Basílica de Santo Antônio
Basílica de Santo Antônio. Crédito: Ricardo Medeiros

Dez prédios icônicos que contam a história de Vitória

De Santo Antônio a Jardim Camburi, A Gazeta registrou dez construções do período colonial aos dias atuais que se revelam as diversas fases do desenvolvimento da Capital

Tempo de leitura: 5min

Há várias formas de contar a história de Vitória, que completa 472 anos neste dia 8 de setembro. Uma delas é por meio da arquitetura. De Santo Antônio a Jardim Camburi, edificações se destacam em meio à paisagem da Capital, seja à beira da baía, de frente para a praia, no alto dos morros ou no centro histórico.

Neste ensaio fotográfico, convidamos você, leitor de A Gazeta, para uma viagem de Norte a Sul e Leste a Oeste de Vitória, mostrando obras relevantes, que simbolizam diversas fases do desenvolvimento de nossa aniversariante. Nesse percurso, contamos com a ajuda do arquiteto e urbanista Tarcísio Bahia, que fez a curadoria dos locais que nos guiam pelo espaço heterogêneo da Capital.

1 - Capela de Santa Luzia

Capela de Santa Luzia
Capela de Santa Luzia: prédio mais antigo de Vitória. Crédito: Carlos Alberto Silva

Nosso roteiro começa na Cidade Alta, onde Vitória nasceu e onde está o prédio mais antigo ainda de pé da capital do Espírito Santo. Erguida sobre uma grande rocha, de arquitetura colonial e preservando até hoje seus materiais construtivos originais, a Capela de Santa Luzia era parte da fazenda que deu origem à Vila de Vitória, fundada em 1551. O local, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), foi igreja até 1928, depois foi museu e galeria de arte e pesquisa da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

2 - Catedral Metropolitana

Catedral, Vitória
Catedral Metropolitana de Vitória começou a ser construída em 1920. Crédito: Ricardo Medeiros

Próximo à Capela de Santa Luzia, outra construção religiosa chama a atenção. A Catedral Metropolitana de Vitória começou a ser construída em 1920 e só foi concluída em 1970. O projeto inicial era de Paulo Motta, o mesmo que idealizou o Parque Moscoso, e foi se modificando com o passar dos anos, tendo recebido colaboração de vários artistas e arquitetos. A catedral tem estilo eclético (mistura de estilos) e neogótico (com referência à arquitetura gótica da Europa na Idade Média) como muitas igrejas no Brasil.

"A ideia era recuperar o gótico em um local que não viveu a Idade Média, como o Brasil. A catedral é exemplar com relação a isso. É um marco da paisagem, mesmo não sendo uma arquitetura autentica. Trazendo o estilo de outro lugar e outra época você importa e faz analogia com outro local e outra época, em que o cristianismo era muito forte", explica Tarcísio Bahia.

3 - Basílica de Santo Antônio

Basílica
Santuário Basílica de Santo Antônio. Crédito: Carlos Alberto Silva

Ainda no cenário religioso ligado à Igreja Católica, a Basílica de Santo Antônio, no bairro de mesmo nome, guarda um segredo curioso. A planta baixa do prédio (desenho da construção) é inspirado em um projeto do artista e inventor italiano Leonardo Da Vinci. Diferente da maioria das igrejas góticas, cuja planta faz referência a uma cruz latina (com o traço horizontal cruzando a parte superior da haste), a Basílica tem formato de cruz grega (com o traço horizontal passando pelo meio do traço vertical). "Há poucas igrejas, mesmo na Europa, com esse modelo", aponta o arquiteto.

4 - Colégio Estadual

Colégio Estadual
Colégio Estadual é um marco da arquitetura moderna. Crédito: Carlos Alberto Silva

Muitos moradores de Vitória passaram anos nos corredores do Colégio Estadual, no Forte São João, sem saber que o prédio é um marco da arquitetura moderna. Projetado por Élio Vianna, a edificação com faixas verticais na fachada trouxe o modernismo para o Estado. "Todos que estudam arquitetura moderna no Brasil deveriam conhecer", diz Tarcísio, que também é professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Élio Vianna projetou cerca de 50 prédios educacionais no Estado. Um deles é o antigo Politécnico, hoje Casa do Cidadão, em Maruípe.

5 - Palácio do Café

Palácio do Café, Vitória
Palácio do Café tem elevadores panorâmicos. Crédito: Ricardo Medeiros

O aterro da Comdusa, que formou o bairro Enseada do Suá, é a base para outro prédio icônico destacado pelo especialista: o Palácio do Café. Com projeto de Carlos Alberto Vivácqua, também responsável pelos prédios da Rede Gazeta e da Prefeitura de Vitória, o edifício tem arquitetura impactante. "Ele inaugura uma transição do final do modernismo para a arquitetura mais contemporânea. Como primeiro edifício de altura ali naquela esplanada, é um marco na paisagem", destaca o arquiteto. Os elevadores panorâmicos foram "ponto turístico" da cidade durante muito tempo.

6 - Rodoviária de Vitória

Rodoviária de Vitória
Cobertura elevada, sem paredes, é destaque na Rodoviária de Vitória. Crédito: Vitor Jubini

A Rodoviária de Vitória, com sua grande cobertura elevada, sem paredes e sustentada por pilares é um exemplo da arquitetura modernista na paisagem da Capital. O prédio foi projetado por Carlos Maximiliano Fayet, arquiteto gaúcho muito importante para o movimento no Brasil. "Um dos princípios do modernismo era de liberdade espacial. Com a estrutura espacial leve, dá uma ideia de liberdade. Você está saindo de um lugar e pode ir para outro", explica Tarcísio.

7 - Atlântica Ville

Conjunto Atlantica Ville
Prédios do Atlântica Ville foram projetados com a ideia de economia de recursos. Crédito: Vitor Jubini

Do lado oposto à Rodoviária de Vitória na cidade, está um conjunto habitacional que é praticamente um bairro: Atlântica Ville. O projeto do condomínio foi inspirado no arquiteto suíço-francês Le Corbusier, para muitos o maior nome do modernismo no mundo. Originalmente, os prédios situados em Jardim Camburi foram projetados com a ideia de economia de recursos, de integração entre os moradores e com aparência mais "lisa", sem adornos.

8 - Biblioteca da Ufes

Prédio da biblioteca da Ufes, Vitória
Prédio da Biblioteca da Ufes é todo de concreto aparente. Crédito: Ricardo Medeiros

A Biblioteca da Ufes foi projetada pelo arquiteto José Galbinski, original de Brasília e que também é responsável por diversos prédios da Universidade Federal de Brasília (UNB). Todo de concreto aparente, o edifício carrega a ideia de modernismo, da arquitetura brutalista, que surgiu com o fim da Segunda Guerra Mundial. "Ele é todo aberto de um lado a outro e só as estantes de livros bloqueiam a visão. A ideia é de que pudesse ter liberdade. Ao mesmo tempo, o prédio é localizado no ponto central do campus. A biblioteca é o coração da universidade."

9 - Shopping Vitória

Shopping Vitória, Vitória
Shopping Vitória tem elementos inovadores. Crédito: Ricardo Medeiros

Primeiro shopping da cidade, o Shopping Vitória foi projetado pelo escritório Coutinho Diegues Cordeiro Arquitetos, que recentemente assinou o desenho da NeoQuímica Arena, estádio do Corinthians, em São Paulo. O shopping, que completou 30 anos de inauguração em 2023, tem elementos inovadores para a época, como as aberturas no teto que permitem a entrada de luz natural.

10 - Aeroporto de Vitória

Aeroporto de Vitória
Aeroporto de Vitória ajudou a modernizar a conexão da Capital ao resto do país . Crédito: Carlos Alberto Silva

Demanda antiga da população, o novo Aeroporto de Vitória ajudou a modernizar a conexão da Capital ao resto do país e do mundo. O projeto é do mesmo escritório de arquitetura que fez o aeroporto de Confins, em Belo Horizonte (MG), e chama a atenção pela parede de vidro com vista para o Mestre Álvaro. "Não tínhamos aeroporto que fizesse jus à cidade e ele ficou com uma cara bacana. Não é grande porque a cidade não é grande, mas não deve nada em termos de conforto e estética aos demais aeroportos", avalia o arquiteto Tarcísio Bahia.

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