Em um intervalo de poucos dias, quase metade do Parque Estadual Paulo César Vinha, em Guarapari, foi destruído por um incêndio de causa ainda desconhecida. Imagens de satélite mostram como ficou a área cinco dias após o início da queima. As chamas se alastram pelo parque desde a última quinta-feira (22), quando os trabalhos de contenção pelos bombeiros foram iniciados.
As duas imagens foram captadas em um intervalo de um mês, com um mesmo satélite europeu. O especialista em inteligência de dados para a agricultura, Júlio Teixeira, fez a primeira imagem (à esquerda) no dia 28 de agosto, quando ainda não havia fogo no local. A segunda imagem (à direita) foi obtida nesta terça-feira (27).
A estimativa inicial é de que a área consumida seja de 600 hectares (6 km²) – equivalente a 600 campos de futebol, segundo o Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema).
600 hectares
É a parte consumida pelo fogo em poucos dias. O Parque Paulo César Vinha tem extensão de 1.500 hectares, no total
O capixaba especialista em dados chama atenção para a extensão do incêndio. A parte mais escura da imagem deixa evidente o tamanho do estrago causado pelo fogo.
Em entrevista à reportagem de A Gazeta, o gerente do Iema, Rodolpho Torezani, explicou que a maior preocupação é a perda de biodiversidade no local já queimado. Isso porque o incêndio não tem consumido novas áreas tão rapidamente como ocorrido entre quinta (22) e sexta (23).
"Estamos falando mais na qualidade do que está sendo perdido do que o tamanho. Qualquer metro quadrado de restinga é uma perda muito grande", afirma.
Rodolpho Torezani
Gerente do Iema
"A imagem é muito triste. É a perda de um bioma que trabalhamos por anos na conservação"
Segundo o gerente do Iema, mesmo que a área alagada demonstre resiliência ao retomar a biodiversidade ao longo do tempo, a volta do verde, sem a queimada, deve ser com uma menor quantidade de espécies.
INCÊNDIO ATINGE PARQUE HÁ UMA SEMANA
Uma semana depois do início do incêndio no parque, o fogo segue destruindo a unidade de conservação. O cenário de destruição causa tristeza aos que trabalham para tentar conter o incêndio. O fogo, segundo as equipes, está controlado. Isso, entretanto, não quer dizer ausência de risco.
A reportagem de A Gazeta voltou ao local e viu o que foi apontado nos números: quilômetros quadrados de área queimada desde a quinta-feira da semana passada, dia 22 de setembro, quando as chamas começaram. A região tomada pelo fogo se contrapõe ao verde das árvores mais altas, que estão preservadas, como mostram as imagens do repórter fotográfico Vitor Jubini.
Ao menos 10 caminhões estão no local nesta quinta-feira (29): quatro do Corpo de Bombeiros e outros seis abastecidos com água, cedidos por outros órgãos. Segundo o tenente Aguiar, dos Bombeiros, que acompanha o trabalho diário, a equipe passou de 12 para quase 40 militares da corporação.
Conforme o coordenador do Programa Estadual de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (Prevines), Marcelo Nascimento, o efetivo do Iema também aumentou nesta quinta-feira (29). São oito frentes de trabalho, cinco a mais do que no dia anterior.
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