Raisa Barbosa Palazzo, 34, com o filho Lucas, 8 anos
Raisa Barbosa Palazzo, 34, com o filho Lucas, 8 anos. Crédito: Fernando Madeira

Capixaba de 8 anos entra para clube mundial de pessoas superdotadas

Lucas Palazzo de Morais é um dos 1.270 estudantes com altas habilidades/superdotação matriculados na Educação Especial, em classes comuns, no Espírito Santo, de acordo com o Censo Escolar 2021

Tempo de leitura: 3min
Publicado em 03/09/2022 às 08h30

Facilidade para resolver equações e desafios lógico-matemáticos, pensamento rápido e apurado, criatividade, prazer pela leitura e por atividades esportivas. Essas são algumas das características do estudante Lucas Palazzo de Morais, de 8 anos. Ele mora em Vitória e é uma das 1.270 crianças superdotadas ou com altas habilidades do Espírito Santo.

No ano passado, o menino passou por uma série de avaliações até que especialistas identificaram que o QI (quociente de inteligência) dele é 146. Tanto que, em junho deste ano, Lucas foi aceito em uma organização global que reúne pessoas com o mesmo perfil.

Em média, a população do Brasil apresenta um QI de 100 pontos, com variação de 85 a 115 (15 pontos para mais ou para menos). As pessoas superdotadas, ou superinteligentes, têm um QI muito acima dessa média e representam 5% da população do planeta, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

A mãe de Lucas, a arquiteta Raisa Barbosa Palazzo, de 34 anos, contou que percebeu que havia algo diferente com o primogênito quando as aulas deixaram de ser presenciais por conta da Covid-19, ainda em 2020. 

Por motivos relacionados à conexão com a internet, Lucas não conseguiu acompanhar a turma logo no início das aulas remotas. Após um período, mesmo atrasado, ele teve acesso às disciplinas e entendeu rapidamente todo o conteúdo. O garoto estuda em uma escola particular da Capital.

A capacidade de aprendizado chamou a atenção de Raisa e do marido dela, o médico Rafael Carvalho de Morais. A partir disso, no ano passado, o menino foi avaliado por um profissional de São Paulo e submetido a um teste referendado de inteligência.

Raisa Barbosa Pallazo

Mãe do Lucas

"O Lucas fez o WISC IV, teste padrão ouro para quociente de inteligência e, nesse teste, esse 146 significa que ele faz parte do percentil 99.9, ou seja, a cada 100 crianças, ele tem o QI maior do que 99.9 na idade dele"

Os testes também revelaram que ele tem perfil acadêmico, intelectual, criativo e produtivo. A superdotação não é uma doença, é uma condição neuroatípica genética, quando o cérebro funciona de uma forma diferente.

Desde 2013, os estudantes com essas características são direcionados para a Educação Especial, em que recebem acompanhamento para desenvolver suas potencialidades com direitos previstos na Constituição e na Lei de Diretrizes e Bases (LDB).

"No dia a dia, o que mais chama a nossa atenção é a matemática, mas ele adora ler e criar também. Ele faz contas de cabeça desde os 3 anos de idade. Nós estamos no processo de busca por atendimento escolar, que é muito difícil, pois as crianças superdotadas processam as informações de maneira muito rápida, principalmente quando é uma área de facilidade e interesse deles. A fisiologia do cérebro deles é diferente e, por isso, são considerados atípicos", explica a mãe.

O psicólogo e neuropsicólogo Damião Silva é especialista em altas habilidades. Ele explica que cinco áreas são observadas quando há uma investigação em curso para identificar se a pessoa tem características que indicam o nível intelectual acima da média:

  • Capacidade intelectual geral
  • Criatividade
  • Liderança 
  • Habilidades artísticas, psicomotoras, interpessoais
  • Habilidades acadêmicas específicas

Damião Silva

Psicólogo e neuropsicólogo

"Essas habilidades do conhecimento humano se apresentam de uma maneira muito notável e permanecem no indivíduo, ou seja, não desaparecem ao longo da vida."

Por conta disso, ainda de acordo com o especialista, essas habilidades "propiciam um destaque em uma ou mais áreas dada a sua ocorrência muito acima da média, comparando as pessoas da mesma faixa etária".

CLUBE MUNDIAL DE SUPERINTELIGENTES

Em junho deste ano, Lucas Palazzo de Morais foi integrado como membro da Mensa, uma organização fundada em 1946 no Reino Unido que reúne pessoas com altas capacidades intelectuais. É aceito no Mensa quem alcança 131 pontos ou mais nos testes.

No caso, é preciso percentil 98, ou seja, um QI superior a 98% da população. Os detalhes dos exercícios não são divulgados. Segundo a Agência Estado, a Associação Mensa Brasil, entidade que representa a Mensa Internacional, informou que o País conta com 2.014 mil associados, sendo 58 menores de idade.

A mãe de Lucas explicou que fez o cadastro por meio do site do clube Mensa. Os laudos do menino foram avaliados por profissionais da Psicologia, e o estudante foi considerado apto no Mensa Brasil e no clube internacional.

"Fazer parte do Mensa é interessante, porque não é todo mundo que sabe o que é superdotação. No clube, a gente ganha uma certa facilidade de acesso a algumas atividades e instituições. Imaginamos que ele vai aproveitar o grupo quando ficar maior", disse Raisa.

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