Quem sofre dos problemas dos "ites" (rinite, sinusite ou bronquite) e até com a asma sabe como a qualidade do ar em ambientes internos e externos influencia nos "ataques" alérgicos. É por isso que o projeto ASMA-VIX, desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) adaptou equipamentos para monitorar os espaços ocupados por crianças e adolescentes de 8 a 14 anos, faixa etária mais afetada por problemas respiratórios.
Um dos equipamentos é um colar acolchoado que coleta as impurezas do ar e faz o monitoramento. O "acessório", já existente e de origem japonesa, é colocado no pescoço dos participantes que, em sua maioria, têm problemas respiratórios. A ideia é que, com os colares, as impurezas nas residências, ruas, escolas e outros locais sejam absorvidos pelo aparelho, sendo possível, dessa forma, avaliar os efeitos na saúde e buscar soluções.
Ao todo, são 15 colares distribuídos, que são trocados a cada cinco dias, ao longo de duas semanas. Por conta dos poucos materiais que medem os poluentes do ambiente, os profissionais também adaptaram outros métodos e criaram equipes para estender o projeto e efetuar uma melhor avaliação das crianças e adolescentes.
De acordo com o doutor e coordenador em Engenharia Ambiental do projeto, Neyval Costa Reis Júnior, o ASMA-VIX também utiliza um sistema de modelagem computacional que é ajustado à área de Vitória para analisar a qualidade do ar e ajudar as demais crianças que não usam os colares.
"Como os cordões são caros e medem apenas alguns poluentes, para medir todas as crianças e todos os poluentes, a gente usa a técnica de dois doutores da equipe de Engenharia Ambiental. Assim, comparamos os resultados com o colar para ver se está tudo funcionando corretamente. Dessa forma, reduzimos o custo do monitoramento do ar e expandimos o atendimento às crianças”, explica.
A pesquisadora e doutora em Engenharia Ambiental Yasmin Kaore, que realizou a modelagem computacional do equipamento em conjunto a outro profissional, explica para que ele serve.
"Meu trabalho foi desenvolvido durante meu doutorado. Ele focou na implementação desse sistema que permite avaliar os níveis de poluição do ar da Região Metropolitana de Vitória. Vem para complementar as informações que são fornecidas pela rede de monitoramento da qualidade do ar. Porque permite saber as concentrações dos poluentes e também fornece dados de poluentes que não são rotineiramente monitorados, como o material particulado ultrafino que está associado a variadas doenças.”
E ter os colares e o sistema não é o único diferencial da pesquisa. Além de realizar o monitoramento dos poluentes e da qualidade do ar, os profissionais examinam regularmente a saúde respiratória das crianças que participam do projeto.
Até o momento, o trabalho avaliou as condições respiratórias dos menores selecionados nos bairros de Andorinhas, Maruípe, Jesus de Nazareth, Enseada e Maria Ortiz. Os profissionais, atualmente, se concentram em Jabour, na Capital, para que as análises cheguem a 200 crianças.
O responsável pela equipe de Medicina que examina os aspectos fisiológicos é o doutor e coordenador do projeto, José Geraldo Mill, que recruta e avalia os participantes de 8 a 14 anos no Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam).
“Fazemos uma visita no domicílio onde a criança mora para ver as condições de habitação, se tem, por exemplo, fatores que vão facilitar o evento de asma nessa criança. Depois, agendamos uma visita no hospital universitário para uma série de exames, a fim de avaliar o estado de controle de asma”, contou.
São realizados exames de espirometria (que mede a quantidade de ar que uma pessoa é capaz de inspirar ou expirar), sangue, pressão arterial, medição de gordura corporal das crianças, taxa de insulina e também avaliações alérgicas.
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