Ter uma rotina de hábitos saudáveis por meio da prática de atividades físicas e também da ingestão de alimentos ricos em nutrientes é a premissa básica para ter uma qualidade de vida e evitar diversos tipos de doenças.
No entanto, o que mais pode ser feito para evitar a morte por doenças como acidente vascular cerebral (AVC), infarto, pneumonia, entre outras enfermidades que estão no ranking das que mais matam no Espírito Santo e no Brasil?
Nos anos de 2020 e 2021, devido à pandemia, a Covid-19 foi a principal causa de mortes. Em 2022, de acordo com dados do Portal da Transparência do Registro de Óbitos do Conselho Nacional de Justiça, a doença saiu do topo do ranking.
De janeiro a setembro de 2022, as principais causas de mortes no Brasil foram pneumonia, septicemia, acidente vascular cerebral (AVC), causas cardiovasculares inespecíficas, infarto, Covid-19, insuficiência respiratória e síndrome respiratória aguda grave (SRAG), em ordem decrescente.
ÓBITOS NO BRASIL DE JANEIRO A SETEMBRO DE 2022
- Pneumonia- 137.678 óbitos
- Sepse- 118.223 óbitos
- AVC- 75.373 óbitos
- Causas Cardiovasculares inespecíficas - 72.780 óbitos
- Infarto- 70.283 óbitos
- Covid-19- 57.857 óbitos
- Insuficiência respiratória - 57.338 óbitos
- Indeterminada- 6.090 óbitos
- SRAG- 5.645 óbitos
- Demais óbitos- 327.428
Já no Espírito Santo, apesar de pneumonia, septicemia e AVC estarem no topo da lista, a ordem muda em relação às doenças que mais matam.
ÓBITOS NO ESPÍRITO SANTO DE JANEIRO A SETEMBRO DE 2022
- Pneumonia- 2.748 óbitos
- Sepse- 2.514 óbitos
- AVC- 1.903 óbitos
- Infarto- 1.554 óbitos
- Covid-19- 1.379 óbitos
- Insuficiência respiratória - 937 óbitos
- Causas Cardiovasculares inespecíficas - 926 óbitos
- SRAG- 141 óbitos
- Indeterminada- 0 óbitos
- Demais óbitos- 5.842
SEPSE, A INFECÇÃO GENERALIZADA
De acordo com o Ministério da Saúde, a sepse, segunda causa de morte mais registrada no Espírito Santo e no Brasil, trata-se de um conjunto de manifestações graves em todo o organismo produzidas por uma infecção.
Antigamente, a doença era conhecida como septicemia ou infecção no sangue. Hoje, no entanto, é mais conhecida como infecção generalizada.
"Não é uma infecção que está em todos os locais do organismo. Por vezes, a infecção pode estar localizada em apenas um órgão, como por exemplo, o pulmão, mas provoca em todo o organismo uma resposta com inflamação numa tentativa de combater o agente da infecção. Essa inflamação pode vir a comprometer o funcionamento de vários órgãos do paciente. Esse quadro é conhecido como disfunção ou falência de múltiplos órgãos", explica o Ministério da Saúde.
Segundo a pasta, os mais acometidos pela sepse são bebês prematuros, crianças abaixo de um ano de idade, idosos acima de 65 anos, pacientes com câncer, AIDS ou que fizeram uso de quimioterapia ou outros medicamentos que afetam as defesas do organismo, pacientes com doenças crônicas como insuficiência cardíaca, insuficiência renal, diabetes; usuários de álcool e drogas e pacientes hospitalizados que utilizam antibióticos, cateteres ou sondas.
No entanto, o Ministério da Saúde adverte que qualquer pessoa pode ter sepse, pois qualquer infecção pode evoluir para esse quadro. As mais comuns são: pneumonia, infecções abdominais e infecções urinárias.
Como prevenção, a orientação é iniciar o tratamento o mais rápido possível diante de qualquer infecção, sempre sob orientação médica.
Ministério da Saúde
Cargo do Autor
"As primeiras horas de tratamento são as mais importantes. Os pacientes devem receber antibioticoterapia adequada o mais rápido possível. Culturas de sangue, bem como outras culturas de locais sob suspeita de infecção, devem ser colhidos em uma tentativa de detectar o agente causador da doença. A sepse é uma emergência médica e seu tratamento deve ser priorizado"
PNEUMONIA, INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA E SRAG
As doenças respiratórias estão entre as principais causas de morte no Espírito Santo e no Brasil, com destaque para a pneumonia, a insuficiência respiratória e a síndrome respiratória aguda grave (SRAG).
De acordo com a pneumologista Dyanne Moyses Dalcomune, a pneumonia é, na maioria das vezes, um agravante de outras doenças pré-existentes no paciente como a diabetes, o enfisema pulmonar, entre outras.
Mais acometida em grupos etários extremos, ou seja, crianças pequenas e idosos, o recomendado, segundo a pneumologista, é tomar a vacina contra a pneumonia de acordo com a orientação do médico, seja ele o pediatra ou o geriatra.
“O esquema de vacinação da pneumonia varia de acordo com a marca do imunizante, por isso é fundamental conversar com o médico que está acompanhando o paciente para buscar orientação sobre a imunização”, pontua a médica.
Além da vacina, outra recomendação importante é manter as doenças pré-existentes sob controle, justamente para que, caso o paciente desenvolva uma pneumonia, não seja a forma grave da doença, além de observar o próprio corpo.
"Existe o senso comum de pegar friagem e contrair pneumonia, o que não é verdade. Mas, claro, é preciso observar o próprio corpo. Alguns pacientes, por exemplo, relatam que depois de estarem em ambientes com temperaturas muito frias, sentem o corpo mais fragilizado. Vai variar de pessoa para pessoa."
No caso das crianças pequenas, a pneumologista orienta que, com sinais de sintomas gripais, os pais tentem resguardá-las em casa, evitando levá-las para creche ou escola, por exemplo.
Dyanne Moyses Dalcomune
Pneumologista
"Quando a criança começa a ir para creche, ela se expõe mais a diversos vírus, diminuindo a imunidade e facilitando o desenvolvimento de uma pneumonia. É importante os pais ficarem atentos aos pequenos, que também são mais suscetíveis à doença."
Sobre as mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), a pneumologista afirma que as pessoas mais suscetíveis são as imunodeprimidas ou com comorbidades. A principal forma de prevenção é a vacina contra a gripe, aplicada anualmente nos grupos prioritários, e, em seguida, também em toda a população.
“A vacina contra a gripe sempre passa por uma atualização para combater o vírus que mais circulou. Além dela, existem algumas medicações antivirais que, sob orientação médica, podem evitar que a doença progrida para a síndrome respiratória grave e para o óbito”, explica.
Já a insuficiência respiratória, segundo a pneumologista, é a fase final de uma doença respiratória.
“Significa que o pulmão foi tão danificado, que não consegue mais manter o organismo vivo. Por isso, é fundamental que, ao ser acometido por uma doença respiratória, como gripe ou pneumonia, o paciente busque um médico e não menospreze os sintomas do seu corpo”, finaliza.
COVID-19
Para o infectologista Lauro Ferreira Pinto, o fator que contribuiu para a diminuição expressiva dos números de morte por Covid-19 foi a vacina contra a doença. Além disso, o médico salienta que, hoje, já existem no Brasil outras formas de tratamento que apresentam bons resultados no combate da doença.
“Estar com a vacina em dia reduz o índice de mortalidade da Covid-19. Mas, hoje, para imunodeprimidos ou para aquelas pessoas com comorbidades ou que resistiram à vacina, existem os anticorpos monoclonais e o remédio Evoshield, que são tratamentos já utilizados no Brasil. São caro, mas também evitam mortes”, explica o infectologista.
AVC, INFARTO E DOENÇAS CARDIOVASCULARES INESPECÍFICAS
Segundo a cardiologista Tatiane Emerich, AVC e infarto são doenças que têm os fatores de risco em comum por se tratar da obstrução de vasos sanguíneos cerebrais e do coração, respectivamente. Nesse caso, além de uma alimentação natural, sem a presença de produtos industrializados, o monitoramento da saúde é fundamental para a prevenção das doenças.
Tatiane Emerich
Cardiologista
"É preciso saber se tem pressão alta, saber o valor do colesterol, da glicose e das taxas. Isso só é possível por meio de exames de sangue, que devem ser feitos periodicamente, e não apenas quando o paciente sentir algum mal-estar."
Além disso, segundo a cardiologista, outros cuidados são fundamentais, como o controle diário do estresse, uma boa noite de sono e o combate ao tabagismo.
“Quando falamos de controle de estresse, as pessoas precisam procurar ambientes de trabalho que se sintam mais confortáveis e, além disso, procurar meios de aliviar o estresse, como a prática de atividade física e terapias. Sobre o sono, quando dormimos pouco, o nível de cortisol aumenta no corpo, sendo prejudicial ao organismo. O tabagismo nem precisa falar… Está aliado a diversas doenças e, intrinsecamente, relacionado ao AVC e ao infarto”, acrescenta.
Os mais acometidos por AVC são pessoas acima dos 55 anos de idade. No caso do infarto, o risco começa a aumentar a partir dos 40 anos para os homens, e a partir da menopausa para as mulheres. No entanto, um fator de risco que precisa ser monitorado é o histórico familiar, segundo Emerich.
Tatiane Emerich
Cardiologista
"Infarto em jovens é muito raro. Geralmente, quando acontecem, são acompanhados de um quadro de histórico familiar ou de uma doença congênita desconhecida pelo paciente. Vale lembrar que todo mundo tem que se cuidar, mas quem tem histórico na família de pessoas que morreram por AVC, infarto, mau súbito ou outras doenças cardiovasculares devem se cuidar ainda mais."
Outro cuidado pontuado pela médica é a importância da avaliação médica antes de iniciar a prática de exercícios físicos, sobretudo aquelas pessoas que vão praticar um esporte de alta performance, tais como natação, corrida, voleibol, futebol, basquete, crossfit, entre outros.
“O atleta amador deve procurar o cardiologista antes de iniciar a prática e fazer um exame chamado “pré-participação”, que vai justamente verificar o estado da sua saúde para a prática da atividade. Aqueles que não farão exercícios tão intensos também devem procurar o médico antes e, no mínimo, fazer um eletrocardiograma. Isso é para saber se está tudo bem”, diz.
Os sinais de alerta tanto para o infarto quanto para o AVC são os mesmos, acrescenta Tatiane Emerich.
“Se a pessoa começou o dia com sinais diferentes do normal, com uma falta de ar, uma tontura diferente, dor no peito… A recomendação é nunca menosprezar o sintoma e procurar o médico o quanto antes”, finaliza.
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