Desde o último domingo (30), moradores de diversas regiões da Bahia puderam vivenciar uma adversidade assustadora da natureza. Nas últimas 24h, o Estado registrou cerca de 11 atividades sísmicas. A mais forte aconteceu em Amargosa, cidade que fica no Recôncavo Baiano. Mas pelo Espírito Santo ter a Bahia como vizinha, o capixaba deve se preocupar do mesmo acontecer por aqui? A reportagem de A Gazeta foi atrás da resposta.
No mês passado, precisamente no dia 2 de julho, os capixabas puderam sentir um tremor na região de Maruípe que, segundo especialistas, só foi percebido por ter ocorrido em uma área de grande concentração populacional. Em breve entrevista à Rádio CBN Vitória (92,5 FM) na época, o sismólogo do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo, Bruno Collaço, tranquilizou os moradores da Capital capixaba em relação a danos maiores provocados por tremores de terra. Mas será que algo mudou?
De acordo com a professora e doutora em Geologia, Luiza Bricalli, coordenadora do Laboratório de Neotectônica e Sismológico (LANES) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), podem acontecer no Espírito Santo terremotos como o que aconteceu na Bahia, a despeito do tremor que ocorreu em Vitória no dia 1º de março de 1955 com magnitude 6.1 e do mais recente, que ocorreu no dia 02 de julho com magnitude de 1.9, com epicentro em Maruípe.
"Nos dois casos tivemos relatos de moradores sobre o estrondo e tremor de terra. É importante mencionar que não tem como prever a ocorrência de terremotos devido à dinâmica e peculiaridades geológicas de cada região. O que pode ser destacado é que em regiões de limites de Placas Tectônicas, as magnitudes dos terremotos, geralmente, são mais altas", explicou. Bricalli acrescenta que no Estado capixaba já existiram cerca de 30 terremotos, todos catalogados pelo laboratório em que coordena.
Questionada sobre ser comum o acontecimento de tremores por aqui, a doutora relata que esses tipos de abalos sísmicos nessa região do Brasil é, sim, comum de acontecer. "É importante salientar que a região nordeste é a região sismicamente mais ativa do país, pois as falhas do nordeste são muito ativas e causam acúmulo de stress e liberação na forma de evento sísmico. Em outros locais do país, a reativação é um pouco diferente apesar de também existirem falhas geológicas reativadas, assim como ocorre no Espírito Santo, por exemplo", completou.
Sobre a procedência do fenômeno, a professora Luiza diz que o motivo da ocorrência dos terremotos no Brasil, no Espírito Santo e os que ocorreram ontem (30) e hoje (31) na Bahia, podem estar relacionados às reativações de falhas geológicas, podendo destacar as falhas transversais presentes na Cadeia Meso Atlântica que se prolongam para o continente.
"Além disso, pesquisas científicas indicam que a Placa Sul Americana (onde o Brasil está inserido) está sendo comprimida pela movimentação das Placas Tectônicas. Além disso, é importante mencionar as falhas geológicas presentes nas bacias sedimentares, que é uma área deprimida, de origem tectônica, preenchida por rochas sedimentares (ou sedimentares e vulcânicas), com falhas nas bordas, a despeito do que acontece na regia?o nordeste do Brasil", completou.
O professor e especialista em abalos sísmicos, George Sand Leão Araújo, do Observatório Sismológico da UnB, em Brasília, também confirmou a hipótese de que pode acontecer no Espírito Santo um tremor igual ao maior registrado na Bahia. Ele afirma que, apesar da confirmação, não é possível precisar quando e onde o fenômeno pode aparecer por aqui.
O especialista aproveitou para resgatar o tremor registrado em 2016, na cidade de Aracruz, com magnitude de 3.9. "A possibilidade existe em qualquer lugar do mundo, mas é pequena, remota no Espírito Santo. São magnitudes baixas. No Brasil as coisas são distintas, é um país calmo, então tem um raio maior. O de Aracruz teve um impacto bem interessante. Quanto mais próximo da cidade, maior o impacto", finalizou.
Portanto, por fim, não se sabe quando, onde e nem se vamos presenciar tal fenômeno assustador da natureza. Só os anos vão dizer.
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