Os leitos infantis de Unidade de Tratamento Intensivo (UTIs) para crianças com Covid-19 atingiu 90% de ocupação, fato que levou o governo estadual a baixar uma portaria suspendendo as aulas de meninos e meninas com idade entre 0 e 5 anos de idade, no domingo (14). Somados ao novo coronavírus, a portaria aponta mais dois vírus que atingem crianças, que demandam UTIs e que justificam a volta à totalidade das atividades remotas escolares.
As três doenças citadas pela portaria realizada pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), juntamente com a Secretaria Estadual de Educação (Sedu) são a Covid-19, a bronquiolite e a gripe influenza, todas derivadas de vírus.
O pediatra da Rede Meridional, Lincoln Bertholi, descreve que o vírus da bronquiolite e da influenza provocam doenças respiratórias sazonais, ou seja, em determinado período do ano. "Assim como a gastroenterite tem ocorrência maior no verão, essas doenças respiratórias estão relacionadas com a época do ano", pontua.
Provocada pelo vírus sincicial respiratório (VSR), a bronquiolite costuma contagiar as crianças nos meses de março, abril, maio e junho. "Nesses meses há um aumento significativo desses vírus em crianças e em recém-nascidos. Na faixa etária de 0 a 2 anos ela apresenta uma gravidade e pode levar a morte. Quanto menor a criança mais grave pode ser o quadro, apesar de parecer um resfriado bobo quando surge", explicou o pediatra.
É uma doença respiratória e que se assemelha com uma gripe forte, porém, se agrava com o tempo. Confira os sintomas:
O médico Lincoln Bertholi explica que a bronquiolite tem sintomas bem semelhantes à Covid-19, apesar de atingir especificamente o sistema respiratório, exclusividade que já se sabe que a Covid-19 não possui, podendo atingir outros órgãos.
"Todos os anos as UTIs infantis ficam cheias neste período do ano devido à bronquiolite. No entanto, ano passado, nesta mesma época estávamos com as escolas fechadas e grande parte da população em isolamento. Houve um movimento atípico de ocupação, em que pouquíssimas crianças demandaram os leitos em decorrência da bronquiolite. Agora, com a volta das aglomerações, o vírus voltou a circular e tende a trazer uma demanda grande de leitos novamente", detalhou.
A gripe provocada pela vírus influenza também afeta crianças, assim como os idosos, que também são faixas mais vulneráveis a esse tipo viral. Também apresentando sintomas de resfriado, a gripe da influenza pode se agravar, apesar de menor escala.
"A influenza também pode levar à necessidade de oxigênio. No entanto, como já temos vacina contra esse vírus, ela ocorre menos e também o risco de gravidade é menor. Tanto a influenza quanto a bronquiolite podem ser dectadas com um exame de painel viral e a Covid-19 pelo swab", pontua o pediatra.
São sintomas comuns da gripe influenza:
"É um vírus agressivo e que pode levar a um estágio grave devido a dano ao pulmão provocado pelo influenza", descreveu o médico.
Ao mesmo tempo que essas duas doenças já conhecidas da população se espalham, a Covid-19 também se mostra presente entre os pequenos. Com danos que vão além do sistema respiratório, a infecção pelo coronavírus pode levar meninos e meninas a necessitar do suporte de ventilação mecânica, oxigênio, sedação e todos os demais aparatos das UTIs. Sintomas mais comuns:
"A pandemia se espalha e em breve vamos chegar ao pico da infecção pela bronquiolite, o que no Espírito Santo, chega aparentemente mais cedo do que no resto do país, acredito que pelo clima. Temos uma quantidade pequena de leitos de UTIs pediátricas e nos preocupa cada vez mais. Vírus não é brincadeira e não há um remédio específico", observa o pediatra Bertholi.
Os sintomas são muito semelhantes em crianças e evoluem de forma rápida. "Acontece dos pais levarem a criança ao médico, ele examina e sugere ir para casa pois se o quadro não é grave não tem muito o que fazer, mas depois vai piorar o quadro devido à evolução da doença, que é bem rápida", chamou atenção o pediatra.
Lincoln Bertholi orienta os responsáveis a ter bom senso. "Observar sinais de gravidade, o peito da criança quando afunda na hora de respirar, o nariz que fica balançando, não consegue se alimentar, a frequência respiratória fica elevada. A família deve correr para o hospital.", enfatizou.
Mas o mais importante, segundo o médico, é evitar o contato com pessoas que já possuem qualquer um desses vírus.
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