O Espírito Santo começa a ver um rápido avanço do número de profissionais da saúde infectados por coronavírus. Dos 1.313 casos da doença no Estado, segundo informações da Secretaria de Saúde divulgados nesta terça-feira (21), 206 são pessoas que trabalham na área. O total de trabalhadores como médicos, enfermeiros, assistentes e auxiliares, além de empregados dos setores de serviços hospitalar, já representa 15% dos registros da nova doença no Estado.
Até segunda-feira, dos 1.212 casos de Covid-19 confirmados, 171 eram entre pessoas que atuam nessa categoria. Representantes dos trabalhadores afirmam que um dos principais problemas enfrentados é a falta de equipamentos de proteção individual.
A Serra é a cidade com mais ocorrências. São 55 pessoas afastadas por causa da infecção. Vila Velha tem 52 casos e Vitoria registrou 51 contaminações.
O detalhamento dos dados foi informado pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) por meio de nota: "A Secretaria da Saúde (Sesa) informa que tem dado suporte para hospitais, municípios e outros órgãos, visando garantir que cada um tenha os equipamentos de proteção necessários para o combate ao novo coronavírus.
Na última semana, o governo iniciou a distribuição de mais de 1 milhão de EPIs para os 78 municípios do Estado. Nesta terça-feira (21) chegaram mais materiais enviados pelo Ministério da Saúde, que são 120 mil máscaras cirúrgicas e 8 mil aventais. Há processo de compra em andamento de 3,500 mil máscaras cirúrgicas e 500 mil máscaras N95, além de aventais. A previsão de entrega é até o início do próximo mês".
O presidente do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo, Otto Baptista, explica que todos os profissionais da saúde devem estar protegidos pela utilização de máscaras, óculos, gorros, aventais e álcool em gel. No entanto, a realidade dos hospitais do Estado é precária, na opinião dele.
"Todos os setores de saúde a nível de Espírito Santo há uma falha de cerca de dois a três itens, na maioria de três itens, que contribui de maneira direta para a contaminação desses profissionais", pontua Otto.
O Conselho Regional de Enfermagem fez vistorias por hospitais e unidades de saúde. A presidente, Andressa Barcellos, afirma que algumas instituições, inclusive, estimulam os funcionários a usar máscaras para além do tempo determinado pelos fabricantes.
Além da melhora dos equipamentos, o Sindicato dos Médicos também solicitou ao governo estadual uma mudança na escala dos profissionais para permitir que eles entrem em quarentena e a testagem de todos eles a cada 15 dias.
"Esse colega trabalha em vários hospitais, em vários plantões, nos seus consultórios e também têm suas famílias. Eles podem estar carregando esse vírus. O risco de contaminação é iminente", alerta Otto.
A testagem geral entre profissionais da saúde também é reivindicada pelo Conselho Regional de Enfermagem.
"No serviço hospitalar nós tempos profissionais da saúde que têm a doença, mas que não a manifestam. É importante testar esses profissionais para saber qual o universo de contaminados e poder implantar políticas de combate à Covid-19", esclarece Andressa.
Mas Andressa pontua que os profissionais ainda precisam receber melhor treinamento para os cuidados específicos com os pacientes de coronavírus, que lhes permita garantir sua própria segurança.
As reivindicações das categorias já foram repassadas ao governo estadual, mas até o momento ainda não houve respostas. Segundo Otto, o governador e a Sesa dizem estar avaliando as solicitações.
A Sesa foi demandada pela reportagem, para falar sobre o assunto, mas não se manifestou até o fechamento dessa matéria.
Com informações do G1 Espírito Santo.
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