O Espírito Santo registrou 502.887 casos confirmados de contaminação por Covid-19 nesta quarta-feira (15), após ultrapassar a marca de meio milhão de infectados na véspera. O indesejável número foi alcançado 15 meses após a primeira notificação oficial, datada no dia 26 de fevereiro do ano passado, em Vila Velha.
Na opinião de Pablo Lira, membro do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE) e diretor de Integração e Projetos Especiais do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), os números refletem a agressividade da doença.
Sobre os dados locais, Lira ressaltou que as confirmações estão relacionadas à capacidade de testagem de casos suspeitos no Estado. Segundo ele, o Espirito Santo realiza 373.701 testes para cada um milhão de habitantes. No Brasil, são 237.392.
"A gente tem que fazer uma ressalva de que o Espírito Santo é um dos estados que apresentam a maior taxa de testagem por um milhão de habitantes. Ou seja, tem estados que se encontram numa situação de subnotificação porque testa pouco", observou.
Por outro lado, a pós-doutora em Epidemiologia, pesquisadora e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ethel Maciel, destaca que o número pode ser superior ao apontado no Painel Covid-19 nesta terça-feira (15).
Ethel destaca que no ano passado, com as definições de testagem por faixa etária, comorbidades e aparecimento de sintomas, muitas pessoas ficaram sem o diagnóstico positivo para Covid-19, sobretudo quando estavam assintomáticas.
"Nós investimos pouco em prevenção. E a prevenção significa testar muito. Testar inclusive pessoas que não estão doentes, que não tem sintomas. E quando se investiga um caso, teria que, necessariamente, investigar todos os contatos. Ainda que o Espírito Santo seja um dos estados que mais esteja testando, ainda é muito pouco. Nós testamos basicamente as pessoas que chegam nas unidades de saúde e que apresentam algum sintoma", enfatiza a pesquisadora.
Como ações positivas, Ethel mencionou a realização dos inquéritos epidemiológicos, que apresentavam uma estimativa do índice de contaminação, e a criação do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE), que reúne especialistas do governo do Estado e da Ufes para analisar os dados e auxiliar na formação de políticas públicas para combater o vírus.
Dados extraídos do Painel Covid-19 no início da tarde desta terça-feira indicam que as mulheres representam 53,98% das pessoas infectadas, os homens são 45,99% dos doentes. A faixa etária mais atingida é a de 30 a 39 anos, com 23,9% das ocorrências.
As cinco cidades com mais pacientes são Serra, Vila Velha, Cariacica, Vitória e Cachoeiro de Itapemirim. Já os bairros com mais casos são Jardim Camburi, Jardim da Penha e Praia do Canto, em Vitória, e Praia de Itaparica e Praia da Costa, em Vila Velha.
Desde o primeiro caso confirmado de Covid-19, oficializado pelo governo do Estado no dia 26 de fevereiro de 2020, o Espírito Santo já enfrentou três fases de expansão da pandemia nos municípios capixabas. Para analisar os diferentes momentos, Pablo Lira usa como indicador a média móvel de óbitos dos últimos 14 dias.
Para evitar a chegada da quarta fase de expansão, Lira reafirma a importância da vacinação, do mapa e da matriz de risco, além da conscientização da população quanto ao uso de máscara, higiene das mãos e manutenção do distanciamento social.
"Percebemos que nessas três fases de expansão e na redução casos e óbitos, o mapa de risco foi o instrumento que orientou o comportamento da população, as ações do poder público e da iniciativa privada", disse.
Considerando o primeiro caso confirmado, o pico da primeira fase de expansão da pandemia foi registrado no dia 21 de junho de 2020, quando a média móvel de óbitos (14 dias) era 37. Nesse período, a Covid-19 havia se estabelecido em Vitória e Vila Velha. Em seguida, se expandiu para os demais municípios da Grande Vitória e as cidades do interior. A redução foi entre julho e dezembro de 2020.
Aconteceu de outubro até o dia 29 de dezembro de 2020, quando o Estado teve o pico de 28,64 na média móvel de óbitos (14 dias). Nesta fase, o aumento do número de casos foi influenciado pelas pessoas infectadas nos municípios do interior. Foi quando a pandemia chegou, de fato, nas cidades de menor porte como Alfredo Chaves e São José do Calçado.
Pablo Lira é taxativo: "a terceira fase foi o pior do momento da pandemia no Estado e no Brasil". O crescimento passou a ser percebido a partir da segunda quinzena de fevereiro, teve o pico quando registrou média móvel de óbitos de 74,93 (14 dias), no dia 19 de abril. Os municípios da Grande Vitória somaram o maior número de casos. A chegada da variante inglesa, mais infecciosa e mais letal, aliada ao aumento de pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), influenciaram no avanço da pandemia durante esse período.
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