As farmácias do Espírito Santo poderão realizar testes rápidos para indicar o contágio das pessoas pelo novo coronavírus, conforme a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desta terça-feira (28), válida para todo o país, enquanto durar a situação de emergência em saúde pública por causa da pandemia.
Para especialistas consultados por A Gazeta, a medida é benéfica para diminuir a subnotificação no Estado. No entanto, eles alertam que esse modo de testagem não deve servir, isoladamente, como diagnóstico para a Covid-19, por causa do risco de falso negativo; e ressaltam que o resultado positivo não é sinônimo de imunidade.
Diferentemente dos testes PCR, que detectam a presença do material genético do coronavírus no organismo do paciente, o teste rápido é feito com base na presença de anticorpos. Ou seja, da reação do corpo ao contato com o agente viral processo que leva, pelo menos, sete dias para acontecer.
Por isso, entidades nacionais e internacionais ligadas à saúde esclarecem que tal testagem (feita por meio da coleta de apenas uma gota de sangue e pronta em até 30 minutos) deve ser feita, no mínimo, dez dias após os primeiros sintomas. Evitando, assim, o que os especialistas chamam de falso negativo.
Além desse cuidado, os infectologistas também fazem um importante alerta: pesquisas ainda não conseguiram descobrir se uma pessoa que já contraiu o novo coronavírus mas que se manteve assintomática ou que se recuperou da doença pode ser novamente infectada e, possivelmente, sofrer com os sintomas.
O resultado positivo desses testes é bastante confiável, mas ele só significa que o indivíduo já teve contato com o vírus. Por isso, ele não pode adquirir uma segurança de que o perigo já passou, porque existe a possibilidade de que essa imunidade não seja permanente, explicou Cerruti Júnior.
De acordo com Paulo Peçanha, essa imunidade depende da permanência de um anticorpo específico (igG), o que ainda não foi possível verificar, pelo caráter recente da pandemia. Por enquanto, sabemos que depois de 14 dias dos primeiros sintomas, a chance de transmissão é mínima, afirmou.
Os dois infectologistas também se preocupam com a qualidade dos testes que serão ofertados nas farmácias e a capacitação do profissional que irá aplicá-lo. É muito importante que esses testes sejam validados pela Anvisa; e eu, enquanto médico, fico mais seguro se meu paciente for a um local que sei que faz um bom trabalho, disse.
Nesse sentido, Cerruti Júnior também defende que as pessoas só façam esse teste mediante um pedido médico. Os protocolos devem seguir os mesmos: em um quadro leve a pessoa deve se isolar em casa; e se apresentar dificuldade para respirar, procurar assistência médica, antes de tentar o autodiagnóstico.
Como principal fator positivo apontado pelos especialistas está o acesso ampliado da testagem pela sociedade o que, consequentemente, deve contribuir para diminuir os casos de subnotificação da Covid-19, por causa dos assintomáticos e das pessoas com sintomas leves que não acionaram o sistema de saúde.
Por todos esses prós e contras, o infectologista Cerutti Júnior defende que a estratégia é boa, vista como uma medida de saúde pública. Esses testes rápidos não são um bom recurso para diagnósticos, mas são eficazes para indicar a abrangência da pandemia no nosso território, resumiu.
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