Desde que as vacinas chegaram, aos poucos, a rotina foi se aproximando com o que era antes da Covid-19. Pessoas sem máscara, reuniões, volta aos postos de trabalho e o fim de várias restrições. É como se a pandemia tivesse acabado há muito tempo. Contudo, a chegada da subvariante Ômicron (BQ.1), além da ameaça em si, serve como um lembrete de que ainda não estamos livres do vírus.
Medida adotada desde o início da pandemia, o isolamento dos contaminados ainda é fundamental para o controle da disseminação da doença. A recomendação é de que a pessoa infectada fique reclusa assim que o primeiro sintoma se manifeste, mesmo que ainda não tenha um teste positivo para a doença.
Mas, afinal, por quantos dias é necessário ficar isolado? A resposta pode variar. Com o tempo, cientistas e médicos foram aprendendo mais sobre o vírus e, consequentemente, sobre os métodos para contê-lo. Com a variante Ômicron (BQ.1) circulando no Espírito Santo, a reportagem de A Gazeta questionou ao Ministério da Saúde qual é o tempo necessário de isolamento dos infectados.
Cada caso deve ser avaliado individualmente, mas existe um documento oficial que padroniza procedimentos médicos e compila as principais informações sobre a evolução da doença no país, o Guia de Vigilância Epidemiológica Covid-19. Pelo guia, é possível saber quais são as orientações oficiais sobre as medidas sanitárias.
Uma das distinções feitas no documento é justamente entre isolamento e quarentena. Ambas são estratégias de saúde pública que “visam proteger a população e evitar a disseminação de doenças contagiosas, como a covid-19”, diz o texto do relatório. Enquanto o isolamento é a separação dos indivíduos infectados, quarentena é uma restrição coletiva da circulação de pessoas.
"Para indivíduos com quadro de síndrome gripal – leve a moderado – com confirmação para covid-19 por qualquer um dos critérios (clínico, clínico-epidemiológico, clínico-imagem ou clínico-laboratorial) ou que ainda não coletaram amostra biológica para investigação etiológica, as medidas de isolamento e precaução devem iniciar imediatamente e só podem ser suspensas após 10 dias da data de início dos sintomas", diz o documento.
Como descrito na tabela, para suspender o isolamento ao quinto dia, além do teste, são necessárias algumas medidas adicionais. Veja abaixo.
- Usar máscara bem ajustada ao rosto, em casa ou em público;
- Evitar contato com pessoas imunocomprometidas ou que apresentem fatores de risco para agravamento da covid-19. Evitar também locais com aglomerações de pessoas, como transporte público, ou onde não seja possível manter o distanciamento físico;
- Não frequentar locais onde não possa ser usada a máscara durante todo o tempo, como restaurantes e bares; e evitar comer próximo a outras pessoas tanto em casa como no trabalho, por pelo menos 10 dias completos após o início dos sintomas;
- Não viajar durante o seu período de isolamento. No caso de interromper o isolamento antes do 10º dia do início, orienta-se fazer o teste (RT-PCR ou TR-Ag) e só viajar se o resultado for não "detectado/não reagente" e caso esteja sem sintomas antes da viagem. Caso não seja possível realizar o teste, orienta-se adiar a viagem por pelo menos 10 dias a contar do início dos sintomas.
O virologista e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Edson Delatorre explica que o cenário da Pandemia em 2022 é diferente dos anos anteriores. A quantidade de variantes é menor. A BQ.1, por exemplo, é uma subvariante. Isso significa que quem estava totalmente imunizado, agora está somente parcialmente imunizado. Porém, ainda não é necessária uma grande atualização nos protocolos adotados pelos órgãos de saúde.
“Ao que tudo indica, teremos um aumento no número de casos, mas não no número de internações e mortes”, disse o virologista. Delatorre, entretanto, defende que a situação seja observada. “Se esses números subirem, é possível que tenhamos que voltar ao isolamento de quatorze dias, como era no início da pandemia”, observou.
Edson é graduado em ciências biológicas e mestre em biociências e biotecnologia pela Universidade Estadual Norte Fluminense (UENF) e doutor em biologia parasitária pela Fiocruz. O cientista defendeu a necessidade das vacinas bivalentes no Brasil. “As vacinas utilizadas no Brasil são de primeira geração, baseadas no vírus original, da China”.
“É necessária a implantação das vacinas bivalentes, que possuem informações tanto do vírus original, quanto das novas variantes”, ressaltou. O cientista também reforçou a importância de manter o esquema vacinal atualizado.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta