Usando apenas a criatividade e algumas doses de imaginação, a pequena Alicia Miyuki, de oito anos, se destaca na produção de quadros no Espírito Santo. Mesmo diante das dificuldades impostas pelo autismo, diagnosticado em 2019, ela chegou a conquistar um prêmio internacional em Miami, nos Estados Unidos, em dezembro do ano passado pelas obras pintadas.
A menina recebeu uma condecoração pelo quadro "Liberdade da Alma", na categoria Prêmio Revelação, do Festival de Artes do Sagrado EYECONTACT para Pessoas com Autismo. Segundo a mãe de Alicia, a advogada Priscilla Miki Kashimoto, de 39 anos, a pintura surgiu após um episódio de bullying que a filha viveu na escola. A família mora no bairro Jardim Camburi, em Vitória.
"Relatam para mim que algumas amiguinhas tentaram fazer uma brincadeira com ela, usando uma limitação devido ao autismo. Mas, para não reforçar esse bullying, dei a ideia de explorarmos o que ela tem de bom: a pintura. A partir disso, surgiu o quadro e o concurso. A neuropsicopedagoga dela comprou a ideia, divulgamos e deu super certo", lembra.
Patrícia Scarpelli, neuropsicopedagoga clínica que trabalha com Alicia, explica que a obra foi feita durante as sessões e tinha como tema a frase "liberdade e paz". Apesar de não ler e escrever como uma criança típica, segundo afirma, ela consegue se expressar especialmente através da pintura.
"Com o quadro finalizado, tiramos fotos e enviamos para o concurso. Foi fantástico, um trabalho muito legal, ainda mais porque mexeu com a autoestima dela. Tudo ainda é desafiador para a Alicia, e ela conseguiu colocar os próprios sentimentos na obra", ressalta.
Patrícia Scarpelli
Neuropsicopedagoga clínica
"Alicia desenhou ela mesma no papel chamex, com lápis de cor. Recortamos essa boneca e colocamos ela no meio de um arco-íris. O significado do arco-iris, ali, é o voo dela pelas cores. E ainda tem um pincel enorme na mão da boneca "
Amor pela pintura
Priscilla Miki conta que a paixão da filha pela pintura surgiu há aproximadamente quatro anos, mesma época em que Alicia foi diagnosticada com autismo. Autodidata e tendo o complemento da terapia, a menina passou a se dedicar ao desenho.
"Nós percebemos que, a partir do desenho, ela resolvia sozinha as crises. E as pinturas eram bem expressivas: com muita cor, muitos detalhes, e sem qualquer apoio visual. Nas terapias, foi funcionando assim. Para relaxar, ela utiliza a pintura. Em casa, também é assim. Onde ela vê oportunidade, a Alicia pinta. Até nas paredes, se a gente deixar", afirma.
Agora, conforme ressalta a mãe, o objetivo é seguir estimulando o talento da filha – seja por meio do apoio familiar ou transformando os desenhos em camisas, canecas, entre outros, para que os trabalhos inspirem as pessoas.
"Enquanto for espontâneo e um prazer para ela, vamos estimular, sim. Nós sempre estimulamos com os materiais necessários, nos momentos em que quer desafogar. Tento expandir presenteando amigos com estampas delas, até mesmo com os próprios quadros. É tudo natural, nada forçado", ressalta.
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