A internet, hoje, faz parte do cotidiano de praticamente todas as pessoas, sendo um facilitador e tanto das atividades rotineiras e muito usada para entreter crianças e adolescentes. E é justamente essa praticidade que a torna um dos meios mais utilizados por criminosos para encontrar suas vítimas.
Na última sexta-feira (29), a polícia prendeu em flagrante, em Vila Velha, um homem de 21 anos suspeito de armazenar milhares de imagens e vídeos íntimos de crianças e adolescentes.
Além do conteúdo pornográfico, o jovem também é investigado por manter um perfil falso em uma rede social, que ele teria usado para fazer ameaças a pelos menos três adolescentes ao pedir fotos e vídeos. Caso as vítimas não enviassem, ele ameaçava divulgar o conteúdo na internet.
Mas, diante desse perigo, o que pode ser feito pelas famílias para evita que crianças e adolescentes se tornem vítimas de pornografia infantil na internet? A Gazeta ouviu especialistas que dão dicas para proteger os menores contra a ação de pedófilos na internet.
Um dos pontos de maior atenção, segundo especialistas, é que para coibir ataques de predadores, seja na internet ou no mundo físico, é preciso explicar, desde a infância, o que são as partes íntimas. A linguagem pode até ser lúdica, a depender da idade, mas a informação deve ser clara.
“Fale com o seu filho sobre o corpo, explique para ele que é algo muito valioso e que é preciso cuidar bem dele. Fale que no corpo existem partes que são ‘íntimas’ e que só ele (ou o médico ou você) podem tocar e pedir para ver, e, mesmo assim, somente com a permissão da criança”, orientou a psicóloga Karla Cardozo.
Isso vale para as crianças ficarem atentas sobre possíveis solicitações de fotos e vídeos, por exemplo. A psicóloga também frisa que é preciso alertar sobre outras pessoas exibindo o corpo para crianças e adolescentes, e destacar que a atitude não apenas é errada, como deve ser comunicada aos pais imediatamente.
Saber identificar uma situação inadequada é importante, mas conseguir comunicá-la também. E, para tornar a comunicação mais fácil, os pais precisam manter uma relação de confiança com seus filhos, mostrando que podem conversar sobre qualquer coisa, e que não há motivo para vergonha ou medo.
Quando o filho falar, é importante ouvir, dar atenção, mostrar interesse e legitimar o que disse ou sente. Assim, se sentirá mais seguro para falar sobre o que incomoda e buscar ajuda diante de problemas.
“Por mais simples que as dicas possam parecer, são necessárias. Muitas vezes, quando esses casos chegam na delegacia, a gente percebe que não existe diálogo entre pais e filhos. A criança ou adolescente fica com vergonha de conversar e, a situação só vem a tona quando toma uma proporção grande ou os pais desconfiam de alguma coisa”, observou o titular da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), delegado Brenno Andrade.
De acordo com Andrade, para convencer as vítimas, os criminosos utilizam-se das mais variadas artimanhas, inclusive contas falsas no WhatsApp e outras redes sociais. Alguns chegam a se passar até por personangens, atores ou atrizes mirins do momento.
O delegado destaca que, idealmente, crianças e adolescentes, a depender da idade, não deveriam ter acesso às redes sociais. Mas, se utilizam, os pais devem orientar sobre o acesso e monitorar o uso que fazem das ferramentas. Deixar o filho sozinho, num quarto fechado, utilizando o celular e o computador durante o dia inteiro, por exemplo, não é recomendado.
“O indicado é que os pais estejam por perto quando o filho faz uso do celular ou computador. Também é importante verificar o histórico de navegação, e observar que tipo de conteúdo está sendo acessado. Mas, para maior segurança, também é possível instalar programas de controle parental no celular ou computador, e definir o que os filhos podem ou não podem acessar”, explicou o titular da DRCC.
Da mesma forma que criminosos se passam por outras pessoas para convencer as vítimas a enviarem imagens íntimas espontaneamente pelas redes sociais, as imagens compartilhadas pelos pais também podem ser alvo dos pedófilos.
A orientação é para que a exposição excessiva da criança seja evitada. Até imagens aparentemente inofensivas podem ser compartilhadas em fóruns de pornografia infantil. Imagens em que a criança aparece no banho, ainda que suas partes íntimas não estejam à mostra, ou vestindo roupas de banho, por exemplo, devem ser evitadas. Evite também deixar o conteúdo à mostra para desconhecidos.
Qualquer tipo de conduta ou conteúdo impróprio, seja compartilhado por terceiros, ou solicitado às crianças ou adolescentes, deve ser denunciado para punir os criminosos e evitar que outras pessoas sejam vítimas. A denúncia pode ser realizada na delegacia, mas também de forma anônima pelo telefone 181.
O tema também é abordado pela Childhood – instituição internacional de proteção à criança –, que disponibilizou uma cartilha gratuita sobre o acesso de crianças e adolescentes à internet, os cuidados que devem ser tomados com relação ao abuso online e à pornografia infantojuvenil. O material pode ser acessado aqui.
A SaferNet – organização que defende e promove os direitos humanos na internet – também disponibiliza uma série de materiais informativos sobre o assunto, e inclusive dá dicas de ferramentas para controle parental que podem ser utilizadas para selecionar o que crianças ou adolescentes podem acessar na internet.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta