Há um ano, quando a pandemia de Covid-19 foi declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), cientistas ao redor do mundo começaram a se empenhar no desenvolvimento de vacinas eficazes contra a doença. Agora, com a vacinação em curso, a preocupação da comunidade científica é sobre a eficácia das ampolas já aprovadas para o uso emergencial diante do surgimento de novas cepas, que, de acordo com estudos, se mostram mais transmissíveis e letais.
No Brasil, duas vacinas estão disponíveis até o momento para a população: a CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan com o laboratório chinês Sinovac, e a AstraZeneca, desenvolvida pela Universidade de Oxford com a Fiocruz. Aprovadas no dia 17 de janeiro deste ano pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os imunizantes foram desenvolvidos de maneiras diferentes.
A vacina CoronaVac foi fabricada com o vírus inativo, que estimula a resposta imune capaz de proteger o organismo contra o novo coronavírus. O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, informou que a CoronaVac produz anticorpos contra as variantes identificadas no Reino Unido, na África do Sul e no Brasil, conforme pesquisa realizada por cientistas do Instituto Butantan e da USP, no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB).
Já a vacina AstraZeneca foi fabricada com uma tecnologia conhecida como vetor viral não replicante. Por isso, utiliza um "vírus vivo", como um adenovírus, que não tem capacidade de se replicar no organismo humano ou prejudicar a saúde. Dados preliminares de um estudo feito pela Universidade de Oxford e pela AstraZeneca também indicam que a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela farmacêutica e pela universidade britânica induz uma resposta imunológica adequada contra a variante de Manaus.
O infectologista e presidente da Sociedade de Infectologia do Espírito Santo, Alexandre Rodrigues, explica que os estudos divulgados até o momento são positivos ao enfrentamento de novas variantes. Segundo o médico, as vacinas estimulam o sistema imunológico humano a produzir anticorpos contra a estrutura viral do coronavírus e conseguem ainda identificar e combater algumas de suas variações.
“As mutações conservam a estrutura parecida com o vírus Sars-Cov-2, mas têm mudanças específicas em seu DNA. Dessa forma, a vacina é fundamental para reconhecer aquele corpo inimigo e tentar eliminá-lo, melhorando a resposta do organismo contra a covid-19. Ou seja, mesmo que a pessoa seja infectada por uma variante do vírus, as chances dela desenvolver um quadro grave da doença é menor do que se ela não tivesse recebido as ampolas de imunização”, explica.
A pneumologista Cilea Martins lembra que vacina não é tratamento ou cura para nenhuma doença, mas uma prevenção e estimulação do organismo para o desenvolvimento de anticorpos. “Nenhuma vacina oferece 100% de proteção e não quer dizer que a pessoa não poderá ser infectada. No entanto, elas são fundamentais para o ser humano desenvolver um mecanismo de defesa para o coronavírus, atacando-o na fase inicial sem permitir o desenvolvimento da doença para a fase aguda, quando a pessoa precisa ser internada e até entubada”, detalha.
Devido a possibilidade de ser infectado mesmo ao tomar a vacina contra a covid-19, o infectologista e professor da Universidade Federal do Espírito Santo, Crispim Cerutti Junior, alerta sobre a importância de manter os protocolos de prevenção e higienização após a aplicação das ampolas.
“Estudos já indicam que as variantes são potencialmente mais transmissíveis, e outros já começam a trazer evidências que também são mais letais. A vacinação em massa precisa estar combinada com a manutenção dos protocolos de prevenção, como o distanciamento social, o uso de máscara e o uso de álcool em gel”, destaca.
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