Se no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) um dos principais desafios dos estudantes é a luta contra o cansaço, com até cinco horas e meia de duração, a prova de Linguagens e suas tecnologias coloca isso ainda mais à prova. As questões da matéria reúnem textos longos — pelo menos um para cada uma das 45 questões — e engloba tanto textos verbais, quanto não verbais e mistos. Com o objetivo de contribuir para a preparação das quase 3,4 milhões de pessoas inscritas, sendo cerca de 62,1 mil no Espírito Santo, a reportagem de A Gazeta procurou especialistas para explicarem o perfil da prova e como lidar com ela.
A área de Linguagens garante aos alunos uma pontuação que vai de 0 a 1.000 pontos e acontece neste domingo, 13, assim como a prova de Ciências Humanas e a redação. Além das perguntas de Língua Portuguesa, o teste também trata de outros tipos de linguagens, objetos de conhecimentos das línguas estrangeiras (inglês ou espanhol), Artes e Educação Física.
Nas questões, o estudante deve compreender as diversas linguagens — verbais e não verbais, artes visuais, manifestações corporais, música, por exemplo — como integrantes de sua identidade e do patrimônio cultural do Brasil. A interpretação de textos, no entanto, se destaca entre as demais pela quantidade de questões que exigem essa competência.
Normalmente, as questões costumam ser acompanhadas por textos grandes que, segundo Marcela Amaral, professora de Língua Portuguesa das turmas de pré-vestibular do Centro Educacional UP, dão ao aluno um contexto, que deve ser interpretado para se chegar à resposta correta.
Por isso, durante a resolução, Marcela recomenda que os alunos leiam o enunciado — o texto que antecede as alternativas de resposta — antes mesmo do texto-base para a questão. “Assim, você já lê o texto sabendo o que tem que responder. Como é uma prova muito grande, é uma dica para ganhar tempo”, sugere a professora.
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As questões de gramática são aplicadas levando-se em conta o contexto e também podem ser exigidas indiretamente em questões de interpretação textual. O mesmo serve para Literatura: apesar de não haver muitas questões, o aluno precisa conhecer sobre o assunto para interpretar textos literários. Os objetos de conhecimento se misturam entre as questões na maior parte dos casos.
Em relação à resolução das questões, a prova de Linguagens segue a mesma ideia das outras: o foco deve ser nas questões fáceis. O aluno também deve estar atento aos distratores, que são as alternativas que o confundem por parecerem muito corretas, mas, que no fim, não respondem o enunciado.
A coordenadora da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias do Colégio Salesiano de Jardim Camburi, Roseana Mezzadri Dusi, reforça que o tempo de resolução é o que deve ser considerado para saber se uma questão é fácil ou difícil. Uma questão demorada provavelmente é uma questão difícil para o candidato.
As matrizes de referência são utilizadas para organizar as competências e habilidades que serão exigidas dos estudantes durante a realização da prova. Na área de Linguagens, são exigidas 9 competências:
Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida.
Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) como instrumento de acesso a informações e a outras culturas e grupos sociais.
Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da identidade.
Compreender a arte como saber cultural e estético, gerador de significação e integrador da organização do mundo e da própria identidade.
Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção.
Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.
Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.
Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade.
Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação na sua vida pessoal e social, no desenvolvimento do conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte, às demais tecnologias, aos processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar.
Quem deseja mais detalhes sobre as competências, objetos de conhecimento e habilidades exigidas pelo Enem pode conferir a matriz de correção completa em um documento disponibilizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
O Enem utiliza o método de Teoria de Resposta ao Item (TRI) como base para o cálculo das notas. Ele considera três fatores antes de calcular o desempenho dos alunos:
A nota final leva em consideração a coerência das pessoas em relação aos três pontos e é calculada por computador. É por conta do TRI que existe a possibilidade de dois alunos que acertaram o mesmo número de questões poderem tirar notas diferentes.
Por exemplo: João e Maria acertaram 5 questões. João acertou 4 questões fáceis e 1 difícil. Como o seu desempenho foi mais coerente, sua nota será maior. Maria, por sua vez, acertou 4 difíceis e 1 fácil. Sua nota será menor, pois segundo o cálculo de TRI, o acerto de mais questões difíceis em relação às fáceis conta como “chute”.
O Enem é utilizado por quem deseja entrar no ensino superior do Brasil. A edição de 2022 vai acontecer nos próximos dois domingos: dias 13 e 20 de novembro.
As provas têm uma pontuação que vai de 0 a 1.000, com base no número e dificuldade das questões acertadas. O mesmo vale para a redação, que tem como critério a correção do texto. A nota do Enem pode ser utilizada no Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Nele, a nota do Enem é utilizada para concorrer em vestibulares por todo o país.
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