Causada por um vírus transmitido, principalmente, por mosquitos conhecidos como maruim, borrachudo ou mosquito-pólvora, a febre oropouche tem alguns sintomas semelhantes com outras arboviroses, como dengue, zika ou chikungunya. Para entender como essas doenças se diferenciam, A Gazeta ouviu especialistas para explicarem cada uma delas.
O infectologista e professor do Departamento de Clínica Médica da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Paulo Mendes Peçanha explica que a febre orouche é parecida com a dengue, causando dor de cabeça (cefaleia), dor no corpo, dor nas juntas, um leve mal-estar e prostração.
“Até na duração é uma infecção também parecida com a dengue, que vai de 2 a 7 dias. Mas há uma diferença importante em relação à dengue: ainda não se tem relatos de óbitos”, aponta Peçanha.
Em relação à chikungunya, ele observa que outras diferenças também são perceptíveis. A febre oropouche é febril, mas a artralgia, ou dor nas articulações, é leve e temporária, e não se torna crônica. No caso da chikungunya, a dor articular é mais frequente e duradoura.
A professora do Departamento de Enfermagem e coordenadora do Laboratório de Epidemiologia (LabEpi) da Ufes, Carolina Sales, pontua que, em casos raros, geralmente envolvendo pacientes imunocomprometidos, a oropouche pode acometer o sistema nervoso central, provocando quadros como meningite asséptica e meningoencefalite.
“Também pode causar algumas questões hemorrágicas, como manchas vermelhas na pele e sangramento na gengiva”, observa Carolina.
Os sintomas, porém, são pouco frequentes e, diferentemente da dengue, não há relatos de sangramentos internos.
“Quando a gente fala da dengue, zika ou chikungunya, tem algumas diferenças. Na dengue, a febre sempre está presente, de início súbito. Na chikungunya, temos as dores nas articulações. Quando a gente pensa na zika, aquelas manchas na pele já se manifestam nas primeiras 24 horas, associadas ao prurido (coceira), que pode ser de leve a intenso, e à vermelhidão nos olhos, que não está presente na dengue, mas pode estar presente tanto na zika quanto chikungunya”, destaca a professora.
Embora a febre oropouche seja uma doença mais simples, sobretudo no longo prazo, o infectologista da Rede Meridional Luis Henrique Barbosa Borges aponta que, durante o período de incubação do vírus, os sintomas podem ser tão intensos quanto os de outras arboviroses.
“A oropouche dá febre, dor muscular, articular e de cabeça. Até aí é muito parecida com dengue e chikungunya. Também pode causar náuseas. Demora de três a cinco dias, mas é uma doença que pode ter um novo ciclo após a melhora, isto é, os sintomas podem voltar, o que também diferencia (o vírus oropouche) dos demais”, detalha Luis Henrique.
O infectologista aponta que, para infectar um humano, o maruim precisa estar contaminado com o vírus oropouche. Ou seja, antes de transmitir, o inseto precisa ter picado uma pessoa ou animal infectado.
“E é um mosquito que não tem horário. Está naquelas regiões que têm muita umidade, mais perto do solo, onde o sol não costuma bater”, explica o infectologista.
Nesse sentido, ele orienta que, além dos cuidados que já se tem com a dengue, em relação a água parada, as pessoas evitem o acúmulo de matéria orgânica, como madeira apodrecida, cascas de árvores e frutas, lama, e mantenham os quintais limpos. Quem mora próximo a áreas de mata deve redobrar a atenção.
Febre oropouche: evolui com febre de início súbito, dor de cabeça, dor muscular e nas articulações. Também pode causar tontura, dor atrás dos olhos, fotofobia, náuseas e vômitos. Em casos raros, pode haver acometimento do sistema nervoso central, especialmente em pacientes imunocomprometidos e manifestações hemorrágicas, como sangramento na gengiva. Em alguns pacientes, os sintomas podem reaparecer após alguns dias de aparente melhora. As picadas do mosquito podem causar inchaço e coceira, diferentemente do que ocorre com a dengue.
Dengue: os primeiros sintomas costumam ser febre alta e repentina, cefaleia (dor de cabeça), dores musculares, atrás dos olhos, náuseas e prostração. Em casos graves, pode haver hemorragias.
Zika: manchas na pele tendem a se manifestar nas primeiras 24 horas, associadas ao prurido (coceira). Além dos sintomas mais simples da dengue, também costuma haver vermelhidão nos olhos.
Chikungunya: além dos sintomas mais comuns da dengue, no caso da chikungunya, a dor nas articulações costuma ser mais intensa e pode se tornar crônica, permanecendo por um longo período após o desaparecimento dos demais sintomas. A vermelhidão nos olhos também pode ocorrer.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta