Mais de 80 marinheiros de diferentes patentes são responsáveis pela navegação e conservação de um navio histórico da Marinha do Uruguai. O grupo está viajando desde o mês de fevereiro e esteve em países como Argentina, Peru, algumas ilhas do Caribe, além de passar por Fernando de Noronha antes de chegar ao Espírito Santo no último dia 25. A Gazeta teve acesso especial ao navio-escola Capitan Miranda construído em 1930. Da casa de máquinas, passando pela cozinha e quarto, até o painel de navegação, a reportagem traz os detalhes de uma embarcação conhecida como embaixadora dos mares, que leva a bandeira do país ao redor do mundo.
A passagem pelo Porto de Vitória representa a última parada antes da volta para casa, que acontece no domingo (28). Desde o início da viagem, os marinheiros conheceram culturas diferentes e acumularam ainda mais experiência. Dos 85 tripulantes, 12 são oficiais. Ou seja, aqueles que tomam decisões importantes e estão acima dos demais. Outros 26 são marinheiros em formação. Eles estão sendo avaliados pela atividades executadas durante a viagem.
Em uma conversa, em detalhes, e enriquecedora sobre toda a rotina dentro da embarcação, o capitão uruguaio explicou calmamente a importância da viagem e tudo que forma o universo do navegar dentro do quase centenário navio-escola.
VÍDEO: POR DENTRO DO NAVIO
O navio-escola foi apresentado à reportagem pelo capitão Pablo Gonzalez, que comanda a embarcação desde que saiu do Uruguai em fevereiro deste ano. Em todas as partes, ele faz questão de mostrar como as novas tecnologias, aliadas aos conhecimentos antigos de navegação, facilitam o trabalho dos marinheiros. Seja em alto-mar ou atracados no Porto de Vitória, os tripulantes têm ciência de tudo que acontece com a embarcação e em volta dela.
Capitão Pablo Gonzalez está há 33 anos na Marinha do Uruguai e conta com satisfação sobre a tarefa de liderar os tripulantes numa missão tão importante.
Capitão Pablo Gonzalez
Comandante do Capitan Miranda
"Estar aqui é muito responsabilidade. Nem todos querem. Mas para mim é um desafio para toda vida. É uma satisfação pessoal, algo que gosto muito"
A visita começa no salão principal, local onde o comandante recebe autoridades. Os próprios oficiais utilizam o espaço para refeições e conversas mais importantes. Uma mudança entre o navio construído em 1930, à época útil para pesquisas hidrográficas, e o de 2022, voltada para formação de marinheiros, é a função do ambiente. Antes disso ele era um local para pesquisa. O que antigamente era calculado e pensado em folhas e mapas, agora é visto em telas.
O mesmo acontece no painel eletrônico de navegação. São botões e indicadores que monitoram vento, velocidade, aproximação de outros barcos e outros recursos que facilitam a navegação..
Capitão Pablo Gonzalez
Comandante do Capitan Miranda
"O radar tem um uso muito importante, principalmente à noite quando algum barco pode não estar sendo visualizado. Há ainda estação meteorológica que monitora a entrada de vento. O oficial que se senta na cadeira principal tem olhos para todos"
No navio-escola há hierarquia, assim como em outros ambientes. Um oficial, por exemplo, ocupa um quarto maior do que um oficial recém-chegado ao grupo. O capitão Pablo Gonzalez nos levou até o quarto onde dorme. Há uma espécie de sala na entrada, onde autoridades são recebidas e estudos são feitos. O quarto não chega a ser espaçoso, mas oferece uma cama de solteiro, com um pequeno móvel ao lado.
O banheiro, assim como de qualquer outra casa, se resume a uma pia, o vaso e o box voltado para banho. E o capitão alerta: "O banho pode ser um local perigoso quando o barco se move". Não por falta de estrutura ou algo do tipo, mas pelo risco de alguém, dentro do box, se chocar contra as paredes caso o navio esteja se movimentando sem estabilidade.
REFORÇO NA RELAÇÃO COM O ESPÍRITO SANTO
Dias antes de ir embora, o navio Capitan Miranda recebeu a visita do embaixador do Uruguai no Brasil, Guillermo Valles. Em conversa com A Gazeta, o representante do país falou com orgulho da formatura dos marinheiros no navio-escola. Valles reforçou laços com o Espírito Santo.
Interior do navio Capitan Miranda, do Uruguai, que chegou ao ES
"Felizmente para nós é simbólica a chegada ao Espírito Santo, porque temos uma relação muito importante Porto de Vitória. É um porto de entrada, há uma função logística de conexão do comércio. Seja para o interior ou para o mundo inteiro. A tradição dos portos é comum entre o Espírito Santo e o Uruguai, há uma abertura para o mundo", afirma.
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