomam conta da natureza e, durante as buscas por ouro, muitos itens descartáveis de plástico são encontrados na areia.
Aposentado procura ouro perdido em praia de Vitória
De olho na movimentação turística e, principalmente, no que ela pode deixar para trás, Antives tem planos de ir para Guarapari depois do Carnaval e brinca. "O equipamento é dedo duro, entrega tudo que está no chão", diz, entre risadas.
Detectoristas devem procurar orientação com Iphan
Quem tem o hábito de procurar tesouros é chamado de detectorista. A prática é permitida, mas exige alguns cuidados, segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Aqueles que desejam iniciar uma atividade como o detectorismo deve se informar sobre a área que pretende explorar, antes de sair atrás de uma relíquia.
De acordo com o órgão, muitos locais históricos são repletos de sítios arqueológicos, onde é proibido esse tipo de "exploração". Sítios arqueológicos são locais em que são encontrados vestígios de ocupação humana, acima ou abaixo do solo. Ou seja, pode ser um cemitério, uma antiga moradia, inscrições rupestres ou qualquer indicação de que houve vestígio humano naquele local.
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