Identificada pela primeira vez em outubro de 2020 na índia, a variante Delta do coronavírus é considerada pela comunidade médica e científica mais contagiosa e com maior potencial agressivo em pessoas vacinadas com apenas uma dose da vacina. No Espírito Santo, segundo anúncio do governador Renato Casagrande nas redes sociais, sete casos foram confirmados pelo Ministério da Saúde, o que coloca o Estado em alerta.
Devido ao seu potencial agressivo, alguns países, como Estados Unidos, Israel, entre outros da Europa, retornaram com medidas de restrições, além da obrigatoriedade do uso de máscara mesmo nas pessoas que já foram vacinadas.
A nova cepa é tão contagiosa quanto a catapora, provavelmente provoca uma doença mais séria do que as anteriores e os casos entre vacinados podem ser tão transmissíveis quanto entre os não vacinados, segundo documentos dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC).
Para o professor Daniel Gomes, doutor em Imunologia da Universidade Federal do Espírito Santo, a Delta pode piorar o cenário da pandemia não apenas no Espírito Santo, que apresenta queda de número de casos e de óbitos nas últimas semanas, mas em todo o Brasil.
“A Delta apresenta mutações que fazem com que ela tenha uma maior transmissibilidade até em ambientes abertos. Isso tem impacto nas atividades sociais. No momento, as pessoas organizam encontros com a justificativa de que estão em áreas abertas e ventiladas. Com essa variante, isso não adianta porque o risco de contaminação também existe”, explica.
Em entrevista à CBN Vitória, o governador Renato Casagrande disse que medidas restritivas podem ser adotadas caso a chegada da variante Delta no Estado provoque uma crise no sistema de saúde capixaba.
Para Casagrande, a cobertura vacinal contra Covid-19 que o Espírito Santo tem atualmente vai impedir que novos surtos da doença aconteçam. De acordo com o Painel Covid-19, atualizado pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), até o dia 11 de agosto, 23,65% da população adulta do Espírito Santo estavam com o esquema vacinal completo, e 51,87% receberam a aplicação da primeira dose da vacina contra Covid-19.
“Acreditamos que o percentual de pessoas imunizadas no Espírito Santo impedirá uma crise maior como aconteceu no momento mais crítico da pandemia aqui no Estado, em que chegamos a uma média móvel de 76 óbitos por dia”.
Sobre as medidas de restrição que podem ser adotadas, a primeira, segundo Casagrande, é reforçar a importância do uso da máscara e a fiscalização para evitar as aglomerações.
“Se o Estado sofrer um aumento de contágio por Covid-19, temos outras medidas de restrição antes de chegar ao fechamento das escolas. Já tivemos muitos prejuízos no aprendizado em 2020 e 2021 e não queremos dar um passo para trás. Hoje temos as escolas funcionando, professores vacinados, os estudantes indo às aulas presencialmente em dias alternados e o cumprimento de protocolos, como o distanciamento social e o uso de álcool em gel”.
Para conter o avanço da variante Delta no Espírito Santo e no país, o infectologista Lauro Ferreira Pinto, salienta que é preciso combinar a imunização completa com a manutenção dos cuidados básicos para evitar a Covid-19.
“A variante Delta é extremamente mais contagiosa e se transmite com muito menos contato. Por isso, o uso correto das máscaras, tampando a boca e o nariz, e evitar as aglomerações são fundamentais para conter a sua circulação. Também é preciso lembrar que as pessoas devem completar o seu esquema vacinal, com as duas doses da vacina, o que não vai evitar a contaminação pela doença, mas vai evitar que evolua para um quadro grave de Covid-19”, pontua.
A Delta, uma das variantes do Sars-CoV-2, foi detectada pela primeira na Índia, em outubro de 2020, no estado de Maharashtra. A nova cepa, pertencente à linhagem B.1.617.2, apresenta mutações genéticas múltiplas que a tornam mais transmissível, e, desde então, já foi identificada em mais de 130 países, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Segundo a professora doutora em Epidemiologia Ethel Maciel, a variante Delta é mais transmissível que todas as outras cepas já identificadas no Espírito Santo. “Quando uma pessoa está contaminada pelo Sars-Cov-2, ela transmite para uma ou duas pessoas. Com a variante Gama, que foi descoberta em Manaus, a transmissão ocorre em até quatro pessoas. A Delta, no entanto, tem a maior transmissibilidade: um infectado pode contaminar entre cinco e oito pessoas, por isso é tão preocupante”.
Segundo o professor Daniel Gomes, doutor em Imunologia, estudos mostram que pacientes infectados disponibilizam mais vírus no ambiente. “Dessa forma, temos pessoas com mais carga viral, expelindo o vírus, e tornando os locais onde elas estão com maior potencial de transmissão. A Delta precisa de pouquíssimo contato para infectar alguém, e por isso é tão transmissível. O fato dela ter maior carga viral vem contribuir para a sua alta transmissibilidade”, explica.
Um estudo inicial do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) já indicou que a variante Delta tende a provocar casos mais graves entre não vacinados, se comparada a outras variantes e à cepa original. Além disso, o professor Daniel Gomes também salienta que as mutações sofridas pela cepa indiana garantem maior resistência ao sistema imunológico. “A Delta também tem grande capacidade de manifestar a doença de forma mais grave em indivíduos vacinados com apenas uma dose. As pessoas do grupo de risco da Covid-19 também são mais suscetíveis a desenvolver um quadro mais grave da doença, caso não estejam com o esquema vacinal completo”, salienta.
De acordo com o infectologista Lauro Ferreira Pinto, os principais sinais e sintomas são febre, dor de cabeça, coriza e dor de garganta. Com a variante delta, os casos têm menor ocorrência de tosse e perda de paladar e olfato." Esse quadro pode ser confundido com um resfriado comum, o que acaba levando muitas pessoas a não procurar atendimento e à possibilidade de contaminar outras sem saber que estão com covid. É importante fazer os testes de detecção para estabelecer o diagnóstico correto", pontua o médico.
As vacinas são capazes de abrandar a força dessa nova variante, no mínimo parcialmente. Todas elas conseguem evitar o aumento do número de casos graves, frisando a necessidade de aplicação da segunda dose —com exceção da vacina da Janssen, que é dose única. Segundo a epidemiologista Ethel Maciel, as pessoas que já receberam o esquema completo de vacinação e venham a ser contaminadas pelo vírus, tem maior chances de ter sintomas mais leves. “Por isso é fundamental acelerar o ritmo de vacinação em todo o país”, salienta.
De acordo com o infectologista Lauro Ferreira Pinto, os cuidados são os mesmos em relação às demais variantes do Sars-Cov-2. “Usar máscara, lavar as mãos, passar álcool em gel, manter o distanciamento social e completar o esquema vacinal, de acordo com calendário, sem escolher fabricante são fundamentais para evitar novos surtos de Covid-19 causados pela variante Delta”.
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