A versão da varíola dos macacos em circulação pelo mundo e que se espalha rapidamente tem sintomas que duram de duas a quatro semanas em adultos. Geralmente, a doença não evolui para quadro graves quando os infectados não são crianças. Mas por que os pequenos são tão vulneráveis ao vírus monkeypox? A explicação está no sistema imune ainda imaturo, não preparado para conter a ação desse agente.
Diante desse perigo, especialistas afirmam que é preciso mobilizar esforços para conter a varíola do macaco, declarada emergência de saúde pública internacional pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Segundo a pediatra Bruna de Paula, o vírus monkeypox se aproveita da frágil imunidade para se espalhar com mais força pelo organismo. Crianças muito pequenas e bebês ainda estão com as defesas do corpo se formando, o risco, com isso, é de que a doença crie um quadro sistémico, deixando o infectado bem debilitado.
Além da febre que desidratada uma criança mais rápido que um adulto, a varíola dos macacos abre as portas também para infecções secundárias nas feridas que formam na pele.
Em sua forma endêmica, na África, a doença também é mais severa em crianças. Esse padrão é observado por especialistas, com objetivo de compreender a disseminação global do vírus.
“Por não ser um vírus comum para nós, não temos uma memória imunológica por contato frequente, como a gripe, por exemplo. Por isso, há uma preocupação de como se espalhará na população”, disse Bruna.
Outro grupo que merece atenção é o das grávidas, justamente por serem mais vulneráveis ao contato com o vírus. O monkeypox pode ser transmitido para o feto e, posteriormente, pelo contato íntimo com o bebê.
A pediatra esclarece que, como ainda não há nenhum tratamento específico disponível no Brasil, o ideal é a proteção e a prevenção da doença em crianças.
A médica conta que a varíola do macaco pode parecer com a catapora e que, por isso, pode gerar dúvidas nos pais. Bruna ainda lembra dos cuidados, já conhecidos, que também se aplicam ao monkeypox. “Se estiver doente ou com sintomas, evite visitar, ter contato próximo com a criança”, ressaltou.
Nésio Fernandes, secretário de Estado da Saúde, fez um alerta: “Não se trata de uma doença leve”. De acordo com ele, há uma situação no Brasil de subdiagnóstico, pela baixa oferta de testagem pelo Ministério da Saúde e pela diminuição da percepção de risco de profissionais de saúde.
“Por isso, estamos atualizando novas notas técnicas, oferecendo cursos e atualizações nesta primeira quinzena de agosto”, destacou o secretário.
O Ministério da Saúde emitiu uma nota técnica na qual recomenda o uso de máscaras para mulheres grávidas, lactantes e com bebês recém-nascidos para prevenção contra a varíola dos macacos. O documento, publicado pela pasta na noite de ontem (1), orienta que esse grupo deve usar preservativos em qualquer tipo de contato sexual – principal meio de transmissão da doença.
“Considerando o rápido aumento do número de casos de MPX [monkeypox] no Brasil e no mundo, associado à transmissão por contato direto e, eventualmente, por via aérea, recomenda-se que as gestantes, puérperas e lactantes: mantenham uso de máscaras, principalmente em ambientes com indivíduos potencialmente contaminados com o vírus; usem preservativo em todos os tipos de relações sexuais (oral, vaginal, anal) uma vez que a transmissão pelo contato íntimo tem sido a mais frequente”, ressalta o documento.
As recomendações da pasta alertam que o quadro clínico de gestantes tem características similares ao de outras pessoas. Entretanto, nesse grupo, a gravidade da doença pode ser maior. Além das grávidas, crianças com menos de 8 anos e imunossuprimidos integram o grupo de risco para a varíola dos macacos. Por isso, segundo o documento, os laboratórios devem priorizar o diagnóstico dessas pessoas, "visto que complicações oculares, encefalite e óbito são mais frequentes".
Segundo a nota técnica, gestantes, puérperas e lactantes devem se manter afastadas de pessoas que apresentem febre e lesões cutâneas. Em casos de sintomas suspeitos, elas devem procurar ajuda médica. Para pacientes sintomáticos, a recomendação é manter isolamento por 21 dias e monitorar os sinais da doença. Caso persistam, a orientação é repetir o teste.
Nos casos de gestantes com quadro moderado ou grave de varíola dos macacos, o Ministério da Saúde recomenda que elas sejam hospitalizadas, "levando em consideração maior risco".
A varíola dos macacos é uma doença causada pela infecção com o vírus Monkeypox, que causa sintomas semelhantes aos da varíola. Ela começa com febre, dor de cabeça, dores musculares, exaustão e inchaço dos linfonodos.
Uma erupção geralmente se desenvolve de 1 a 3 dias após o início da febre, aparecendo pela primeira vez no rosto e se espalhando para outras partes do corpo, incluindo mãos e pés. Em alguns casos, pode ser fatal, embora seja tipicamente mais suave do que a varíola. A doença é transmitida para pessoas por vários animais selvagens, como roedores e primatas, mas também pode ser transmitida entre pessoas após contato direto ou indireto.
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