Um grupo de professoras da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em parceria com a Universidade Federal do Sul da Bahia, criou um coletivo para aproximar a população das comunidades indígenas, sobretudo no período da pandemia causada pelo coronavírus. A iniciativa, chamada Tupiabá, visa promover a integração das populações indígenas do Estado e do sul da Bahia e dar voz a esses povos por meio de cartas escritas pela população às comunidades nativas.
O site do projeto foi lançado oficialmente no dia 19 de abril, quando se comemora o Dia do Índio no Brasil. Mas, de acordo com Marina Rodrigues, professora da UFSB que trabalha com licenciatura intercultural indígena na universidade e uma das criadoras do projeto junto com Fernanda Barreto e Celeste Ciccarone, professoras da Ufes, as ações do coletivo já aconteciam antes mesmo do período da pandemia do coronavírus.
"O coletivo já existia, porque nós fizemos pautas anteriores de valorizar a tradição indígena aqui na Ufes e essas pessoas, que estão envolvidas com essas questões, trabalham com isso nos cursos. É um trabalho consecutivo porque trabalhamos com povos de aldeias diretamente", contou Marina.
A ideia das cartas, porém, veio depois do avanço da pandemia do coronavírus. As correspondências serão entregues para a aldeia de Comboios, em Aracruz, para as aldeias Pé do Monte e Monte Pascoal, na Bahia. Segundo Marina, as cartas são importantes para dar voz à população indígena.
"Precisamos fazer com que essas pessoas sejam ouvidas. Dentro das aldeias, a população pode ficar doente. Precisamos chamar a atenção para eles, o mundo precisa saber que é a população indígena que cuida das matas e da floresta. Eles são nosso pulmão hoje", disse.
Desde o dia 19 de abril, quando o projeto das cartas foi iniciado, o coletivo já recebeu mais de 140 correspondências. Para Marina, a participação das pessoas na iniciativa é importante para que a população indígena reconheça seu lugar de pertencimento e que seja estimulado o processo criativo desses povos.
"Nós fizemos ilustrações de vários povos indígenas, porque não queremos chegar somente com as cartas na aldeia. Temos que instituir processos criativos para as crianças, que precisam se perceber naquele projeto para ter o processo literário, de escrita, de fala do seu lugar e do seu espaço", afirmou.
As cartas podem ser enviadas diretamente para o site do projeto Tupiabá. Algumas das cartas serão lidas por pesquisadores nas redes sociais do projeto. As cartas serão impressas para serem levadas às aldeias e um professor indígena na comunidade irá ler as cartas para os indígenas.
Além disso, as cartas de retorno, escritas pelos habitantes das aldeias, serão pulicadas no site do projeto.
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