A Grande Vitória pode passar do atual risco moderado para o nível de risco baixo de transmissão do coronavírus já em setembro. A afirmação é de Etereldes Gonçalves, membro do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE) e que leciona no curso de Matemática da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Segundo o professor, os indicativos como média móvel de mortes e número de novos casos e novos óbitos apontam que a região caminha para uma maior estabilização do vírus no próximo mês.
Durante entrevista ao repórter Fábio Botacin, da Rádio CBN Vitória, Etereldes ressaltou que a descida da curva de número de óbitos da Grande Vitória é mais acentuada que a do interior do Estado e, por isso, a região Metropolitana pode atingir o risco baixo antes do restante do Espírito Santo.
"Temos discutido novos indicadores, como a média móvel, e é perfeitamente possível que a Grande Vitória fique em risco baixo se esses indicadores continuarem como estão. Tem tudo pra chegar no risco baixo, inclusive no mês de setembro ainda", afirmou o professor.
A média móvel à qual Etereldes se refere é a média aritmética do número de mortes em um período de tempo. O professor explicou que o padrão utilizado é de 14 dias, ou seja, o número médio de mortes dos últimos 14 dias representa a média móvel calculada. Segundo Etereldes, a Grande Vitória registrou 16,4 mortes por dia no período.
"A descida da Grande Vitória já ultrapassou a do interior, ou seja, temos mais óbitos no interior do que na Grande Vitória. Quando olhamos para o Estado como um todo, já descemos 53% do que tem pra descer. E na cidade de Vitória, já está a 20% do final, ou seja, já descemos 80% nos óbitos. Tivemos uma média móvel de óbitos de 6,36 na cidade de Vitória e, hoje, a média no dia foi de 1,21. No Estado como um todo, a média móvel de 14 dias está em 16,4", relatou.
"A gente subiu mais rapidamente, mas agora está descendo e passou da metade da descida nos casos de óbitos. A mesma coisa ocorre nos casos diários, estão tendo menos novos casos e a proporção também caiu. A letalidade da doença diminuiu conforme fomos aprendendo com ela", explicou o professor.
A previsão, porém, ainda é de que haverá mais mortes até que esse patamar seja atingido. Segundo Etereldes, há uma estimativa de um número entre 600 e 700 novos óbitos para que a média móvel chegue a menos de 1. O professor garantiu, porém, que isso já era previsto dada a velocidade da descida da curva no Estado.
"A gente está mais ou menos no meio da descida, que está sendo mais lenta que a subida. Devemos ter mais 600 ou 700 óbitos até ter a média móvel abaixo de 1, ou seja, a média de menos de uma morte por dia no período de 14 dias. Devemos chegar em torno de 3.800 óbitos, que é o previsto na velocidade que descemos hoje. Se tivermos uma mudança abrupta de comportamento, muitas pessoas expostas ao vírus, isso pode gerar um novo surto. Não há indicativo de que isso vá ocorrer, mas pode acontecer", disse.
Etereldes, porém, afirmou que ainda há microrregiões no Espírito Santo que apresentam a taxa de transmissão (cálculo que mede a velocidade em que o vírus se dissemina na população) acima de 1. Essas regiões, portanto ainda estão na subida da curva de disseminação do coronavírus. O professor, porém, acredita que dificilmente haverá uma segunda onda de contaminação no Estado, como aconteceu em alguns países do mundo.
"Olhando por microrregiões, ainda há áreas em fase aguda, de crescimento. Na região Noroeste, Nordeste e Litoral Sul a taxa de transmissão está acima de 1. O que aconteceu nos outros países foram pequenos surtos. Devemos passar por isso também, a medida que vamos colocando as pessoas em exposição, isso deve acontecer. Não acredito que tenha uma segunda onda, mas talvez um pequeno surto", finalizou.
A Secretaria do Estado de Saúde (Sesa) foi demandada acerca das previsões, mas informou que só falará sobre o tema durante coletiva de imprensa nesta terça-feira (25).
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