Quem trafega pela Avenida Leitão da Silva, em Vitória, reclama que as condições da via deixam o trajeto arriscado. As principais reclamações estão relacionadas a desníveis na pista, tanto os que surgiram com remendos no asfalto após uma obra na tubulação de água, quanto os provocados por tampas de bueiros baixas. A solução para esses problemas, no entanto, esbarra em um impasse entre o governo do Espírito Santo e a Prefeitura de Vitória sobre de quem é a responsabilidade em relação à via.
A reportagem de A Gazeta esteve no local e atestou a existência de desníveis na pista. No trecho entre as avenidas Cezar Hilal e Rio Branco, emendas feitas após intervenções da Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan) deixaram o pavimento bastante irregular. Já os bueiros desnivelados são alvo de críticas antigas, desde a entrega da reforma da Leitão da Silva. "A gente precisa ficar desviando das tampas de bueiro. Se fossem no meio da pista, pelo menos, mas estão nos cantos, onde passam as rodas dos carros", protesta o motorista Pablo Peres.
Tanto a Prefeitura de Vitória quanto o governo do Espírito Santo foram procurados para comentar os problemas na pista e quais soluções poderiam ser adotadas. Para entender essa "divisão de responsabilidades" em relação à via, é preciso lembrar que a avenida passou por obras que começaram em 2014 e foram concluídas em dezembro de 2019, tendo sido executadas pela administração estadual.
"A respeito da Avenida Leitão da Silva, a obra foi realizada pelo governo do Estado. Recentemente houve uma intervenção por parte da Cesan, mas solicitamos encaminhar a demanda ao governo do Estado", disse a primeira resposta da Prefeitura de Vitória, ao ser questionada sobre os defeitos na pista.
O Departamento de Edificações e de Rodovias do Espírito Santo (DER-ES), vinculado ao governo do Estado, também se pronunciou: "O DER-ES informa que concluiu a obra em 2019 e entregou para a prefeitura".
Após a resposta do DER-ES, a reportagem procurou novamente a prefeitura, que reiterou a responsabilidade do Estado sobre a avenida. "A Prefeitura de Vitória reafirma que a obra não foi recebida pela administração municipal. As irregularidades no pavimento estão sendo provocadas por uma intervenção – em curso – da Cesan. Portanto, por um motivo ou por outro, a resposta é do governo do Estado", reforça a nota da administração municipal.
Mais um contato foi feito com o DER-ES, depois da alegação da prefeitura de não ter recebido a obra, finalizada há quase 5 anos. Por nota, o departamento reafirmou que o trecho já era de competência municipal. "A obra foi executada pelo DER e devidamente entregue em 2019. Favor demandar a prefeitura".
Nesse último contato, a reportagem questionou o DER-ES sobre a possível garantia de 5 anos da obra da avenida – válida, portanto, até dezembro de 2024. Em 2022, o departamento chegou a realizar uma operação tapa-buracos na pista da Leitão da Silva. Na época, o órgão confirmou que o trecho estava sob essa garantia, que teria validade de 5 anos após a entrega. Desta vez, porém, não houve posicionamento a esse respeito.
Impasses entre os Poderes Executivos do Estado e da Capital não são novidade em relação à Leitão da Silva. Ainda quando estava em andamento, havia divergências sobre detalhes da obra, como a macrodrenagem da região. Em 2018, o DER-ES – que, na época, ainda se chamava Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Espírito Santo – tinha o interesse de entregar a reforma da avenida até o final daquele ano. Para isso, tinha o interesse de eliminar o projeto de macrodrenagem no trecho entre as Avenidas César Hilal e Rio Branco, que estava previsto em contrato.
Em 2022, A Gazeta também procurou a Prefeitura de Vitória e o governo do Estado sobre buracos na pista. Na época, o DER-ES afirmou ter acionado a empresa que executou o serviço, já que a obra estava na garantia. Mesmo assim, as administrações estatual e municipal divergiam sobre de quem seria a responsabilidade sobre a sinalização da via.
Apontada pela Prefeitura de Vitória como responsável por intervenções realizadas atualmente na Leitão da Silva, a Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan) também foi procurada pela reportagem. O gestor de operação e manutenção de Vitória da Cesan, Saulo Lemos, informou que a empresa faz intervenções pontuais na avenida, durante a noite, para a passagem da tubulação que reforçará a distribuição de água no Território do Bem, que passará a contar com um reservatório no alto do São Benedito.
O gestor não informou prazo para conclusão da intervenção, mas disse que as obras já estão em fase de finalização. Ele explicou, também, que todos os dias, por volta das 5 horas, os buracos feitos para a obra são tapados e é passado o asfalto no local. "São intervenções pontuais que a Cesan está fazendo para reforçar o abastecimento da região do Território do Bem para atender toda aquela população com água", disse Saulo Lemos.
A Prefeitura de Vitória também informou que, no momento, as equipes estão recapeando a Rodovia Serafim Derenzi, a Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes e a Avenida Nossa Senhora da Penha.
"Já foram recapeados 36 quilômetros de vias, no programa AsfaltoVix. Lançado em 2023, o programa prevê recuperar até 160 quilômetros de vias, com investimento de R$ 215 milhões de recursos próprios da Prefeitura de Vitória", disse a prefeitura, por nota.
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