Por 21 dias a serem contados a partir desta segunda-feira (15), estão suspensas as aulas presenciais para os alunos da educação infantil das redes públicas e privadas, que compreende a faixa etária de 0 a 5 anos. A decisão, anunciada no domingo (14), em coletiva de imprensa dos secretários estaduais da Saúde, Nésio Fernandes, e da Educação, Vítor de Angelo, foi tomada em um momento em que a pandemia avança em todo território nacional, e, consequentemente, também no Espírito Santo.
Segundo Nésio Fernandes, houve um aumento repentino no número de internações em leitos pediátricos no Espírito Santo, o que também motivou a decisão de suspender as atividades escolares. O secretário de Saúde explicou que esse índice atingiu 90%, não apenas por conta da Covid-19, mas também por outros agentes infecciosos, como a gripe comum.
"Com o aumento da circulação não só da Covid-19, temos a circulação de outro agente endêmico que se manifesta nesta época do ano. E em virtude do aumento rápido das doenças respiratórias, foi construída a posição de suspender a educação de ensino até os 5 anos na rede pública e particular do Estado", explicou.
O infectologia pediátrico, Pedro Massaroni Peçanha, explica que com a proximidade do inverno, é mais comum a infecção de crianças, principalmente bebês, pelo vírus da Influenza, pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e, agora, também pelo novo coronavírus.
“Apesar de ser incomum a evolução de quadros mais graves da covid-19 em crianças de até 05 anos de idade, outras doenças, que são transmitidas da mesma forma, também podem levá-los a necessidade de internação. Por isso, a não aglomeração é importante não só para as crianças, mas também para os seus pais, que, muitas vezes, saem e levam o vírus para dentro de casa”, explica.
Peçanha destaca que a partir dessa idade a resposta do organismo da criança é melhor diante dessas doenças, diminuindo a possibilidade de internação. "Os bebês são aqueles que, geralmente, apresentam quadros mais graves. E vale lembrar que eles ainda não têm idade para frequentar creches. Logo, são os adultos que transmitem as infecções", explica.
O infectologista acrescenta ainda que as internações pediátricas devido ao período de sazonalidade entre o verão e o inverno começaram mais cedo neste ano, diferente de 2020, quando as pessoas respeitavam mais as medidas de distanciamento social.
Quem também é a favor de acentuar as medidas de restrição é o pediatra e coordenador da Região Sudeste da Sociedade Brasileira de Pediatria, Rodrigo Aboudib. Segundo o médico, a decisão de suspender as atividades de ensino para crianças de até 5 anos foi acertada, mas deve ser combinada com outras restrições.
“O Governo está receoso de que, em razão da pandemia da Covid-19, a rede hospitalar entre em colapso. É preciso da cooperação de todos, porque não vai adiantar suspender as aulas e deixar as crianças no parquinho. O que vemos agora é um surto de outros vírus respiratórios nas crianças, que podem ser confundidas inicialmente com a Covid-19. É preciso preservá-las para garantir o atendimento para todas”, salienta.
As doenças sazonais representam o conjunto de disfunções típicas de uma determinada época do ano. O outono e o inverno, que marcam o início e a chegada oficial do frio, agravam, principalmente, as disfunções respiratórias e as alergias, tanto em adultos quanto em crianças. No caso das crianças de 0 a 5 anos, elas são mais suscetíveis a desenvolverem quadros graves de doenças como a gripe, causada pelo vírus Influenza, e a Síndrome Inflamatória Multissistêmica, provocada pelo vírus sincicial respiratório (VSR).
Uma das infecções respiratórias que podem acometer as crianças é causada pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR), que tem os sintomas semelhantes ao da Covid-19, podendo ser facilmente confundida. Para receber o diagnóstico dessa doença, a criança precisa realizar exames adicionais para descartar outros agentes infecciosos, inclusive para identificar a infecção ou não pelo coronavírus. Até isso acontecer, é necessário isolar o paciente que se encontra em suspeita e, consequentemente, aumentar o seu tempo de internação.
Segundo o governo do Estado, a taxa de ocupação de leitos pediátricos públicos no Estado do Espírito Santo está operando com taxas superiores a 90% há duas semanas. Esse aumento repentino também é causado por outros agentes infecciosos que podem ser transmitidos da mesma forma, com a aglomeração de pessoas. A medida pretende controlar o número de internações e impedir um colapso na rede hospitalar.
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