Em relação a dezembro do ano passado, o número de casos confirmados do novo coronavírus apresentou queda: passou de mais de 58 mil para exatamente 45.878 em janeiro. Ainda assim, isso equivale a dizer que, neste início de ano, a cada minuto, uma pessoa é infectada no Espírito Santo.
Em números absolutos, o mês de janeiro é o segundo com mais diagnósticos positivos de toda a pandemia no Estado, superando inclusive os meses de pico da primeira onda, registrado em junho e julho. Naquela época, os casos confirmados ainda permaneciam abaixo dos 37 mil.
Os dados utilizados pela reportagem consideram as atualizações diárias do Painel Covid-19, da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa). Ou seja, levam em conta os casos divulgados ao longo de cada mês. Por isso, é possível que alguns façam referência a testes realizados ainda nos meses anteriores.
É importante ressaltar também que entre meados de setembro e o final de novembro, o Estado testava todos que moravam com positivados, independentemente de idade, comorbidades ou sintomas. Porém, esse protocolo foi suspenso em 28 de novembro e só se recompôs totalmente no final de janeiro.
De acordo com a Sesa, ao longo do último mês foram feitos cerca de 104,6 mil testes para detectar casos do coronavírus – aproximadamente 25 mil a menos que em dezembro. A diferença se deve tanto à queda na oferta por parte dos municípios, quanto à redução na demanda da população.
"Na época das festas de fim de ano, Vitória teve 40% de abstenção nos testes agendados, por exemplo. Muitas cidades do interior também coletaram só em dias úteis ou alternados, reduzindo a quantidade que chegava para análise no Laboratório Central (Lacen) e na rede privada contratualizada", explica o secretário Nésio Fernandes.
Essas alterações ajudam a entender por que a queda no número de casos confirmados foi significativamente mais acentuada que a de óbitos, na comparação entre janeiro e dezembro. As mortes caíram de 802 para 777 – mantendo um patamar elevado e representando uma redução de apenas 3%.
"A correspondência entre os dois cenários deveria ser maior. As variações de óbitos e de casos devem se corresponder. Quando ocorre um aumento muito significativo de casos, sem alteração de óbitos, deve ter havido mudanças na testagem. É o que aconteceu no Estado", esclarece o secretário.
Depois de férias de verão, praias cheias e festas de fim de ano, muitos esperavam que os números de casos e de mortes da Covid-19 fossem bater recorde em janeiro. Isso não aconteceu. Porém, tampouco há motivos para comemoração, já que o total de infectados e de óbitos ainda são considerados muito altos.
O médico infectologista Paulo Peçanha ressalta que o fato desses índices não terem crescido exponencialmente neste início do ano não minimiza, de forma nenhuma, o relaxamento com os cuidados, que tem sido observado recentemente, e reforça a importância da adoção dos protocolos de biossegurança.
Em complemento, a doutora em infectologia Ethel Maciel também aproveita o momento para destacar a preocupação com as novas variantes do coronavírus. "A gente está em uma segunda onda, mas muito mais flexibilizados que na primeira, sem nenhuma ação efetiva. É um cenário preocupante", alerta.
Segundo ela, a nova cepa já representa 80% dos novos casos no Amazonas. "Ela está sendo dominante, porque transmite muito mais rápido. É uma preocupação. Temos que ficar atentos e acompanhar todos esses fatores de muito perto. A pandemia não acabou e a expectativa é de números altos para fevereiro", afirma.
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