Além da diversão, o ato de brincar ajuda a criança a conhecer e experimentar o mundo. Assim, inserir ações lúdicas na rotina traz inúmeros benefícios, ajudando inclusive no desenvolvimento motor e cognitivo dos pequenos. Especialistas ouvidos por A Gazeta indicaram 10 brincadeiras e atividades que podem auxiliar nesse processo.
As propostas variam de acordo com a fase de crescimento da criança e levam em consideração não apenas a idade, como as habilidades que precisam ser desenvolvidas.
Para bebês de até um ano, por exemplo, é interessante investir em brincadeiras que permitam sentir texturas diferentes, com materiais como esponja, tecidos de roupas e até água. Tudo deve ser supervisionado.
“A gente pode usar um tatame emborrachado, trabalhar com bola, fazer atividades sensoriais com água. A gente coloca a criança sentada, com mangueira ou com bacias, atividades em que ela de fato coloca a mão na água, porque é tudo muito novo”, explica a professora de educação física, personal kids e pós-graduanda em Psicomotricidade, Larissa Bessa Ferraz.
Quando o bebê já está engatinhando, é possível criar um circuito de escalada engatinhando, usando travesseiros, almofadas e cobertores para formar uma montanha para o bebê atravessar.
A especialista observa ainda que, quando o bebê começa a dar indícios de que os primeiros passos estão por vir, também é importante trabalhar atividades que auxiliem na marcha e no equilíbrio, além da questão postural.
Uma ideia é posicionar as cadeiras de casa em linha, mas com espaço entre elas, e colocar um objeto favorito da criança, como um brinquedo, em cima de cada uma, para que a criança vá de uma para outra, pegando os objetos.
“Mesmo quando a criança começa a andar, é importante desenvolver atividades de equilíbrio porque a marcha ainda não está toda favorecida, a criança anda, mas às vezes acaba caindo, sentando, então isso pode ser melhor trabalhado”, destaca Larissa.
Uma vez que o equilíbrio esteja mais desenvolvido, por volta dos dois anos, é hora de ensinar a saltar com os dois pés juntos. Isso ajuda a desenvolver habilidades físicas e motoras.
O terapeuta ocupacional Felipe Gomes Lemos, mestre em Psicologia, pontua que brinquedos de encaixe serão bons aliados no processo de desenvolvimento da coordenação motora fina, que é a capacidade de usar de forma precisa os pequenos músculos, localizados principalmente nas mãos e nos pés, para movimentos delicados e específicos.
É por causa dessa habilidade que conseguimos manusear objetos e realizar atividades como recortar, costurar, desenhar, pintar e escrever.
Fazer a criança colocar e retirar pregadores de roupa de uma vasilha plástica, ou transformá-lo em bichinhos, como jacarés que abrem a boca ou um ovo que ao abrir aparece um pintinho, de modo que a criança precise puxá-los ou apertá-los.
“São tarefas que vão ajudar a desenvolver coordenação mão-olho, a coordenação motora fina. E do ponto de vista cognitivo é interessante porque vai fazer pareamento, reconhecimento, a atenção sustentada”, explica o terapeuta ocupacional.
Felipe Gomes Lemos frisa que a interação humana é o carro-chefe para o desenvolvimento. Nesse sentido, é possível fazer imitações de sons de bichos, ir para frente do espelho e imitar o biquinho do peixe, entre outras expressões.
A criança que já consegue pular com maior facilidade e se equilibrar melhor pode ser incentivada a pular com um pé só, alternando os pés, e depois pular com os dois pés seguindo um caminho.
Conforme destaca a educadora física Larissa Ferraz, a meta geral é “destravar” a motricidade fina até os seis anos de idade porque, assim, quando a criança chegar ao momento de treinar a escrita na escola, a musculatura fina da mão já estará bem desenvolvida.
Coloque cubos de gelo dentro de uma bacia com água e explique para as crianças que o objetivo é pescá-los com uma colher no menor intervalo de tempo que conseguir, antes que o gelo derreta.
Outra possibilidade é tentar colocar uma borrachinha de cabelo dentro de uma garrafa pet. Como a coordenação já está mais apurada nessa faixa etária, é possível trabalhar com itens menores.
É interessante estimular atividades como pintura ou aquelas que envolvam algum tipo de construção, como fazer castelos de areia ou de blocos.
“Mas não é só a motricidade fina que precisa ser trabalhada. A família tem que trabalhar para a criança ser muito bem coordenada até os seis anos de idade. Se a criança sai da primeira infância sem pular corda, sem conseguir andar de bicicleta sem rodinha, sem quicar uma bola com uma mão só, vai prejudicar o desenvolvimento na segunda infância. A gente não consegue desenvolver tudo apenas na aula de educação física, são só 50 minutos. É preciso tempo para brincar dessas coisas”, afirma a educadora física.
O terapeuta ocupacional Felipe Lemos observa que é justamente nessa idade que a criança começa a se interessar mais por atividades em grupo, o que auxilia tanto no desenvolvimento motor e cognitivo quanto social.
Pode pensar em jogos de boliche, pique e pega, jogos com bola ou cartas, games, entre outros. Assim a criança vai treinar habilidades sociais, respeito de regras, habilidades cognitivas, vai pactuar coisas pequenas.
O terapeuta ocupacional e mestre em Psicologia observa que a idade não é o único fator a ser considerado ao estipular atividades para as crianças. É preciso ter um olhar individual sobre cada situação.
“Acontece muito de a criança não querer brincar com alguma coisa e não é porque não tem interesse, mas porque tem alguma dificuldade. Isso também pode ser levado em consideração, talvez propor para a criança uma outra forma de jogar. E não forçar, mas talvez estimular a permanecer um tempo maior em uma brincadeira. É muito mais interessante que a criança explore todas as funções de um mesmo objeto ou uma mesma brincadeira do que fazer várias coisas ao mesmo tempo”, afirma Lemos.
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