A pandemia da Covid-19 nem chegou ao fim e outro vírus tem causando preocupação. É o vírus Influenza, já conhecido por ser o causador da gripe, mas que, neste fim de ano, vem ganhando força pelo país com o aparecimento de uma nova mutação da cepa do H3N2.
Com a nova cepa, Estados como Rio de Janeiro e São Paulo foram os primeiros a vivenciar uma explosão de casos do vírus. Agora, praticamente todo o país já registra um aumento na demanda por atendimento a pacientes com sintomas gripais, como é o caso do Espírito Santo, que segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), vive uma epidemia de gripe.
O médico infectologista Paulo Mendes Peçanha explica que existem três tipos de vírus influenza: A, B e C. E dentro do grupo A existem os subtipos, dentre os quais se destacam o H1N1, o tipo mais comum que causa a gripe, e também o H3N2, que tem sido o responsável pelo aumento de casos.
“O H3N2 já existia, mas nós conhecemos por uma variante diferente, a Hong Kong. A cepa que está circulando agora e causando as infecções é diferente. É uma mutação que foi recém descoberta na Austrália e nomeada como Darwin”,
Apesar de ser uma variante diferente da gripe, a infectologista Rubia Miossi afirma que praticamente não há diferenças entre os sintomas. “A cepa de H3N2 Darwin é de fato nova, mas os sintomas são os mesmos da gripe. O vírus continua sendo Influenza”, disse.
Os sintomas também são parecidos com outra nova variante que também tem causado preocupação, a Ômicron, da Covid-19. Segundo o infectologista Peçanha, as duas infecções podem ser inicialmente confundidas, mas há formas de se diferenciar.
“No início, as duas apresentam sintomas muito semelhantes. Congestão nasal, febre, dores no corpo e na garganta, tosse, cansaço. O que se diferencia é que a gripe costuma melhorar depois de cinco dias, já a Covid piora a partir da segunda semana e perdura por muito mais tempo.”
Já entre as outras variantes do coronavírus o médico explica que é mais fácil diferenciar. “A cepa original da Covid-19 e a Delta se diferenciam pela perda de paladar e olfato, por exemplo, que são muito característicos", diz.
Influenza e Ômicron:
Variantes comuns da Covid-19:
Segundo Peçanha, entre as crianças é mais fácil diferenciar os vírus. “As crianças são as vítimas mais comuns da gripe, elas estão dentro do grupo de risco, mas na Covid a maioria é assintomática e não costuma ter complicações”, explica.
A letalidade do coronavírus já é conhecida pelo número de mortes que a doença causou em menos de dois anos. No Espírito Santo, as mortes por Covid-19 já ultrapassam 13 mil.
A gripe, apesar de ser uma infecção mais comum, também pode se desenvolver em um caso grave e até mesmo levar à morte. A epidemia de gripe causada pela nova cepa Darwin da Influenza já deixou, até o momento, nove mortos: cinco no Rio de Janeiro, um em Salvador e outros três em Alagoas.
O médico explica que, no caso da gripe, também existe um grupo de risco que é mais atingido. "Crianças, idosos e gestantes, que fazem parte do grupo de risco da gripe, são as mais vulneráveis às complicações, que podem ser muito graves e letais”, afirma. Nos casos de sintomas mais graves, seja gripe ou Covid-19, a orientação é a mesma: procurar uma unidade de saúde.
“É importante que as pessoas procurem um médico quando os sintomas ficarem mais graves, independente de quais sejam. Não dá para ficar em casa e esperar melhorar”, diz.
Segundo Peçanha, a nova variante da gripe pode ter surgido devido às flexibilizações das medidas sanitárias para conter a Covid-19. “É bem provável que os casos de gripe tenham aumentado por causa da liberação de algumas regras sanitárias. As pessoas estão circulando mais, se aglomerando, usando menos máscara. E o vírus se aproveitou disso para se modificar”.
Por isso manter as medidas protetivas ainda é importante. A infectologista Rubia Miossi explica que as formas de contágio são as mesmas para as duas doenças e por isso os cuidados preventivos também são os mesmos. “As medidas de prevenção são semelhantes à da Covid-19. Uso correto e constante de máscaras, distanciamento social e higiene de mãos”.
A vacinação contra a gripe também é importante para a prevenção da doença, mesmo que o H3N2 Darwin não esteja incluído no imunizante antigripal. “Vacinar contra as outras cepas é importante para que esses outros três vírus não circulem junto com esta cepa nova, aumentando a demanda de serviços de saúde”, reforça a médica.
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