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Coronavírus: o que se sabe sobre variante norte-americana Iota?

Coronavírus: o que se sabe sobre variante norte-americana Iota?

Pesquisa realizada nos Estados Unidos aponta que a variante Iota pode ser mais letal comparada ao novo coronavírus original

Publicado em 15 de agosto de 2021 às 09:22

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Célula infectada com a variante do Reino Unido do Sars-CoV-2
Representação de célula infectada com variante do Sars-CoV-2 . (NIAID)

Identificada pela primeira vez nos Estados Unidos, em novembro de 2020, a variante Iota (B.1.526) do Sars-COV-2 pode ser mais transmissível, apresentar maior potencial de escapar do sistema imune e aumentar a mortalidade da Covid-19 entre adultos na comparação com outras cepas circulantes. A afirmação é do Departamento de Saúde e Higiene Mental de Nova York e da Escola Mailman de Saúde Pública, da Universidade de Columbia, que realizaram um estudo com a nova cepa.

A pesquisa ainda não foi revisada por outros pesquisadores, procedimento que é adotado em trabalhos científicos, mas já causou impacto, ao indicar que a variante consegue escapar do sistema de defesa do organismo em até 10% dos casos. Além disso, a Iota tem uma taxa de letalidade semelhante à Alfa, que foi detectada pela primeira vez no Reino Unido, e é 60% mais mortal que a variante originada em Wuhan, na China.

Apesar disso, a variante não aumenta o risco de infecções graves em pessoas vacinadas ou que já se infectaram antes. O estudo foi feito por meio de um modelo matemático, com análises comparativas, aferindo dados epidemiológicos e populacionais coletados em Nova York.

MODELO MATEMÁTICO

A pesquisa sobre a variante foi realizada a partir da comparação entre os índices da Covid-19 com base em dados epidemiológicos e populacionais coletados em Nova York. Para isso, fez-se uma modelagem matemática para determinar a taxa de transmissão — e não com casos reais de morte.

Modelos matemáticos tendem a calcular um número de casos e mortes aproximados da realidade. Quando se analisa apenas os dados epidemiológicos, há um risco de a taxa de mortalidade ser inflada devido à subnotificação de casos. Por exemplo, se em uma cidade foram registrados 100 casos de Covid-19 e uma pessoa morreu da infecção, a taxa é de 1%. Mas se o número de diagnósticos estiver subnotificado e o real for que 1 mil pessoas se contaminaram, cai para 0,1%.

O estudo também mostrou que a Iota perdeu força em Nova York a partir de março de 2021, quando a variante Alfa passou a circular nos EUA. Ainda não se sabe qual será a reação da Iota diante da Delta, que se sobrepôs à Alfa e fez o número de internações nos EUA voltar a aumentar.

As denominações foram criadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) recentemente. As variantes que demonstram capacidade de transmissão comunitária e se espalham rapidamente por dentro de um país ou para outros países são as de “interesse”. As variantes de “preocupação” são aquelas que além de se alastrar, impactam no curso da doença, por exemplo, elevando a taxa de transmissão, mudando ou aumentando os sintomas ou reduzindo a efetividade de medidas de saúde, como diagnósticos, vacinação e tratamentos terapêuticos.

Trabalhos já mostraram que a Iota é não é tão resistente aos tratamentos. As evidências também indicam que a variante não aumenta o risco de infecções graves em pessoas vacinadas ou que já se infectaram antes.

RISCO PARA O BRASIL

De acordo com Crispim Cerutti Junior, infectologista e professor da Universidade Federal do Espírito Santo, há grandes chances não apenas dessa nova cepa chegar ao Brasil, como também do próprio Brasil ser berço para o surgimento de variantes semelhantes à Iota.

“A Iota preocupa pelo fato de ser mais virulenta e pelo fato da gente vê-la se disseminando ao redor do mundo. Apesar disso, temos que entender que o vírus Sars-Cov-2, assim como todos os demais vírus, sofrem o processo de seleção natural, sofrendo mutações à medida que se replicam. Enquanto ainda tivermos uma alta transmissão, podemos ser berço para novas variantes”, pontua.

Cerutti acrescenta ainda que o único jeito de impedir essas mutações é impedindo a cadeira de transmissão do vírus “A primeira forma de fazer isso é a imunização em massa. A segunda é que as pessoas, de forma solidária, se conscientizem que devem respeitar e manter os protocolos sanitários, como distanciamento social, uso de máscara e higienização constante das mãos”, finaliza.

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